Sarau Zalszupin - Utopias Modernistas Brasileiras, na Casa Zalszupin. (Divulgação/Divulgação)
Repórter de Casual
Publicado em 25 de fevereiro de 2023 às 08h00.
Em fevereiro foram inauguradas três mostras que celebram a trajetória de artistas brasileiros. Na Casa Zalszupin, lembranças das produções artísticas do Foto-Cine Clube Bandeirante. Já na Galeria Teo estão em exposição 29 esculturas assinadas por Luiz Carlos Martino da Silva, Caíto e 13 guaches e tapeçaria do artista Marcos Concílio. No Museu de Arte Moderna de São Paulo, a programação de 2023 se inicia com uma exposição que celebra o centenário de Arcangelo Ianelli (1922-2009), artista que dedicou sua pesquisa à busca pela essência da cor e da luz.
Uma provocação. Assim o fotógrafo e gestor cultural Iatã Cannabrava define a articulação entre as obras levadas às paredes da Casa Zalszupin, espaço expositivo mantido em parceria entre a ETEL e a Almeida & Dale Galeria de Arte. “Provocação no melhor sentido da palavra”, diz ele. “Estamos obrigados, nos dias de hoje, a encontrar novos significados para a realidade.”
A intenção deriva de uma aproximação sugerida em seus anos de pesquisa com a produção artística do Foto-Cine Clube Bandeirante, a mais influente organização do período de ouro do movimento fotoclubista nacional (décadas de 1940 e 1950).
Havia muito em comum entre o processo de criação dos fotógrafos modernistas, na busca de elementos mínimos em sua composição, chegando a prescindir da câmera em alguns momentos, e o dos poetas concretos, na recusa ao domínio do verso em benefício da superfície gráfica das palavras, na busca por novos caminhos poéticos. “Não há pretensões semióticas na abordagem, mas o desejo de estimular a intuição de cada um”, diz Iatã. “Por isso a ideia de sarau.”
Entre uma fotografia de José Yalenti e outra de Jean Manzon e o plano-piloto de Brasília; entre uma “Fotoforma” de Geraldo de Barros e os desdobramentos dos poemas-processo de Wlademir Dias Pino e dos livros-objetos de Júlio Plaza e Augusto de Campos; passando por Oscar Niemeyer e o futebol e pela mesinha Pétala e a casa em si do anfitrião Jorge Zalszupin, as aproximações e encontros se dão como em uma festa.
Serviço: R. Dr. Antônio Carlos de Assunção, 138 - Jardim America, São Paulo.
O Museu de Arte Moderna de São Paulo abre a programação de 2023 com uma exposição que celebra o centenário de Arcangelo Ianelli (1922-2009), artista que dedicou sua pesquisa à busca pela essência da cor e da luz.
A trajetória de Ianelli está entrelaçada com a do MAM. Figura assídua desde o início da história do museu, o artista teve sua primeira exposição individual na instituição em 1961, pelas mãos de Mário Pedrosa, e a partir de 1969, participou de seis edições do Panorama de Pintura, sendo premiado em 1973. Em 1978, sua retrospectiva no museu reuniu mais 160 obras e recebeu o prêmio de melhor exposição do ano pela ABCA - Associação Brasileira dos Críticos de Arte.
Rubens Vaz Ianelli, filho do artista, conta que o MAM São Paulo era a segunda casa de seu pai. “Na década de 1970, quando mergulhou na profícua fase da geometria, Ianelli esteve particularmente próximo do MAM São Paulo. Seja através de suas pinturas, que atingiram uma depuração fina ou da sua quase militância como artista dentro do cotidiano do museu. Com frequência, percorria a planta longilínea do museu em longas tardes de conversa com o amigo Paulo Mendes de Almeida, hoje, nome da biblioteca do museu", ele relembra.
“Hoje, passados 45 anos, com sua trajetória agora concluída, retorna a esse mesmo museu sob um novo olhar, propiciando uma nova leitura, inserindo sua obra no panorama contemporâneo da arte”, comenta Kátia Ianelli, filha do artista.
O partido curatorial adotado nesta retrospectiva foi o de privilegiar a coerência da obra de Arcangelo Ianelli, mostrando que no jovem pintor de 1950 já está contido o artista de 1970; que o mural de 1975 abre caminho para a escultura dos anos 1990, e que nesse momento nascem também as grandes pinturas, realizadas até 2000. Para permitir ao visitante a compreensão desse processo, a exposição estabelece um percurso que se inicia com a produção dos anos 1970, retrograda até 1950 e volta traçando o percurso de 1960 a 2000.
Serviço: Museu de Arte Moderna de São Paulo, Sala Milú Vilela. Parque Ibirapuera (Av. Pedro Álvares Cabral, s/nº - Portões 1 e 3). De terça a domingo, das 10h às 18h (com a última entrada às 17h30).
Ingressos: R$25,00 inteira e R$12,50 meia-entrada. Aos domingos, a entrada é gratuita e o visitante pode contribuir com o valor que quiser.
A Galeria Teo realiza a exposição "Caíto: esculturas e Marcos Concílio: guaches e tapeçarias", com curadoria assinada por Ivo Mesquita, até 20 de março. Com o objetivo de valorizar as manifestações artísticas e o patrimônio cultural brasileiro, a mostra reúne preciosa seleção com 29 esculturas assinadas por Luiz Carlos Martino da Silva, Caíto, 13 guaches e tapeçaria do artista Marcos Concílio.
Em reconhecimento à riqueza produzida por Caíto, a mostra presta homenagem ao artista falecido em 2020. Caíto está representado por suas esculturas produzidas em diferentes momentos de vida e influências culturais.
Da construção geométrica à sensualidade orgânica, a exposição revela a versatilidade e a consistência do artista, por meio de obras realizadas com diferentes técnicas, suportes e materiais, inclusive reciclados.
Do pintor e colecionador Marcos Concílio, a série de guaches incorpora a estética das múltiplas coleções que o artista reuniu ao longo de décadas. A estética vibrante e colorida remete às artes indigenistas, afro-brasileiras e da cultura pop dos anos 60.
Serviço: Galeria Teo. Rua João Moura 1298, São Paulo. (11) 3063-1939. Segunda à sexta das 09h às 18h - sábado das 10h às 14h. Entrada gratuita.