O Doutor em dois momentos: na Copa de 1982, quando foi capitão da seleção, e na Copa de 1986 (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 4 de dezembro de 2011 às 17h40.
Sócrates se foi e deixou muitos órfãos. Não só corintianos, de quem foi ídolo a partir de 1978, quando se transferiu para o Timão vindo do Botafogo de Ribeirão Preto. Foi ídolo também de todos aqueles que sabiam apreciar seu futebol elegante, de jogador completo, capaz de marcar gols, armar jogadas, organizar o time e encantar a platéia com seus toques de calcanhar — mesmo não sendo um típico atleta. Além de tudo, foi um ídolo da comunidade internacional do futebol (e fora dele) não só pela sua qualidade como jogador, mas, também, por suas idéias políticas arrojadas que sempre desafiaram o ambiente conservador e patrulhado do futebol.
Além de ser um dos mentores da democracia corintiana, numa época em que a ditadura ainda perseguia seus desafetos, Sócrates exercia seu espírito crítico com a desenvoltura de um intelectual para contestar as instituições conservadoras, a repressão e a intenção de lucro que havia especificamente no futebol. Na Copa de 1986, já considerado um dos melhores jogadores do mundo, surpreendeu a imprensa internacional fazendo críticas aos objetivos comerciais da FIFA na organização do evento. Foi advertido, ameaçado de suspensão e calou-se. Mas sua mensagem consolidou-se mundo afora.
Mesmo morto, Sócrates continuará sendo um dos maiores ídolos da história do Corinthians e do futebol. Sua última partida pelo time, em 3 de junho de 1984, ocorrida por causa da sua transferência para o time italiano da Fiorentina, aconteceu em Juazeiro do Norte, no Ceará, na festa em homenagem aos 50 anos da morte do Padre Cícero. Ironicamente, o jogo foi contra o Vasco da Gama, e o Corinthians venceu a partida por 3 a 0.