Versões topo de linha têm motor 1.5 turbo de 177 cv de potência (Honda/Divulgação)
Gabriel Aguiar
Publicado em 5 de janeiro de 2023 às 15h29.
Última atualização em 5 de janeiro de 2023 às 15h42.
O novo Honda HR-V chegou às lojas em agosto do ano passado com status de carro de luxo. E não foi apenas pela lista de equipamentos mais recheada: o SUV ficou mais caro e já teve outro aumento de preço nesta semana — quando passou de R$ 190 mil na opção Touring. Por outro lado, foi eleito o Mais Confiável do Brasil entre os lançamentos de 2022 e voltou a liderar as vendas da marca por aqui.
Diante de tantas mudanças, decidi conhecer melhor essa nova geração para saber se realmente vale a compra (e o valor cobrado na etiqueta). Para quem não lembra, há três anos, antes de reviravoltas da pandemia, o Audi Q3 custava R$ 188 mil. Mas quer saber? Mesmo considerando essa informação, posso adiantar que o HR-V me surpreendeu positivamente e, daqui para a frente, te digo o porquê.
Em relação ao visual, já não resta quase nada do antecessor, com exceção das maçanetas escondidas na porta traseira. Tanto é que as linhas arredondadas de antes deram lugar ao visual mais reto, com o estilo “caixote esportivo”. Confesso que estranhei quando vi pela primeira vez, por fotos, só que isso é questão de opinião e, com o tempo, passei a admirar o HR-V. Quem andou na carona, aprovou.
Não fosse pela ficha técnica, você talvez achasse que o SUV cresceu, mas é pura ilusão de ótica: ele é praticamente igual à geração anterior e, na verdade, chega a perder um pouco de espaço. Quem for no banco de trás não terá apertos para os joelhos, que se mantêm à distância dos bancos da frente — tenho 1,78 m de altura. Por outro lado, tentar viajar com três adultos será uma missão mais difícil.
Mas a boa notícia é que o acabamento está muito melhor. E olha que o HR-V já era referência para a categoria, muito à frente dos principais rivais. Desta vez, há portas com acabamento emborrachado e diferentes tipos de material, além do painel com superfícies suaves ao toque. É claro que há algumas concessões, como porta-copos de plástico (por isso, vale evitar moedas), mas quase ninguém vê.
Como a qualidade está oculta nos detalhes, dá até para dedicar algum tempo apreciando as batidas da porta, que fecham com solidez de fazer inveja aos luxuosos alemães. Todos os botões funcionam exatamente como deveriam, sem folgas ou movimentos “molengas” — acredite, isso é não é comum em modelos com grande volume de venda —, e o silêncio de rodagem é digno de Mercedes-Benz.
Não fosse pelo logotipo da Honda no volante, daria para confundir o HR-V com algum importado, já que a lista de equipamentos também está à altura das categorias acima: há piloto automático capaz de manter a distância do carro à frente por conta própria; câmera no retrovisor direito para ajudar a manobrar; alerta para saída de faixa; e auto-hold, que libera o pé do freio com o veículo parado.
Na hora de dirigir, surpreende a suavidade do motor 1.5 turbo com 177 cv de potência, que combina perfeitamente ao câmbio automático CVT com simulação de marchas. Quer acelerar mais? Basta dar um toque no seletor de modos de condução e escolher a opção mais esportiva. Para quem prefere a economia de combustível, a média de consumo ficou em 12,5 km/l com gasolina no uso misto.
É tão bom dirigir o Honda HR-V que talvez você nem lembre que o porta-malas também está menor — passou de 437 l para 354 l, pouco maior que hatches de entrada — e que já não existe o teto solar panorâmico. Tanto que eu só conseguia pensar no ar-condicionado com duas zonas de temperatura, na central multimídia com Apple CarPlay sem fio e no carregador por indução para smartphone.
Minha percepção é que não há nada em relação ao conteúdo ou à qualidade que justifique comprar carros mais caros. Está incomodado com o espaço das malas? Existem bancos moduláveis para levar até objetos mais altos dentro da cabine. É verdade que ainda há pontos para melhorar, mas, se você não der importância ao logotipo estampado na chave, talvez nem lembre dos carros importados.