Shakira e Jennifer Lopez foram as cantoras principais no intervalo do Super Bowl de 2020. (Kevin Winter/Getty Images)
Julia Storch
Publicado em 31 de dezembro de 2020 às 11h40.
Última atualização em 31 de dezembro de 2020 às 11h42.
O ano de 2020 acaba hoje, mas não para a indústria da música em espanhol, que desde Ricky Martin, Shakira e o fenômeno “Despacito” de Luis Fonsi, em 2017 vem crescendo cada vez mais. Dos cinco artistas mais ouvidos no Spotify no mundo neste ano, o primeiro e terceiro lugar são ocupados por latinos, Bad Bunny e J Balvin respectivamente.
No começo de dezembro “El Último Tour Del Mundo”, álbum lançado por Bad Bunny em novembro, alcançou o primeiro lugar na Billboard 200. É a primeira vez que um álbum em espanhol conquista o topo das paradas em mais de 64 anos.
Na era do streaming, o disco vendeu 116 mil unidades nos Estados Unidos na semana de lançamento, segundo a Billboard, o número é equivalente a 145,94 milhões de streams. Em março, o cantor porto riqueno alcançou a segunda posição da lista com o álbum “YHLQMDLG”, com 179 mil vendas na primeira semana. Já no Spotify alcançou o primeiro lugar, com 3.3 bilhões de streams, sendo o álbum mais escutado do ano na plataforma.
Segundo dados da Billboard, apenas quatro álbuns cantados totalmente em espanhol alcançaram os cinco primeiros na Billboard 200: “El Último Tour del Mundo” (1º lugar) e “YHLQMDLG” (2º lugar) ambos de Bad Bunny, “Amar es Combatir” do Maná (4º lugar em 2006) e “Oral Fixation: Vol. 1” de Shakira (4º lugar em 2005).
O ano de 2020 também foi ótimo para outros artistas hispanófonos. A espanhola, Rosalía além de se apresentar no Grammy, levou para casa o prêmio na categoria Melhor Álbum Latino de Rock, Urban ou Alternativo por “El Mal Querer”. Alejandro Sanz, veterano na premiação desde o início do milênio, também levou para casa o troféu pelo melhor álbum pop latino por “#ElDisco”.
Em fevereiro, o tão aguardado show do intervalo do Super Bowl teve ninguém menos que Shakira e Jennifer Lopez com a participação de J Balvin e Bad Bunny. No ano em que Donald Trump foi derrotado, o show foi uma crítica ao presidente, sua política de imigração e prisão de crianças e adultos imigrantes no país.
Parece que o jogo está se invertendo. Antes, para que os artistas latinos fizessem sucesso, era preciso se adaptar e cantar em inglês. Agora, para alcançar o topo das paradas, artistas se unem aos latinos para lançarem músicas em conjunto. Isso não é exclusivo para os cantores de língua inglesa, no Brasil, artistas como Anitta já fez parceria com Maluma, J Balvin, Ozuna e Sofía Reyes. A cantora brasileira também lançou em 2019, um álbum trilíngue em português, espanhol e inglês. Em 2018, a carioca também foi jurada da versão mexicana do reality show The Voice.
Além de Anitta, Justin Bieber fez sua participação em Despacito em 2019, The Weeknd chegou no primeiro lugar do Spotify com a música Blinding Lights com 1.6 bilhões de streams, e conseguiu bater o recorde ao firmar parceria com Rosalía. A versão da música com a cantora espanhola teve 2 bilhões de streams na plataforma. E quem não viu Shakira dançando com roupas de academia dos anos 1970 no clipe com o Black Eyed Peas? Na música “Girl Like Me”, a colombiana hipnotiza com sua coreografia enquanto canta em inglês e espanhol. Lançado há três semanas, o vídeo no YouTube já tem mais de 130 milhões de visualizações.
Mesmo que o ano de 2020 não tenha sido bom para vários setores e indústrias, a da música espanhola teve o que comemorar. E a hegemonia da língua inglesa na música está com um grande adversário.