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Spike Lee refilma "Old Boy" com mais violência

Diretor não só aumentou o sangue, como também ampliou o impacto do macabro desfecho em sua refilmagem do filme sul-coreano

Trecho do filme Old Boy, em uma refilmagem de Spike Lee do filme sul-coreano de 2003 (Reprodução/Trailer)

Trecho do filme Old Boy, em uma refilmagem de Spike Lee do filme sul-coreano de 2003 (Reprodução/Trailer)

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Da Redação

Publicado em 4 de junho de 2014 às 17h09.

São Paulo - Parecia improvável que a versão americana de Old Boy, do sul-coreano Chan-wook Park, conseguisse superar a violência do filme original.

Mas o diretor norte-americano Spike Lee, nesta refilmagem homônima seguida quase à risca, não só aumentou o sangue, como também ampliou o impacto do macabro desfecho, que já era escabroso.

Apesar do teor, o requintado longa asiático foi um sucesso, levando, em 2003, o Grande Prêmio do Júri em Cannes e, mais do que justos elogios da crítica pelo mundo.

Com visual rústico e personagens com moral própria, a produção criava uma atmosfera de ultraviolência e arte sem retirar o norte da redenção que o protagonista, no fim, ansiava.

Daí, a difícil tarefa de refilmar a produção ao gosto do cinema americano. O projeto, que em princípio poderia estar mais próximo a Quentin Tarantino (já que dialoga com Kill Bill), no entanto, caiu nas mãos de Spike Lee, um dos diretores mais engajados da América.]

As dúvidas sobre o resultado final, assim, só aumentaram.

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Surpreende a forma com que Lee manteve, de forma geral, a estrutura narrativa do original (que é inspirado em um mangá), com diferenças de contexto (algumas desnecessárias, incluídas no roteiro adaptado por Mark Protosevich (de "Eu Sou a Lenda").

Aqui, Joe (Josh Brolin em grande performance) é um alcoólatra, cujos desafetos crescem exponencialmente.

Em uma noite de embriaguez, é misteriosamente sequestrado e colocado em um quarto com televisão e banheiro.

Preso, sem contato com o mundo exterior, não tem ideia de quem o capturou. Sua comida é passada por uma abertura na porta.

Nesse ambiente desesperador, sabe por um programa de TV que sua ex-mulher foi brutalmente assassinada e sua filha entregue para adoção.

Durante os 20 anos que Joe passará nesse quarto, tentando manter sua sanidade, escreve uma série de cartas à filha (que planeja enviar, se sair) e atém-se a um plano de fuga que nunca dá certo.

No entanto, certo dia é libertado sem qualquer explicação. Com a ajuda de uma assistente social (Elizabeth Olsen) e um amigo de infância (Michael Imperioli), busca a verdade sobre sua prisão.

Não demora muito para encontrar seu algoz (Sharlto Copley), que lhe faz uma proposta: se descobrir, em cinco dias, porque foi mantido em cativeiro durante duas décadas, receberá 30 milhões de dólares em diamantes e será levado a sua filha.

O rastro de sangue, que deixa pelo caminho do momento em que acorda livre ao grande desfecho, é ainda mais perverso que o original, saturando a tela.

Em especial, a cena em que Joe tortura o chefe da prisão (Samuel L. Jackson), de um realismo desconcertante.

De fato, é clara a superioridade do original sul-coreano quando comparado a esta nova versão. E o mérito está justamente na inventividade de levar toda a história à tela, equalizando estilo, sensibilidade, brutalidade e arte, como Chan-wook Park o fez.

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