Pavlova da Pablo Ba, novidade em São Paulo (Divulgação/Divulgação)
Daniel Salles
Publicado em 1 de outubro de 2020 às 10h38.
Sócio de uma empresa de robótica, o administrador de empresas argentino Mariano Grosso sempre gostou de cozinhar. Há cerca de 20 anos, entrou para o Instituto Argentino de Gastronomia e, por 7 anos, estudou cozinha e pâtisserie. Sua ideia, no entanto, nunca foi trabalhar na área. “Era só uma maneira de tirar um pouco a cabeça da TI”, conta. Cozinhava como um hobby, para amigos. Uma de suas pièces de résistance sempre foi a pavlova, a sobremesa de merengue, chantilly e frutas frescas que agora virou mania na Europa e nos Estados Unidos. “Pessoalmente, eu gosto muito”, diz. “Não é tão doce. Tem um sabor delicado”.
Quando veio a quarentena, Grosso se viu com algumas horas livres na sua casa em São Paulo, onde mora há 8 anos. Para passar o tempo, fazia pavlovas e mandava de presentes para um amigo ou outro. “Aí as pessoas começaram a perguntar se eu vendia”, conta. “E comecei a vender”. Logo a clientela se expandiu para os amigos dos amigos. Para organizar os pedidos, no fim de abril, criou o perfil @pabloba.pastecceria no Instagram. Além de brincar com a similaridade fonética das letras b e v, tanto em português quanto em espanhol, o nome Pablo Ba se refere a Buenos Aires (BA), cidade natal de Grosso.
A ideia não veio do nada. O empresário viaja muito por conta de seu negócio de informática e tem uma casa também em Lisboa. Em várias cidades do mundo, estão surgindo pavlovarias. Principalmente na Austrália e na Nova Zelândia, onde a pavlova hoje é conhecida como “the pav” e parece ter tido origem no início do século XX. Foi nomeada em homenagem à bailarina russa Anna Pavlova. É moda por todos os cantos. No natal de 2019, o Instagram e o Twitter foram tomados por fotos de receitas caseiras.
Lindas e super fotogênicas, as pavlovas de Grosso tinham tudo para fazer sucesso no Instagram. Logo os seguidores se multiplicaram e os pedidos também. O empresário decidiu, então, transformar o hobby em negócio e convidou uma amiga,a advogada Daniele de Lima Oliveira, para ser sua sócia. A dupla, com ajuda dos seus respectivos parceiros, montou uma cozinha industrial numa casa de vila, numa travessa da avenida Santo Amaro, na Vila Olímpia.
No cardápio, oferecem nove sabores em três tamanhos, grande (serve 8), média (serve 4) e individual. As opções de frutas são variadas. Além de chantilly, aparecem também o doce de leite, o creme de chocolate e o lemon curd. Há a possibilidade de o cliente montar a sua pavlova, combinando o creme e a fruta de sua preferência. Os preços variam de R$ 20, para a individual, a R$ 145, para a grande de sabor personalizado.
O estabelecimento, que abriu as portas em julho, tem também uma pequena loja na frente que dá para a rua Vahia de Abreu, onde as pessoas podem retirar os pedidos feitos na loja online (https://loja-online.pabloba.com/pabloba/vila-olimpia). Por conta da pandemia, eles ainda não estão servindo na loja, mas ideia no futuro é ter umas poucas mesas. “A loja é física, mas é focada na venda online”, diz. “Esse é um modelo de negócios que tem crescido muito nos últimos tempos, buy online pick up in store (BOPIS). Acredito que vai se manter no pós pandemia. As pessoas se acostumaram a comprar online. Mas, obviamente, vai ter pessoas que passam na porta e vão querer entrar.” A doceria também trabalha com delivery.
A ideia de Grosso e sua sócia é, dentro do modelo BOPIS, expandir o negócio para várias regiões de São Paulo, montando vários pontos de distribuição em diferentes bairros da cidade. “Até dezembro, pensamos ter mais uma ou duas lojas”, diz Grosso. “E, em 2021, chegar a dez pontos.” Segundo ele, o negócio depende de um investimento baixo e tem um retorno rápido. Até agora, a dupla investiu R$ 100 mil, boa parte dos quais já provindos dos lucros com as vendas. A expectativa é pagar o investimento até o fim do ano. “Quando você tem um produto único, todos os processos são otimizados. Não tem desperdício.”