Cuidar da saúde como um todo, com ações de prevenção a doenças, é uma das vantagens dos planos de saúde premium oferecidos aos altos executivos. “Como a maior parte dos planos desse nível cobre hospitais e laboratórios de primeira linha, as ações preventivas são o que mais os diferencia”, afirma Marcelo Pedroso, coordenador do Programa de Estudos em Saúde (Pro-Saúde) da Fundação Instituto de Administração (FIA). 

Segundo Pedroso, ações preventivas são importantes especialmente para esse grupo de profissionais, que apresentam alto índice de estresse e síndrome de burnout (estado de tensão emocional e estresse crônico provocado por condições de trabalho desgastantes). “Os altos executivos são, normalmente, muito atarefados e sujeitos à alta pressão”, diz Pedroso. “Pela própria falta de tempo e também pela rotina de trabalho, eles tendem a descuidar da saúde e a cultivar outros fatores de risco, como sedentarismo e má alimentação.” 

Entre as principais iniciativas de prevenção oferecidas pelos planos de saúde premium está o checkup executivo anual. Para José Guidorizzi, diretor de supply chain da empresa Royal Canin Brasil, a principal vantagem está na praticidade. “Depois do preenchimento de um questionário que avalia o estilo de vida, todos os exames são marcados em um só local e em um mesmo dia, facilitando ao executivo gerenciar sua agenda e realizar os exames no dia que melhor lhe convém”, diz Guidorizzi. Mas o ponto mais importante é mesmo a prevenção de doenças. “Além de me dar a tranquilidade de detectar no começo algo que vai mal, contribui para a melhora de hábitos, como alimentação e prática de exercícios, uma vez que também presta consultoria sobre como melhorar a qualidade de vida.”

Todos os anos, Mariana Schwarz, gerente executiva do PageGroup Brasil, holding de empresas de recrutamento, agenda todos os exames em um único dia. “Passo uma ou duas horas nos hospitais Sírio-Libanês ou HCor e está tudo resolvido. É um serviço muito condensado, que conhece bem o perfil dos profissionais segurados”, afirma Mariana. Mas as vantagens de um plano de saúde premium podem ir ainda mais longe. “Além de trabalhar em parceria com a nossa empresa para agendar o checkup de todos os nossos executivos, o serviço de concierge ajuda a refrescar a memória de quem ainda não realizou o procedimento e dar prioridade ao processo”, conta Flávio Buschinelli, diretor de RH do Banco Fator. “O retorno que tivemos dos gestores é que o serviço evita o estresse emocional, por ser ligado a questões de saúde de profissionais que já lidam com atividades naturalmente tensas”, completa.

Outro diferencial desses planos está no fato de o resultado do checkup gerar uma ação. De acordo com Rafaella Matioli, diretora técnica de saúde da consultoria de benefícios Aon, o pós-checkup é acompanhado por uma equipe médica especializada, que analisa os indicadores mais preocupantes para desenhar um plano de ação preventivo. “Muitas vezes, é preciso bater várias vezes na mesma tecla da necessidade de atividade física e alimentação saudável, por exemplo, até que a pessoa mude o estilo de vida para, assim, evitar que algumas doenças se tornem crônicas”, afirma Rafaella. Esse trabalho é multidisciplinar e envolve, além dos médicos, uma equipe de enfermeiros, fisioterapeutas e nutricionistas. Alguns planos vão além e oferecem serviço de coaching para acompanhamento nutricional, de atividades físicas e até psicológico, para ajudar o executivo a superar as questões cotidianas que podem afetar o seu bem-estar, tudo com a conveniência de poder ser acessado por telefone pelo profissional. 

Segundo Pedroso, do Pro-Saúde, há empresas que vão além no cuidado com a saúde dos executivos e criam um tipo de planejamento, com metas de desempenho bem objetivas, como reduzir o colesterol ruim, ter duas horas de atividade física por semana, comer mais frutas e legumes, monitorar a pressão e controlar o peso. Cada vez mais, as empresas devem oferecer esse tipo de benefício. “Profissionais do alto escalão já contam que terão um plano de saúde desse nível quando recebem uma proposta de trabalho”, afirma Pedroso. Esse mercado tende a crescer, ainda que seja focado apenas no topo da pirâmide das organizações.