Desfile da Burberry na semana de moda de Londres (Henry Nicholls/Reuters)
AFP
Publicado em 20 de fevereiro de 2019 às 09h55.
Da transformação da Burberry pelo italiano Riccardo Tisci até a provocadora inspiração sadomasoquista da britânica Pam Hogg, a Semana de Moda de Londres teve grandes momentos durante os cinco dias de desfiles que terminaram nesta terça-feira com a notícia da morte de Karl Lagerfeld.
A veterana estilista britânica Pam Hogg, que não deixou para trás seu estilo roqueiro e transgressor, vestiu a casa da maçonaria de Londres com uma coleção de tintas sadomasoquistas.
Muito couro e vinil preto, arame farpado e sapatos plataforma contrastavam com delicados tules transparentes, cintos e laços de cores pastéis.
Pam Hogg propôs para o outono-inverno uma mulher que não duvida ao vestir um biquíni de couro envernizado sob um macacão de tule preto, com salto e mangas amplas de pele.
As blusas drapeadas em tom pastel aparecem com laços nas costas, combinadas com saias e vetidos camuflados sem mangas e botas de salto estileto.
Suaves tules e sedas aparecem ajustados ao corpo por cintos de couro ou vinil preto nos ombros ou panturrilhas. Os macacões muito justos são usados com luvas longas brilhantes, botas cuissardes (acima dos joelhos) e quepes policiais.
Em azul cerúleo e vermelho-cereja, o tule serve também para criar volumosos vestidos com grandes decotes franzidos. Junto a eles, ternos andróginos aveludados de cores suaves, de rosa-chiclete e azul turquesa até verde oliva.
O clímax veio com a noiva tatuada sobre plataformas prateadas e totalmente nua sob um vestido de tule branco transparente em que sofisticadas rendas com pedrarias cobriam apenas o necessário.
Riccardo Tisci, que trabalhou anteriormente para a marca francesa Givenchy, tomou as rédeas criativas da Burberry em março de 2018 com a missão de dar nova vida à famosa marca britânica em 1856.
A esperança de que a mudança se traduza em vendas se instalou na passarela londrina após sua primeira coleção, apresentada em setembro do ano passado.
"A primeira coleção foi um pouco como começar a escrever minhas primeiras letras e agora me apliquei para escrever todo um livro", disse em entrevista à AFP após apresentar no domingo sua coleção outono/inverno 2019-2020 em uma das galerias do famoso museu de arte contemporânea Tate Modern.
Um dos looks combina um minivestido monocromático com gola polo, que Tisci justapôs com um corpete com zíper e mangas bufantes. Esse é um estilo chocante para os fãs da marca, mas não para quem conhece os trabalhos anteriores do estilista italiano, especialista no streetwear de luxo.
A coleção se completa com jaquetas bomber em cores pastéis, acolchoadas com gola super ampla como um colete salva-vidas, vestidos com grandes decotes cobertos de medalhas de prata e um casaco ampla com gola como um vestido de noiva.
Não faltou a clássica gabardina, que apareceu ligeiramente modernizada.
O jovem estilista coreano Seung Gan Park desfila com usa marca Pushbutton na Semana de Moda de Seul desde 2010, mas alcançou Londres em busca de repercussão internacional.
Nessa terça-feira apresentou na capital britânica uma coleção que, segundo ele, "reafirma sua anárquica atitude punk".
Suas silhuetas superdimensionadas graças às imensas ombreiras e modelagens oversize aparecem combinadas com tops, golas elizabetanas, vestidos de seda e tênis desproporcionadamente volumosos.
A marca busca criar um equilíbrio entre raridade e frescura urbanas: as gabardinas têm fendas na frente e atrás, as camisas aparecem com golas e as pantalonas são franzidas nos joelhos e tornozelos.
As calças têm cintura alta, algumas mais atrás do que na frente, e as blusas são em preto e brando ou em complicadas estampas de xadrez, poá e leopardo, com uma profusão de babados e detalhes militares.
A musa desse estilo andrógino é "uma verdadeira rainha no sentido moderno da palavra", segundo a marca, "um indivíduo forte e independente que não tem medo de ultrapassar os limites".