Garrafas de vinho: app lista ofertas com até 50% de desconto (Ken Redding/Getty Images)
Daniel Salles
Publicado em 25 de setembro de 2020 às 12h32.
Última atualização em 25 de setembro de 2020 às 15h20.
É cedo para dizer se a World Wine mergulhou em uma nova era após a morte de Celso La Pastina, no dia 20 de agosto. Uma da milhares de vítimas da covid-19 no país, ele presidia tanto aquela importadora como a La Pastina — o grupo foi fundado pelo pai dele, Vicente La Pastina, em 1947. Declaradamente não tão favorável a grandes inovações, Celso apostava na expansão das lojas físicas da World Wine para conter a concorrência, cada vez maior. Hoje a rede soma 15 lojas, todas próprias, e a meta era aumentar esse número.
Com a pandemia, naturalmente, todas as atenções se voltaram para o e-ecommerce, que deu motivos para a empresa respirar mais aliviada. De março a junho, por exemplo, as vendas online subiram 333% em relação ao mesmo período do ano passado. Daí a decisão de criar um app para facilitar ainda mais as compras à distância. “Uma nova necessidade surgiu e vem do reflexo de um novo cenário, mais digital do que nunca”, diz Juliana La Pastina, filha do Celso e vice-presidente da empresa. “Para nós, importadores especializados em vinhos de qualidade, é mais um nicho a ser trabalhado”.
Disponibilizado na Apple Store e no Google Play desde o fim de agosto, o aplicativo destaca ofertas de vinhos com até 50% de desconto. Nesta sexta, 25, o tinto italiano I Coralli Sangiovese Umbria Igt de 124 reais está à venda por 74,40 reais. Já o argentino Sophenia Altosur Reserve Cabernet de 106 reais sai a 84,80 reais. As entregas, promete-se, não passam de cinco dias úteis.
Para tirar a novidade do papel, a World Wine se baseou em uma pesquisa da consultoria McKinsey de abril deste ano. Em resumo, ela concluiu que, com a quarentena, um terço dos brasileiros passou a comprar mais por meio dos canais digitais e, mesmo com a pandemia controlada, está decidido a visitar lojas físicas com menos frequência. Se a importadora irá pausar o plano de expansão das lojas físicas é um mistério.
As compras online de vinhos não são novidade no Brasil. Segundo pesquisa da Wine Intelligence de 2019, 28% dos consumidores regulares da bebida por aqui recorrem aos e-commerces para abastecer suas adegas, o que coloca o país em terceiro lugar em um ranking liderado por China e, em seguida, pelo Reino Unido.
Daí que com a quarentena as vendas de vinhos no Brasil explodiram. De janeiro a junho, o consumo deles saltou de 2,13 litros per capita para 2,37 litros, um aumento de 11%, segundo a consultoria Ideal Consulting.
A World Wine não é a única a acenar mais para o consumidor digital. Poucas semanas atrás, a concorrente Grand Cru criou a figura do sommelier virtual. Trata-se de uma pessoa de carne e osso, que pode ser contatada por meio do e-commerce da importadora. Está ali para tirar dúvidas, indicar ofertas e sugerir harmonizações.
Gigante no universo digital e à beira de um IPO bilionário, a Wine.com.br segue caminho oposto. Neste mês, inaugurou sua primeira loja física em São Paulo, a terceira no país.