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São Petersburgo se volta para turistas do Oriente

No primeiro trimestre de 2024, quase metade dos turistas estrangeiros que visitaram a Rússia era procedente da China, cerca de 99 mil de um total de 218 mil

Turistas fazem passeios de barco no rio Moika, em São Petersburgo. (AFP/Divulgação)

Turistas fazem passeios de barco no rio Moika, em São Petersburgo. (AFP/Divulgação)

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Agência de notícias

Publicado em 17 de julho de 2024 às 10h18.

Alexandra Kulikova estava acostumada a ouvir diversos idiomas quando caminhava pelas ruas de São Petersburgo, a icônica cidade fundada pelo czar Pedro, o Grande, como a "janela para o Ocidente" da Rússia, mas desde a ofensiva russa na Ucrânia, a cidade já não é a mesma.

"Você ouvia inglês, francês ou italiano por todo o lado (...) e sempre estávamos lotados", comentou esta coproprietária de uma rede de apartamentos para alugar na cidade.

Mas a ofensiva militar do Kremlin contra a Ucrânia e a subsequente onda de sanções isolou a Rússia da maioria dos potenciais turistas ocidentais, afetando gravemente a indústria do turismo no país.

Agora a Rússia busca visitantes da Ásia e do Oriente Médio.

"Vejo um grande número de grupos chineses, turistas árabes que viajam com suas famílias, indianos. Mas devem ser muito ricos porque ficam em hotéis de luxo e não em apartamentos", disse Kulikova.

Esta dinâmica tem prejudicado o seu negócio, mesmo com apartamentos anteriormente muito procurados, com vistas deslumbrantes para a Catedral de Santo Isaac.

Com o clima político cada vez mais hostil em relação ao Ocidente e os ocidentais, viajar à Rússia se tornou ainda mais complicado pelas sanções e as dificuldades logísticas.

Até mesmo os voos diretos da União Europeia, do Reino Unido e dos Estados Unidos foram suspensos e os cartões de crédito Visa e Mastercard não podem ser utilizados na Rússia.

Diante deste cenário, houve uma "reorganização do turismo para o Oriente", afirmou Sergei Kalinin, diretor de uma associação de guias e intérpretes em São Petersburgo.

No primeiro trimestre de 2024, quase metade dos turistas estrangeiros que visitaram a Rússia era procedente da China, cerca de 99 mil de um total de 218 mil.

Quase 8.400 chegaram da Alemanha, um terço dos que visitaram o país em 2019, segundo a Associação Russa de Operadores Turísticos.

"Muito em comum"

A transformação é radical na ex-capital imperial, conhecida por seus palácios imponentes e canais pitorescos.

"A Rússia é um país interessante e agora é mais fácil vir. Existem vistos eletrônicos (...) e os nossos países têm muito em comum", disse à AFP o turista chinês Liu Yitin, enquanto esperava um trem na estação ferroviária de São Petersburgo.

A China se tornou o principal aliado político e econômico da Rússia em meio à sua ofensiva contra a Ucrânia. Os presidentes Vladimir Putin e Xi Jinping reúnem-se frequentemente e se cumprimentam como "velhos amigos".

Diante do isolamento ocidental, as autoridades russas têm procurado facilitar as viagens provenientes de países considerados "amigáveis".

Moscou está considerando permitir viagens sem visto para cidadão de países do Oriente Médio e do Sudeste Asiático. Também quer aumentar os voos diretos para a China e o Irã, segundo o Ministério da Economia russo.

A cidade de São Petersburgo também aumentou sua autopromoção. Em maio, as autoridades municipais foram a feiras em Pequim, Xangai e Chengdu, após participarem em eventos semelhantes na Índia.

Eles esperam participar de 16 grandes feiras comerciais na Ásia, no Oriente Médio e nos ex-países soviéticos ainda este ano, segundo a Prefeitura da cidade.

Apesar do esforço, muitos operadores afirmam que a Rússia ainda enfrenta uma grave falta de turistas.

"Não é mais como costumava ser. Mesmo com os chineses não há um grande fluxo turístico, não se compara ao que era antes da covid-19", disse a guia turística Maria Khilkova.

Apenas 6% das quase 9 milhões de pessoas que visitaram São Petersburgo em 2023 eram estrangeiras. Antes da pandemia este número era de 50%.

"Não estou me sentindo muito otimista. Serão necessários pelo menos cinco anos para que tudo se recupere", admitiu Khilkova.

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