O sambódromo da Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro: desfiles começam numa noite heterogênea (Rogério Reis)
Da Redação
Publicado em 2 de março de 2014 às 10h24.
Rio - Os desfiles das grandes escolas de samba do Rio começam hoje numa noite heterogênea: as três primeiras agremiações, Império da Tijuca, Grande Rio e São Clemente, nunca foram campeãs no Grupo Especial e não têm grande torcida. As três que se seguem são gigantes do carnaval, e levam consigo boa parte das arquibancadas: Mangueira, com 17 campeonatos, Salgueiro, com nove, e Beija-Flor, atual líder do ranking da Liga das Escolas, com 12 - metade disso no século 21.
A Beija-Flor tenta mais um campeonato com um enredo-tributo ao diretor de televisão José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, e, a partir dele, conta a história da comunicação humana. A linha do tempo vai dos primórdios da escrita à internet rápida. "Pouco luxo e muita tecnologia", nas palavras de Boni, ativo no barracão, será a marca da escola da Baixada Fluminense. Alegorias enormes - o abre-alas, que representa o desenvolvimento da escrita cuneiforme, tem 60 metros de comprimento - e muitos recursos tecnológicos prometem impressionar a plateia.
A interatividade será uma marca: a reação do público será filmada e transmitida em telões no último carro. "Acho que isso nunca foi feito antes na Sapucaí", arrisca Fran-Sérgio Oliveira, da comissão organizadora. Em se tratando de um personagem sem apelo popular, a escola quis fugir do enredo puramente biográfico. Artistas amigos do diretor, como Tarcísio Meira, Regina Duarte e Faustão, foram convidados para homenageá-lo.
Fé e ecologia vão se misturar no enredo do Salgueiro: Gaia - A vida em nossas mãos. As festas mais populares do País foram escolhidas para colorir a Mangueira.
A noite será aberta por uma sobrevivente. Por causa de dívidas pesadas, a Império da Tijuca quase se extinguiu. Em 2013, no entanto, com um enredo de temática negra, a agremiação voltou ao Grupo Especial, passados 17 anos na segunda divisão. A escola agora retorna a este universo com Batuk, que fala da religiosidade e ritmos da África.
Em busca da felicidade, a São Clemente mostrará a formação da primeira favela, onde hoje é o Morro da Providência. Com o único patrocínio declarado deste ano, a Grande Rio recebeu R$ 4,5 milhões da prefeitura de Maricá, a cidade-tema. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.