Comércio: bares e restaurantes foram os mais atingidos pela pandemia. (Emily Elconin/Reuters)
Matheus Doliveira
Publicado em 23 de dezembro de 2020 às 10h46.
Última atualização em 23 de dezembro de 2020 às 10h47.
Comprimido em mais de 5 mil páginas de texto legislativo, o projeto de lei do Congresso dos EUA que concede alívio ao impacto da Covid-19 e financiamento do governo para 2021 inclui dezenas de incentivos fiscais para beneficiários, como bares, restaurantes, indústria do cinema e pistas de corrida de esportes motorizados.
E muitos dos benefícios permanecerão por muito tempo depois que a pandemia acabar. Além de conceder créditos fiscais temporários para ajudar empresas a cobrirem custos da folha de pagamento, o projeto de lei oferece benefícios para projetos eólicos e solares e cria um incentivo fiscal permanente para cervejarias, produtores de vinho e destilarias de bebidas alcoólicas.
A inclusão de quase 80 dispositivos relacionados a impostos no projeto de lei representa uma estratégia milenar em Washington para muitos congressistas e para lobistas que tentam influenciá-los: anexar a redução de impostos favorita a um projeto de lei amplo e obrigatório, onde algumas isenções não prejudicarão a aprovação.
O projeto de lei de gastos de US$ 2,3 trilhões, apresentado na tarde de segunda-feira, tem 5.593 páginas. A Câmara e o Senado aprovaram a medida na noite de segunda-feira, e Trump deve assiná-la nos próximos dias.
O custo total da bonança de isenções tributárias é de US$ 328 bilhões, de acordo com o Comitê Conjunto de Tributação. Cerca da metade desse valor será usado em cheques diretos de US$ 600 para muitos adultos de renda média e baixa, além de pagamentos adicionais para os filhos. A outra metade cobre a grande quantidade de deduções e créditos destinados a impulsionar a economia durante a pandemia e depois.
A legislação amplia a dedução para refeições de negócios - incluindo entrega e retirada - para 2021 e 2022, uma mudança que Trump pressionou por meses e o Congresso havia ignorado até recentemente.
Trump, cujas participações em empresas incluem resorts e campos de golfe, anunciou a expansão da medida para permitir que companhias amortizassem totalmente os custos como forma de ajudar restaurantes abalados pela pandemia. Por enquanto, empresas podem amortizar 50% dos custos, com base em um item incluído no corte de impostos aprovado por Trump em 2017.
Economistas argumentam que muitos dos incentivos fiscais farão pouco para estimular a atividade econômica imediatamente. Isso porque a maioria dos eventos esportivos ainda não permite a presença de torcedores, as salas de concerto foram fechadas devido às diretrizes de distanciamento social e poucas empresas têm realizado reuniões presenciais com clientes.
O setor de alimentos e vinhos defende a redução de impostos com o argumento de que tem sido um dos setores mais atingidos e merece mais ajuda.
A “dedução é útil para empresas que operam na incerteza” sobre o que vai acontecer em 2021, disse Michael Bilello, porta-voz da Wine and Spirits Wholesalers of America. “É um absurdo dizer que isso só beneficiará americanos ricos ou ‘amantes de vermute’”, afirmou. “Cada refeição em um restaurante é uma atividade econômica que beneficia toda a equipe do restaurante.”