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"Homem-Formiga" comprova que Marvel nem sempre acerta em cheio

Apesar de tentar, novo filme da Marvel vai empolgar mesmo apenas os já habituados fãs dos heróis do estúdio

homem-formiga1 (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 17 de julho de 2015 às 10h48.

Depois de fazer um sucesso estrondoso com o primeiro filme dos Vingadores, a Marvel levou aos cinemas, em 2014, um longa-metragem sem nenhum dos seis protagonistas. Em vez de apostar nos nomes conhecidos, o estúdio resolveu dar um tiro no escuro e lançou Guardiões da Galáxia sem que muita gente soubesse quem eram os personagens. O desastre esperado, porém, não veio. A ótima obra foi um sucesso de público e de crítica, e mostrou que a empresa consegue fazer mágica mesmo quando não trabalha com um Vingador. Mas esse “toque de Midas”, que faz um filme ser bom em tudo, não funciona em todos os casos – e Homem-Formiga é um deles.

Não que a obra baseada nas HQs do herói que encolhe e "fala" com formigas não vá explodir nas bilheterias pelo mundo. Afinal, estamos falando da Marvel, o estúdio que conseguiu mais de 1,1 bilhão de dólares com os dois filmes do Thor. E também não quer dizer que o filme seja ruim – ele é leve, tem seus momentos divertidos e efeitos visuais muito bem trabalhados. Mas apesar de tentar fazer algo diferente em alguns momentos, o longa-metragem não impressiona e nem empolga tanto quanto as obras mais memoráveis do estúdio.

A história tem como protagonista Scott Lang (papel que Paul Rudd cumpre muito bem), um criminoso recém-saído da cadeia. Mas o personagem não é maldoso – muito pelo contrário, na verdade. Arrependido de roubar, ele pretende mudar de vida. Mas a rotina fora da prisão não é fácil para alguém que já foi encarcerado, e Lang logo precisa voltar aos crimes. E é por causa de seu primeiro assalto após ser solto que ele acaba trombando com um Dr. Hank Pym (Michael Douglas) diferente do que é mostrado nas HQs.

Enquanto nos quadrinhos o cientista é um dos membros fundadores dos Vingadores e também o responsável por desenvolver o robô Ultron, no longa-metragem ele é o gênio criador das partículas Pym, que fazem seu usuário encolher. A substância foi descoberta pelo então jovem personagem na década de 80, e, ao menos na obra dos cinemas, fez com que ele assumisse a identidade de Homem-Formiga enquanto ainda estava na SHIELD com o pai de Tony Stark. Mas um evento inesperado fez com que ele deixasse a organização e levasse com ele sua invenção, por considerá-la perigosa.

Só que toda essa preocupação para que ela não caísse em mãos erradas não adiantou muito. Alguns anos depois, seu pupilo – e também um maníaco – Darren Cross (Corey Stoll, o Peter Russo de House of Cards como um vilão que poderia ser melhor) começou a trabalhar para idealizar sua própria “partícula Pym”, que seria vendida para exércitos. Cabe, então, a Lang e Pym, apoiados pela filha do cientista, Hope (Evangeline Lilly, que faz uma personagem com potencial, mas muito pouco aproveitada nesse filme), o impedirem.

O restante da história não foge muito do esperado. Vemos o ladrão aprendendo a lutar e a controlar as formigas com o capacete de Homem-Formiga, algumas intrigas em família, provocações e reviravoltas. Cenas de luta também não faltam, mas elas não primam exatamente pelas coreografias como na série do Demolidor, por exemplo. O destaque delas – e de quase todo o resto do filme – está mesmo na forma como a mudança de tamanho do super-herói é retratada. As partes em que Lang encolhe são, de longe, as mais interessantes: os cenários “pequenos” são muito bem feitos, e a “transformação” é mostrada da forma mais natural possível, fluindo bem mesmo quando ele precisa alternar diversas vezes em uma luta.

Ainda assim, mesmo que carregue um diferencial, a obra não empolga. Não que Guardiões da Galáxia, Capitão América 2, Homem de Ferro ou Vingadores não tivessem seus defeitos. Ao mesmo tempo em que faz igual aos outros quatro longas-metragens, surpreendendo (às vezes) e arrancando alguns risos (muitos graças a Rudd e ao personagem de Michael Pena, o melhor do filme), Homem-Formiga não chega ao nível de excelência que o quarteto de melhores filmes do estúdio alcança.

Não temos a trilha sonora e o carisma dos personagens do primeiro, a história mais densa (e tensa) do segundo, a surpresa do terceiro e nem a megalomania do quarto. Temos apenas um pouco mais do mesmo – que só deve empolgar mesmo os mais fãs da Marvel, graças às várias referências e às duas cenas pós-créditos. Não é um filme "errado", mas também não é um acerto em cheio.

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