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Como será este ano o salão Watches & Wonders, a "Disney" da relojoaria

O salão de Genebra, terá este ano a participação de 55 marcas de luxo, em um setor que bate recorde de vendas e movimenta mais de 30 bilhões de dólares

Salão Watches Wonders (Watches & Wonders/Divulgação)

Salão Watches Wonders (Watches & Wonders/Divulgação)

Ivan Padilla
Ivan Padilla

Editor de Casual e Especiais

Publicado em 8 de abril de 2024 às 06h30.

Última atualização em 9 de abril de 2024 às 06h36.

GENEBRA. Chegou o momento mais aguardado do ano do setor de relojoaria, uma espécie de Disney para os aficionados. Nesta terça-feira 9 de abril vai começar mais uma edição do Watches & Wonders, o mais importante salão do segmento. É nos estandes do Palexpo, espaço de eventos em Genebra, na Suíça, que as marcas exibem seus principais lançamentos da temporada.

Este mercado, como tantos outros, vive de novidades. As manufaturas apresentam outros lançamentos ao longo do ano, claro. Mas guardam as principais novidades para o Watches & Wonders, aproveitando toda a publicidade gerada pela concentração de jornalistas especialistas no assunto e revendedores do mundo inteiro.

No ano passado circularam durante os cinco dias de exibição pelos estandes no Palexpo 43.000 visitantes, o dobro do ano anterior, de 125 nacionalidades. Foram 5.400 revendedores, que vão conferir de perto as novidades e fazer os pedidos para suas lojas. Genebra e as cidades do entorno registraram 35.000 diárias de hotel.

Que marcas participam este ano

São 55 marcas presentes na Watches & Wonders no total. No ano passado foram 48. São essas as que estarão neste ano: A. Lange & Söhne, Alpina, Angelus, Arnold & Son, Artya, Baume & Mercier, Beauregard, Bell & Ross, Bremont, Cartier, Chanel, Charriol, Chopard, Chronoswiss, Cyrus, Czapek & Cie, Eberhard & Co, Ferdinand Berthoud, Frederique Constant, Gerald Charles, Grand Seiko, Grönefeld, H. Moser & Cie, Hautlence, Hermès, Hublot, Hysek, IWC Schaffhausen, Jaeger-LeCoultre, Laurent Ferrier, Louis Moinet, Montblanc, Nomos, Norqain, Oris, Panerai, Parmigiani Fleurier, Patek Philippe, Pequignet, Piaget, Ressence, Roger Dubuis, Rolex, Rudis Sylva, Speake-Marin, TAG Heuer, Trilobe, Tudor, U-Boat, Ulysse Nardin, Vacheron Constantin, Van Cleef & Arpels, Zenith.

Quais serão as tendências para este ano

As marcas entam surpreender ano ano, para ganhar novos clientes, publicidade, engajamento. Mas é difícil haver ruptura de um ano para o outro. Nas temporadas mais recentes as manufaturas investiram em peças mais sofisticadas, com complicações mais elaboradas, uso de pedras preciosas e metais como ouro, e mesmo em materiais novos e patenteados, mais leves e robustos.

Essa sofisticação e busca por inovação, dentro de um território seguro, deve continuar, assim como a releitura de modelos icônicos de algumas manufaturas centenárias, trazendo dessa forma um ar vintage para os lançamentos de agora.

Algumas marcas com ligação com esportes e aventuras têm aprofundado essa relação, reforçando atributos associados à emoção, ao desafio, à vida em contato com os elementos da natureza. Saberemos melhor nos próximos dias.

O melhor momento da indústria de relógios

O evento deste ano tem um sabor ainda mais especial devido ao ótimo momento do setor. As exportações de relógios suíços bateram recorde, tanto em volume de peças como em faturamento, pelo terceiro ano seguido, segundo a Fédération de l’industrie Horlogère Suisse.

As exportações suíças de relógios no ano passado superaram o resultado de 2022 em 7,6%, atingindo valor total de 26,7 bilhões de francos, ou 30 bilhões de dólares. O crescimento no primeiro semestre do ano foi de 11,8%, antes de desacelerar para 3,6% nos últimos seis meses.

A relojoaria suíça tem se beneficiado da demanda constante no mercado de produtos de luxo. O número de funcionários do setor cresceu 7,7%, para mais de 65.000 pessoas na Suíça no ano passado, segundo Federação dos Empregadores da Indústria Relojoeira Suíça.

O número de relógios de pulso exportados cresceu 7,2% em comparação com 2022, totalizando 16,9 milhões de unidades. Isso significa que mais 1,1 milhão de relógios foram enviados para o exterior em 2023, confirmando a recuperação dos anos anteriores.

Esse crescimento constante dos últimos três anos deve permanecer em 2024? É cedo para dizer, mas os primeiros resultados indicam uma desaceleração. Os meses de janeiro e fevereiro registraram uma queda de 0,7% no valor de exportações de relógios suíços.

O que é o salão Watches Wonders

Até 2019, as principais marcas de relógios se dividiam em duas feiras. A SIHH, ou Salon International de la Haute Horlogerie, organizada pela mesma Fondation de la Haute Horlogerie que agora realiza a Watches & Wonders, acontecia em janeiro, em Genebra. Reunia as marcas do grupo Richemont, como Cartier, Montblanc, Panerai e IWC, e algumas independentes. Era de porte pequeno, mas pautada pelo luxo.

A outra grande feira da indústria da alta relojoaria era a Baselworld. Acontecia na Basileia, também na Suíça, no mês de abril, era a maior de todas e mais democrática. Reunia marcas de entrada, e também algumas consagradas, como Rolex e Patek Phillipe.

Assim, quem acompanhava o setor se deslocava duas vezes ao ano para a Suíça: em janeiro para a SIHH em Genebra e em abril para a Baselworld, na Basileia.

Para 2020, uma novidade estava anunciada: a SIHH mudaria de nome para Watches & Wonders (essa nomenculatura já era usada em eventos menores do grupo) e aconteceria em abril, perto da data da Baselworld. Assim, jornalistas e revendedores só precisariam viajar para a Suíça uma vez por ano para acompanhar os dois salões. Já era uma tentativa de unificar, de certa forma, as ações das maiores manufaturas do mundo.

Mas eis que veio a pandemia e tudo mudou. A Watches & Wonders foi realizada às pressas virtualmente em 2020. Já a Baselworld foi inicialmente adiada e as marcas que participavam de lá fizeram então apresentações virtuais independentes.

Até que aconteceu o que ficou apelidado de “Rolexit”, a saída de cinco grandes maisons da Baselworld para se juntar à Watches & Wonders. São elas a Rolex e sua segunda marca, Tudor, além de Patek Phillipe, Chopard e Chanel. A Baselworld então foi enterrada de vez.

Alguns salões locais continuam sendo realizados, como o Watches & Wonders de Xangai para o mercado chinês e a LVMH Watch Week, com as marcas do conglomerado francês. Mas não têm o alcance agora da feira em Genebra. Confira nossa cobertura a partir de terça-feira 9.

  • O jornalista viajou a convite da organização do salão Watches & Wonders
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