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Relembre o ano de 2016 para a cultura no Brasil

Neste ano, brasileiros ganharam destaque em premiações internacionais do cinema e da música e mais cidades foram reconhecidas como patrimônio

Elza Soares: a cantora brasileira ganhou o Grammy Latino pelo disco "A Mulher do Fim do Mundo" (Elza Soares/Divulgação)

Elza Soares: a cantora brasileira ganhou o Grammy Latino pelo disco "A Mulher do Fim do Mundo" (Elza Soares/Divulgação)

AB

Agência Brasil

Publicado em 26 de dezembro de 2016 às 17h15.

Em 2016, brasileiros ganharam destaque em premiações internacionais do cinema e da música e mais cidades foram reconhecidas como patrimônio.

O ano foi marcado também por mudanças no Ministério da Cultura e validação da Lei dos Direitos Autorais.

Confira fatos marcantes da cultura em 2016:

Cinema

Logo no início do ano, a surpresa foi a participação do Brasil na premiação considerada mais importante para o cinema mundial: o filme O Menino e o Mundo, do diretor paulista Alê Abreu, foi indicado à categoria de Melhor Animação do Oscar. A edição deste ano sofreu diversas críticas por não ter negros entre os 20 atores e atrizes entre os concorrentes das principais categorias. O fato rendeu protestos, como o boicote do diretor Spike Lee.

No Brasil, uma notícia triste: um incêndio atingiu o depósito de filmes da Cinemateca Brasileira em fevereiro e comprometeu produções anteriores à década de 1950. Cerca de 2 mil rolos de filmes foram queimados; o número representa pouco menos 0,4% do total do acervo, segundo a instituição.

Música

O ano foi de reconhecimento para músicos brasileiros que tiveram trabalhos ganhadores do Grammy Awards, uma das mais importantes premiações do mundo no setor. Em fevereiro, a pianista e cantora brasileira Eliane Elias ganhou o Grammy com o álbum Made in Brazil, escolhido melhor na categoria jazz latino. Em novembro, a edição do Grammy Latino premiou Djavan, Martinho da Vila, Elza Soares, Paula Fernandes, Hamilton de Holanda, Céu, Ian Ramil, Almir Sater, Renato Teixeira e a banda Scalene.

Em abril, o retorno dos Novos Baianos marcou a reabertura da Concha Acústica de Salvador. O grupo, sucesso na década de 1970, se reuniu em sua formação original e tocou todos os clássicos em show que passou também por São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.

O ano de 2016 também teve a lembrança da obra de grandes músicos brasileiros. O pernambucano Chico Science completaria 50 anos e teve sua obra relembrada com o lançamento de documentário, além de shows da Nação Zumbi, que fez turnê relembrando os 20 anos do disco Afrociberdelia. Fãs também homenagearam a obra de Renato Russo, morto há exatos 20 anos.

A música brasileira celebrou ainda os 50 anos de carreira de Tom Zé, que completou 80 décadas de vida com o lançamento de um novo disco; e lembrou a obra de Belchior, cantor que chegou, este ano, aos 70 anos de vida e intriga os fãs com seu "desaparecimento".

100 anos do Samba - Ritmo genuinamente brasileiro, o samba chegou a seu primeiro século em 2016, ano que marca o registro, pelo Departamento de Direitos Autorais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, de "Pelo Telefone", de Donga, considerada a primeira música deste que é um dos ritmos preferidos do país. O ano comemorou, também, dos 95 anos de uma de suas maiores intérpretes: Dona Ivone Lara, que teve sua trajetória homenageada ao receber a Ordem do Mérito Cultural.

Literatura

O ano literário começou com um marco: um dos maiores clássicos brasileiros, Macunaíma, de Mário de Andrade, entrou para Domínio Público. Isso significa que a obra agora pode ser utilizada, reproduzida e adaptada livremente, por quaisquer pessoas, assim como todas as outras obras do autor modernista. Outro grande clássico, Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa, completou 60 anos.

Na literatura mundial, foi ano de lembrar dois grandes escritores: Willian Shakespeare e Miguel de Cervantes, ambos falecidos há 400 anos. Na Festa Literária de Paraty, o dramaturgo inglês foi relembrado na Casa de Shakespeare, que teve programação especial inspirada em sua obra. Miguel de Cervantes teve homenagens como lançamento de edições especiais de seu mais famoso livro: Dom Quixote.

A grande surpresa de 2016 foi o Nobel de Literatura, que teve não um escritor, mas o músico Bob Dylan como escolhido. Segundo a Academia Sueca, o norte-americano foi premiado por "ter criado novas formas de expressão poéticas no quadro da grande tradição da música americana".

Teatro

O ano de 2016 marcou 30 décadas de criação do Teatro do Oprimido, do dramaturgo Augusto Boal. Uma das personalidades de maior destaque na resistência, no meio teatral, à ditadura militar, Boal criou e desenvolveu a Fábrica de Teatro Popular, com a participação de jovens animadores culturais, de onde surgiu a metodologia do Teatro do Oprimido. Ela trouxe uma nova técnica de preparação do ator que alcançou repercussão mundial, principalmente a partir da atividade didática exercida por Boal e universidades norte-americanas e europeias.

Outro gigante celebrado este ano foi o Teatro Amazonas, que completou 120 anos de inauguração. Palco de premiados espetáculos e festivais, o local foi homenageado com uma série de eventos, que envolveram música, ópera, teatro, artes visuais e literatura.

No Rio de Janeiro, artistas festejaram a reabertura do Teatro Bibi Ferreira, que estava fechado desde 2013. A casa de espetáculos inaugurada em 1940 foi o palco de estreia da atriz e cantora que a ela empresta seu nome.

A cidade do Rio também foi palco da 25ª edição do Festival Panorama, considerado o maior evento de artes do corpo, dança e performance do Brasil e um dos mais importantes da América Latina.

Patrimônios

O Brasil encerra 2016 com novas cidades, locais e tradições tombadas como patrimônios imateriais. Sede de uma das maiores festas de carnaval do país, Salvador recebeu da Unesco o título de Cidade da Música. Com isso, a capital baiana se tornou a primeira cidade brasileira a se enquadrar na categoria Música, Rede da Unesco.

Em Minas Gerais, o Conjunto Moderno da Pampulha conquistou o título de Patrimônio Mundial da Humanidade, concedido também pela Unesco. Encomendado pelo então prefeito de Belo Horizonte Juscelino Kubitschek ao arquiteto Oscar Niemeyer, o local passou a ser o 20º bem brasileiro inscrito na Lista do Patrimônio Mundial.

O Ministério da Cultura homologou o tombamento do Teatro Cultura Artística, que foi inaugurado em 1950 em São Paulo com um concerto do maestro e compositor Heitor Villa-Lobos (1887-1959). Em agosto de 2008, o edifício havia sido parcialmente destruído por um incêndio.

Entre as manifestações culturais, os caboclinhos, expressão da cultura popular de tradição centenária sobretudo em Pernambuco, foram reconhecidos como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil pelo Iphan. Cultura presente também no Rio Grande do Norte, Paraíba, em Alagoas e Minas Gerais, os caboclinhos são classificados pelos brincantes como uma homenagem aos primeiros habitantes do território que veio a se chamar Brasil.

Em meio a polêmicas, foi sancionada pela Presidência a lei que eleva rodeios, vaquejadas e outras expressões artístico-culturais à condição de manifestação cultural nacional e de patrimônio cultural imaterial. A vaquejada é uma atividade competitiva bastante praticada no Nordeste, na qual os vaqueiros têm como objetivo derrubar o boi, puxando-o pelo rabo. Pessoas contrárias à atividade argumentam ser comum o tratamento cruel de animais.

Ministério da Cultura

Ao assumir a Presidência da República interinamente, em 12 de maio, Michel Temer extinguiu o Ministério da Cultura, transformando-o em secretaria vinculada ao Ministério da Educação. A classe artística reagiu à decisão: grupos de artistas e movimentos ligados ao setor protestaram em pelo menos 18 capitais. Edifícios da Fundação Nacional de Artes (Funarte), do Instituto Nacional do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e sedes regionais do ministério foram ocupadas por manifestantes. Cineastas brasileiros também criticaram a extinção do ministério no tradicional Festival de Cannes, na França: o elenco de Aquarius, de Kleber Mendonça Filho, fez um protesto no tapete vermelho, antes da exibição do filme.

Cerca de uma semana depois da extinção, Temer decidiu recriar o Ministério da Cultura, tornando Marcelo Calero (PMDB-RJ) ministro da pasta. Calero ficou no posto por seis meses, quando pediu demissão e deu lugar, em novembro, ao deputado Roberto Freire (PPS-SP).

Lei dos Direitos Autorais

Em outubro, o Supremo Tribunal Federal validou a Lei 12.853/2013, conhecida como Lei dos Direitos Autorais. A norma definiu novas condições de cobrança, arrecadação e distribuição de recursos pagos por direitos autorais de obras musicais e foi contestada no Tribunal pelo Escritório Central de Arrecadação de Direitos Autorais (Ecad) e pela União Brasileira de Compositores (UBC).

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