Gero Fasano. (Divulgação/Divulgação)
Editor de Casual e Especiais
Publicado em 16 de outubro de 2023 às 08h00.
Às vezes com gravata, sempre de costume e geralmente com um suéter amarrado sobre o ombro. É impossível avistar Gero Fasano vestido de outra forma em qualquer um dos empreendimentos do grupo encabeçado por ele. Determinado a montar uma grife cujo slogan será “moda para homens que não gostam de moda”, o restaurateur virou uma referência em matéria de elegância, assim como os negócios comandados por ele — ninguém concebe pisar em qualquer deles vestindo-se com desleixo.
O segundo hotel paulistano — e o décimo do grupo — entrou em operação em maio deste ano, pouco antes do anúncio de que, em um futuro não muito distante, haverá uma filial em Londres. Vinte anos mais velha, a primeira unidade em São Paulo tem 60 quartos e foi projetada por Isay Weinfeld em parceria com Marcio Kogan. A nova, que leva a assinatura deste último e do escritório Aflalo/Gasperini, tem 107 apartamentos. A cidade de Milão, de onde veio Vittorio, o bisavô de Gero, serviu de inspiração para a decoração.
Com móveis da célebre marca italiana Minotti, o lobby dá acesso a uma filial do restaurante Gero. “Resolvi fazer o mesmo que muita gente: copiar essa marca”, brinca o empresário. Com revestimento de madeira e um enorme janelão de vidro, entre outros detalhes chamativos, a filial é comandada pelo chef Lomanto Oliveira e dispõe de uma grelha a carvão para o preparo de camarão, polvo e t-bone. Dificilmente você verá no local alguém de regata ou insatisfeito com o atendimento. “O melhor serviço é aquele que você não percebe”, prega o restaurateur. Não há nada mais deselegante, ensina, do que interromper os clientes o tempo todo.
Novos endereços sofisticados que estão roubando a cena
Pink Cuisine
Na filial paulistana do restaurante, cuja matriz fica em Curitiba, a decoração é uma atração à parte — impossível não reparar nos peixes-dourados que pendem do teto ou no grafite de um esqueleto. Sob o comando da chef Gabi Monteiro, a cozinha expede pratos como alface-romana na brasa com molho de tucupi preto, vinagre envelhecido, pimenta de sichuan e gergelim. O drinque que leva gim, mel, limão siciliano e pepino é uma escolha sem erro.
Alameda Tietê, 184, Jardim Paulista, São Paulo.
Elena Horto
Mal abriu as portas, virou um dos endereços mais badalados da noite carioca. Com projeto arquitetônico do escritório de Thiago Bernardes — e curadoria cultural de Batman Zavareze —, ocupa um casarão de dois andares no Horto. Quem comanda o bar é Alex Mesquita, que prepara coquetéis autorais, a exemplo do Cajueiro, união de xarope de caju com maracujá, suco de abacaxi e cachaça branca. As comidas são inspiradas na gastronomia asiática.
Rua Pacheco Leão, 758, Jardim Botânico, Rio de Janeiro.
Duq
Sob o comando do chef Felipe Miyake, a cozinha fica inteiramente à vista da clientela que opta pelo salão principal. Com ambientação classuda, o restaurante foi inaugurado em março e já virou um dos mais concorridos de Curitiba. O cardápio lista pratos principais como camarão com fregola, molho pomodoro, manjericão e burrata. Ao chegar, prove o drinque Bardotto, feito com Ramazzotti Rosato, xarope de gengibre, limão-siciliano e água gaseificada.
Alameda Carlos de Carvalho, 360, Centro, Curitiba.
A FORÇA DOS CLÁSSICOS
Os coquetéis autorais bem que tentam, mas não conseguem acabar com o reinado de drinques célebres como o Penicillin e o Dry Martini
Inaugurado em 2019, o Caledonia Whisky & Co., um dos bares de coquetelaria mais respeitados de São Paulo, faz de tudo para a clientela sair da mesmice. Não à toa, o coquetel mais pedido é o King James, união de uísque irlandês incrementado com manteiga de garrafa com amêndoas, queijo grana padano e jamón ibérico, entre outros ingredientes. Da lista de clássicos, o mais solicitado é o Penicillin, que corresponde a 10% dos pedidos etílicos. Leva mais de um tipo de uísque (blended e single malt), gengibre e limão-siciliano.
“Sempre indicamos drinques diferentes, mas 30% dos clientes não abrem mão dos clássicos”, resigna-se Maurício Porto, um dos sócios do Caledonia. Fiel a seus princípios, o bar serve Negronis e companhia de bom grado — mas sempre com ingredientes acima da média. O Dry Martini, por exemplo, é feito com o incensado gim inglês Martin Miller’s e custa 57 reais.
Na terceira unidade do SubAstor, inaugurada em julho — fica na região da Avenida Paulista —, a primeira carta de drinques que os visitantes recebem é a dos autorais. Foram concebidos pelo bartender italiano Fabio La Pietra, que comanda a rede desde 2013, e prestam tributo aos biomas brasileiros. Uma das criações junta uísque bourbon, vermute bianco, bitter de alcachofra e resina de breu branco, típica do cerrado.
Os coquetéis que os bartenders mais costumam preparar, no entanto, estão listados no menu de clássicos, a exemplo do Manhattan e do Aperol Spritz. A matriz do SubAstor fica na Vila Madalena, e a outra unidade se espalha pelos cofres subterrâneos da antiga sede do Banespa (hoje Farol Santander), no centro paulistano.
COQUETELARIA COM ESTILO
Bares recém-abertos que não descuidam nem dos drinques nem da ambientação
Pappa Bar
Com cortinas drapeadas, arandelas charmosas e espelhos inclinados, pertence ao chef Pedro Mattos, também dono do Pappagallo Cucina. É o único bar, até onde se tem notícia, que dispõe de um menu-degustação. É composto de cinco etapas, a maioria delas para compartilhar, a exemplo da croqueta de presunto de Parma com molho aïoli e picles de melão. Combina com o drinque La Dolce Vita, união de gim, Aperol, shrub de melancia, limão-taiti e espumante.
Alameda Lorena, 1.386, Jardins, São Paulo.
Bar du Quartier
Entre o Chez Claude e o Bistrot du Quartier, é muito mais do que um bar de espera — os três empreendimentos integram o complexo paulistano de Claude Troisgros. Com direito a um irresistível balcão e uma extensa parede de tijolinhos decorada com fotos da família do chef, merece uma visita exclusiva. Com blues, jazz e MPB ao vivo de quarta a sábado, serve coquetéis irretocáveis, como o Old Hickory, que mescla vermutes tinto e seco e bitters.
Rua Prof. Tamandaré Toledo, 25, Itaim Bibi, São Paulo.
Purgatório
Em setembro do ano passado, Salvador ganhou um speakeasy para chamar de seu. Bares do tipo ficaram célebres na época da Lei Seca nos Estados Unidos, instituída em 1920, e, por outros motivos, continuam em alta. No Purgatório, cuja carta de drinques autorais é assinada pelo bartender Jonatan Albuquerque, os clientes só são informados da localização exata depois da reserva. Quem aparece de bermuda, regata ou chinelo é convidado a dar meia-volta.
Pituba, Salvador (o endereço exato não é divulgado).