Burberry: marca retoma lucros após pior fase da pandemia. (Andrey Rudakov/Bloomberg)
Bloomberg
Publicado em 20 de julho de 2021 às 07h36.
Com o fim das restrições da pandemia em alguns países, consumidores correram às lojas de marcas europeias que vendem de tudo, como relógios, tênis e bolsas.
A Richemont, dona das marcas Cartier e Van Cleef & Arpels, mais que dobrou a receita trimestral, enquanto as vendas da Burberry superaram as estimativas.
Os resultados mostram que consumidores estão ansiosos para comprar bens de luxo depois dos lockdowns e vacinação mais rápida. A fabricante de calçados esportivos Puma elevou a estimativa de vendas anuais, em mais um sinal de que os consumidores estão de volta e gastando.
A Burberry disse que se beneficiou da forte demanda de clientes mais jovens em categorias-chave, como artigos de couro e agasalhos. A empresa disse que também vê aceleração do crescimento das vendas de artigos sem desconto.
Sob o comando do CEO Marco Gobbetti, que no mês passado anunciou planos de deixar o cargo no final do ano, a Burberry tem conseguido tornar seus trenchcoats e bolsas mais exclusivos com menos descontos e menos vendas em lojas de terceiros.
A Burberry também desenvolve sua linha de artigos de couro, uma categoria crucial que mostrou resiliência durante a pandemia em relação às marcas rivais Louis Vuitton e Hermes. No último trimestre, a Burberry lançou a bolsa Olympia, promovida pelo influencer Kendall Jenner e a cantora FKA Twigs.
A empresa disse que a receita no atacado - gerada por canais de distribuição terceirizados - deve aumentar em cerca de 60% no período até o final de setembro, graças à forte carteira de pedidos.
A estratégia da Burberry, que começava a dar resultados, agora é questionada com a decisão de Gobbetti de trabalhar para a Salvatore Ferragamo, que também busca uma reformulação. Também se cogita se Riccardo Tisci, diretor criativo da Burberry e antigo colaborador de Gobbetti, irá segui-lo.
A recuperação das vendas da Richemont reflete uma recuperação das exportações de relógios suíços, que retornam aos níveis pré-pandemia após a maior queda anual desde a crise financeira, impulsionada pela demanda na China e nos EUA. A Swatch disse esta semana que voltou a registrar lucro no primeiro semestre em relação ao ano anterior.
As vendas divergem em regiões onde o turismo foi retomado e onde ainda está dormente devido à pandemia. Na Europa, que tradicionalmente conta com turistas abastados que gastam em Paris, Londres ou Suíça, a receita caiu 15% em relação aos níveis de 2019. Em contraste, as vendas da região do Oriente Médio aumentaram 55%, impulsionadas pela demanda em Dubai e na Arábia Saudita. EUA e Ásia também registraram forte demanda doméstica.
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“Acreditamos que as marcas dominantes com produtos icônicos continuarão a ganhar cada vez mais participação no mercado de luxo”, disse em relatório Jean-Philippe Bertschy, analista do Bank Vontobel.