Prêmio Nobel: instituição laureia descobertas e contribuições para a humanidade desde 1901. (ANGELA WEISS/Reuters)
Matheus Doliveira
Publicado em 8 de outubro de 2021 às 16h13.
Última atualização em 11 de outubro de 2021 às 10h59.
Criado pelo químico sueco Alfred Nobel, inventor da dinamite, o Prêmio Nobel laureia desde 1901 os profissionais que realizaram descobertas ou contribuições relevantes para a humanidade em 6 áreas-chave: medicina, química, física, literatura, paz e economia. Os vencedores são escolhidos por um corpo de jurados associado à instituição do Nobel, a maior parte deles suecos. Além do reconhecimento público e da medalha de ouro com o rosto de Alfred Nobel esculpido, os premiados também ganham uma quantia em dinheiro. Em 2021, o montante é de 10 milhões de coroas suecas, cerca de 6,2 milhões de reais, para cada categoria.
O médico americano David Julius e seu colega libanês Ardem Patapoutian foram os vencedores do Nobel da Medicina por realizarem descobertas sobre os receptores de temperatura e de toque presentes no corpo humano. "Essas descobertas revolucionárias lançaram atividades de pesquisa intensas, levando a um rápido aumento em nossa compreensão de como nosso sistema nervoso sente o calor, o frio e os estímulos mecânicos. Os laureados identificaram elos essenciais que faltavam em nossa compreensão da complexa interação entre nossos sentidos e o meio ambiente", comunicou a Academia do Nobel.
O Nobel de física 2021 foi entregue a 3 físicos: Syukuro Manabe (japonês com cidadania amaricana), Klaus Hasselmann (Alemanha), e Giorgio Parisi (Itália). Segundo a Academia, os 3 cientistas contribuíram com descobertas na área da física que ajudou a alertar o mundo sobre o aquecimento global. A dupla Manabe e Hasselmann receberam a metade do prêmio pela modelagem física do clima da Terra. Já o italiano Parisi foi laureado pelas suas descobertas sobre a interação da desordem e das flutuações nos sistemas físicos. Ele receberá a outra metade do prêmio em dinheiro.
O alemão Benjamin List e o americano David W.C. MacMillan levaram para casa o Nobel da química por desenvolverem uma nova ferramenta de construção de moléculas: a organocatálise. A invenção do início dos anos 2000 passou a ser utilizada na pesquisa de novos produtos farmacêuticos e ajudou a tornar a química menos nociva ao meio-ambiente, disse comitê do Nobel.
Autor de livros como "Desertion" e "By the sea", o escritor tanzaniano Abdulrazak Gurnah ganhou o Nobel de Literatura de 2021. Segundo a Academia, o prêmio foi concedido "por sua penetração intransigente e compassiva dos efeitos do colonialismo e do destino do refugiado no abismo entre culturas e continentes". Gurnah já publicou 10 romances e é conhecido sobretudo pelo livro "Paradise", ("Paraíso") de 1984, ambientado no leste da África durante a Primeira Guerra Mundial, finalista na época do Booker Prize de ficção. As obras do autor não foram publicadas no Brasil.
O prêmio Nobel da Paz de 2021 foi concedido a dois jornalistas. Maria Ressa é uma das fundadoras da Rappler (rappler.com), empresa de mídia digital de jornalismo investigativo. "Ressa usa a liberdade de expressão para expor o abuso de poder, o uso da violência e o crescente autoritarismo em seu país natal [Filipinas]", disse a academia sueca, "Rappler deu atenção à campanha assassina do regime de Duterte [presidente das Filipinas]. O número de mortes é tão alto que parece uma guerra contra a própria população do país". Ela é a primeira mulher a receber o prêmio na edição 2021. Já Dmitry Muratov é russo e cofundador do jornal independente "Novaya Gazeta" (novayagazeta.ru), que já teve seis jornalistas mortos desde que foi fundado, em 1993. Ele é editor-chefe do jornal desde 1995. "Apesar das mortes e ameaças, Muratov se recusou a abandonar a política independente do jornal", afirmou Berit Reiss-Anderson, presidente do conselho do Nobel.
O prêmio será entregue na próxima segunda-feira, 11.