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Quem fez essa roupa que você está usando?

A Semana Fashion Revolution, que acontece em mais de 100 países, discute a moda sustentável em tempos de pandemia

Transparência: artesã com placa do movimento Fashion Revolution (Fashion Revolution Brasil/Divulgação)

Transparência: artesã com placa do movimento Fashion Revolution (Fashion Revolution Brasil/Divulgação)

Ivan Padilla

Ivan Padilla

Publicado em 20 de abril de 2020 às 11h31.

Última atualização em 20 de abril de 2020 às 16h38.

O assunto já estava em alta. Com o fechamento de confecções, lojas e shopping centers causado pela pandemia do coronavírus, e a consequente discussão sobre nossos atuais padrões de consumo, moda sustentável torna-se um assunto ainda mais urgente. Esse é o tema da Semana Fashion Revolution, evento que acontece ao mesmo tempo em mais de 100 países de segunda (20) a domingo (26).

As discussões – virtuais, evidentemente – girarão em torno de quatro temas dentro do segmento da moda: consumo, composição das roupas, condições de trabalho e ações coletivas. Os debates tratarão da composição das roupas até a a rotina de trabalhadores da indústria que manuseiam químicos diariamente, passando pela saúde do solo e das águas.

O Fashion Revolution é uma organização internacional com representação em diversos países que nasceu da tragédia do Rana Plaza, em Bangladesh, em 2013, quando um prédio que abrigava dezenas de confecções ruiu. O saldo foi de mais de 1 mil mortos e gerou uma ampla discussão sobre as condições de trabalho no setor. O Fashion Revolution prega maior transparência, sustentabilidade e ética na indústria da moda por meio da conscientização, mobilização e educação.

Parentes seguram fotos de pessoas desaparecidas após o desabamento do prédio Plaza Rana, em Daca, no Bangladesh

Parentes seguram fotos de pessoas desaparecidas após o desabamento do prédio Rana Plaza, em Bangladesh (Khurshed Rinku/Reuters)

"É essencial unirmos nossas vozes para transformar a indústria da moda”, diz Fernanda Simon, diretora do Fashion Revolution Brasil. “Espero que nosso evento seja um impulso rumo à um setor mais justo para todos.”

No perfil do Fashion Revolution Brasil (@fash_rev_brasil), mais de 60 parceiros irão contribuir para o debate com participações em vídeos e lives. São eles pesquisadores, educadores, trabalhadores da cadeia produtiva, criativos, agências de tendências, ONGs, imigrantes, políticos, ambientalistas e cooperativas de periferias. Entre os destaques estão Senai, Repórter Brasil, ONU Mulheres e Akatu.

Junto com os debates, o Fashion Revolution Brasil lança mais uma vez a campanha #QuemFezMinhasRoupas, estimulando fabricantes e consumidores a postar no Instagram fotos de peças confeccionadas de forma sustentável. Mais de 50 mil imagens já foram publicadas com a hashtag.

No Brasil, o setor da moda emprega diretamente 1,5 milhão de pessoas. Com os postos indiretos, o número chega a 8 milhões. Segundo a consultoria McKinsey, a indústria global do segmento está avaliada em US$ 2,5 trilhões. É um mercado que se vê ameaçado agora em todas as pontas, das lojas populares de rua fechadas ao cancelamento das semanas europeias de moda.

A programação da Semana Fashion Revolution está disponível aqui.

Semana Fashion Revolution: discussões sobre ética e transparência na moda (Fashion Revolution Brasil/Divulgação)

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