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Quadro de R$ 8 milhões rasgado: as peças destruídas durante invasão em Brasília

A destruição também inclui peças de Sergio Rodrigues, Victor Brecheret, Athos Bulcão, Oscar Niemeyer e Ana Maria Niemeyer

Trabalhadores fazem medições para substituir um espelho quebrado onde está pendurada uma pintura vandalizada do artista brasileiro Emiliano di Cavalcanti, no Palácio do Planalto, em Brasília. (CARL DE SOUZA/AFP/Divulgação)

Trabalhadores fazem medições para substituir um espelho quebrado onde está pendurada uma pintura vandalizada do artista brasileiro Emiliano di Cavalcanti, no Palácio do Planalto, em Brasília. (CARL DE SOUZA/AFP/Divulgação)

Drc

Da redação, com agências

Publicado em 10 de janeiro de 2023 às 16h36.

Após a invasão terrorista no domingo (8), a perícia feita pela Câmara dos Deputados estima em ao menos R$ 3 milhões os prejuízos causados ao patrimônio público. O valor inclui mesas de vidro, cadeiras, mais de 400 computadores quebrados, além duas de caminhonetes de Polícia Legislativa.

Os técnicos da Casa ainda devem incluir na conta a restauração de itens históricos, como um vitral do artista plástico Athos Bulcão e uma cadeira projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer, que foram danificados por vândalos.

Obras de arte que foram presenteadas à Casa, como vasos de porcelana chinesa e uma obra de arte feita em ouro e pérolas, que foi dada pelo então primeiro-ministro do Catar em visita ao Brasil, seguem desaparecidas. Outra obra, esta dada pelo presidente da Câmara dos Deputados da Índia ao governo brasileiro, feita de ouro e cravejada por cristais Swarovski, também não foi localizada.

O Sergio Rodrigues Atelier, responsável pela produção e venda de mobiliário do arquiteto Sergio Rodrigues, juntamente com o Instituto Sergio Rodrigues, trabalham no mapeamento e posterior restauração dos móveis assinados por Sergio, arquiteto responsável por grande parte do mobiliário disponível no Palácio do Planalto.

“O prejuízo causado pelos atos de vandalismo certamente chegará a casa de centenas de milhões de reais, só calcular o valor deste prejuízo já será uma tarefa árdua. Terá que se avaliar ainda o quanto desse patrimônio poderá ser de fato restaurado. As obras de arte certamente serão as mais complexas de se recuperar. No mobiliário creio que uma boa parte poderá ser restaurada, recuperando partes com danos leves e medianos e substituindo as partes mais danificadas, além de se refazer os estofamentos. Imagino que serão necessários uns dois anos para vermos os ambientes dos Palácios recompostos”, afirma Fernando Mendes, presidente do Instituto Sergio Rodrigues.

Dentre as peças danificadas estão duas poltronas, duas mesas e uma cadeira.

Como a Poltrona Leve Kiko, de 1964 (reeditadas a peça custa entre R$ 10 mil e R$ 15 mil). Criada originalmente para o Palácio dos Arcos - Itamaraty, a peça tem estrutura em madeira, assento e encosto revestidos em couro, botões de latão cromado, confeccionadas em jacarandá na ocasião de sua criação, 1964. Em 2010 cerca de 700 peças foram encomendadas, diretamente com o escritório do arquiteto Sergio Rodrigues, entre poltronas Kiko e cadeiras Tião, majoritariamente, para o Planalto.

Poltrona Kiko, de Sérgio Rodrigues: destruída durante a invasão terrorista. (Divulgação/Divulgação)

Nas imagens dos objetos destruídos também aparece a Mesa Vitrine, de 1958. Criada numa versão alta para o Museu JK - Brasília, também ganhou espaços no Palácio dos Arcos e do Planalto. Mais tarde Sergio Rodrigues criou a versão baixa para ser utilizada como mesa de centro, mantendo a concepção original da caixa para expor documentos ou objetos sob o tampo de vidro.

Na inundação do piso térreo de edifício foi encontrada boiando a obra "Bandeira do Brasil", de Jorge Eduardo. No terceiro andar, a obra "As mulatas", de Di Cavalcanti, também foi vandalizada com sete partes rasgadas. A obra é avaliada em R$ 8 milhões. Assim como a a escultura "O flautista", de Bruno Giorgi, avaliada em R$ 250 mil, foi quebrada totalmente.

A escultura "a bailarina", feita em bronze pelo artista plástico Victor Brecheret, em 1920, que tinha sido dada como desaparecida, foi encontrada mas quebrada em seu pedestal. O marchand Evandro Carneiro avalia a peça em R$ 300 mil e diz que, por ser de bronze, pode ter um tipo de restauração mais complexa, devido ao material.

Uma poltrona estofada em couro legítimo, projetada por Oscar Niemeyer e Ana Maria Niemeyer, em 1970, sofreu avarias. Um painel esculpido por Athos Bulcão foi atingido por objetos e está danificado. Ainda não se sabe qual será o custo dos reparos dessas obras.

Só em vidraçaria, o prejuízo estimado é de R$ 100 mil. Outros bens danificados também não constam na lista: mesas de vidro do Salão Verde e da liderança do MDB, cadeiras do Colégio de Líderes, cadeiras operacionais das lideranças do PSDB, PT e MDB, além da mesa de telefone do Colégio de Líderes

A Câmara informou, porém, que ainda não foram levantados os custos com mão de obra e material necessários para a limpeza dos ambientes, além de reparos da rede elétrica da plataforma superior do Palácio do Congresso.

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