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Presidente do Spotify defende permanência de podcast de Joe Rogan

O debate acontece depois que Joe Rogan questionou a eficácia das vacinas contra a covid

DREX: a revolução digital do sistema tributário inspirada pelo modelo do Spotify.

 (Christian Hartmann/Reuters)

DREX: a revolução digital do sistema tributário inspirada pelo modelo do Spotify. (Christian Hartmann/Reuters)

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AFP

Publicado em 4 de fevereiro de 2022 às 08h17.

O presidente e fundador do Spotify, Daniel Ek, classificou de vital para sua companhia o podcast de Joe Rogan, que está no olho do furacão por questionar a eficácia das vacinas contra a covid, e defendeu a permanência de seu conteúdo em um discurso interno.

Ek explicou a seus funcionários que, apesar de considerar "muito ofensivas" e estar "fortemente em desacordo" com "muitas coisas" que Joe Rogan diz, "para alcançar suas metas, a plataforma deve manter conteúdos com os quais muitos de seus funcionários não querem ser associados, de acordo com um discurso vazado nesta quinta-feira (3) pela publicação The Verge.

"Nem tudo é válido, mas haverá opiniões, ideias e crenças com as quais discordamos fortemente, e inclusive que nos deixam furiosos ou tristes", ressaltou Ek.

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A plataforma tem sido duramente criticada por lendas da música como Neil Young e Joni Mitchell, que retiraram seu catálogo do Spotify em protesto contra a difusão de alguns episódios do podcast "Joe Rogan Experience", nos quais são questionadas as vacinas contra a covid-19, entre outros temas.

Algumas celebridades e políticos, no entanto, foram às redes defender o podcaster, como Dwayne 'The Rock' Johnson, o surfista Kelly Slater, a cantora Jewel e, inclusive, o presidente brasileiro Jair Bolsonaro, alegando que o apresentador tem direito à liberdade de expressão.

"Não tenho certeza sobre o que @joerogan acha de mim ou do meu governo, mas não importa. Se a liberdade de expressão significa alguma coisa, é que as pessoas deveriam ser livres pra dizer o que elas acham, não importa se concordam ou discordam da gente", escreveu Bolsonaro na quarta-feira (2) à noite, em um tuíte apenas em inglês, algo incomum em sua conta.

Em meio à controvérsia, as ações da companhia sueca despencaram 17% nesta quinta-feira na Bolsa de Nova York.

O Spotify respondeu às críticas anunciando que incluiria advertências nos episódios do podcast cujo conteúdo discuta informação sobre a covid-19, e links que levem os usuários a informações factuais e fontes científicas.

Segundo Ek, alguns episódios do podcast de Rogan já tinham sido eliminados por não se adequarem às regras do Spotify.

O executivo, no entanto, ressaltou que, por sua posição líder no mercado mundial, "é impossível ignorar a escala e o sucesso" do podcast "Joe Rogan Experience", que tem total autonomia sobre seu conteúdo e com quem a plataforma assinou um contrato de exclusividade no ano passado.

A publicação The Verge afirmou que os funcionários do Spotify estavam ansiosos pela reunião e que alguns deles se sentiam frustrados pelo fato de a companhia estar sendo impulsionada pelo acordo com Rogan.

"Não podemos escrever novas ou diferentes políticas com base em notícias ou questionamentos de pessoas", disse Ek, para quem a expressão criativa e a segurança dos ouvintes "raramente entram em conflito".

"Para ser honesto, se não tivéssemos tomado alguma das decisões que tomamos, tenho certeza de que nossa empresa não estaria onde está hoje", disse Ek, segundo o discurso vazado por The Verge.

O Spotify é mais recente companhia de tecnologia que enfrenta o dilema de equilibrar lucro e conteúdo.

As redes sociais têm sido chamadas a implementar medidas para moderar os conteúdos difundidos em suas plataformas, em especial aqueles que são considerados discurso de ódio, enquanto a Netflix foi acusada no ano passado de difundir programação ofensiva à comunidade LGBTQIA+.

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