Vista de prédios na zona oeste de São Paulo (Germano Lüders / EXAME)
Da Redação
Publicado em 4 de outubro de 2015 às 11h22.
São Paulo - Daqueles modismos que ganham a torcida para que não passem, construtoras e incorporadoras têm investido em obras artísticas nas áreas comuns de edifícios recém-inaugurados em São Paulo.
Como tais adereços costumam ser instalados nos jardins, com diálogo para o espaço público da rua, são exemplos de arte privada interferindo na paisagem pública.
Premiado com o Master Imobiliário 2015, o empreendimento multiuso FL 4300, na Vila Olímpia, zona sul de São Paulo, tem uma obra do artista plástico paulistano Artur Lescher, que vê na tendência uma fresta de mercado para o meio artístico - e respiro visual para quem vive na metrópole. "Como alguém que gosta de andar a pé pela cidade, acho interessante essa surpresa que uma obra de arte fora do museu pode provocar nas pessoas", comenta.
No portfólio da incorporadora Stan, o FL 4300 é mais um a contar com arte em seus espaços comuns. "Acreditamos na simbiose entre arte e arquitetura e temos visto bons resultados disso no exterior", avalia o vice-presidente executivo da empresa, Stefan Neuding Neto.
"É uma linha que pretendemos seguir. Em um primeiro momento, não agrega valor financeiro ao prédio, mas sem dúvida traz valor em termos de identificação e referência."
É o caso do Habitarte Brooklin, lançamento no bairro homônimo, também na zona sul da cidade. A "cereja do bolo" do projeto é uma obra exclusiva dos badalados designers Fernando e Humberto Campana, os irmãos Campana.
Vai ficar no vão-livre entre as duas torres residenciais. Tudo dialogando com a arquitetura, do escritório Aflalo & Gasperini - uma linguagem definida por linhas retas e "caixas" que enquadram os apartamentos em alturas diferentes.
Também são da mesma empresa os prédios batizados de Arte Arquitetura - um no Itaim-Bibi e outro nos Jardins, ambos na zona sul de São Paulo, dois em Pinheiros, na zona oeste, e, agora, um lançamento em Moema, também na zona sul. "São cinco projetos diferentes, com cinco artistas plásticos diferentes", cita Neuding Neto.
Da Brookfield, no bairro de Pinheiros, o Brookfield Home Design traz 45 painéis pintados pelo artista espanhol David Dalmau, com cenas inspiradas no cotidiano do bairro nova-iorquino Soho.
"Arte é inovação", resume Carlos Eduardo Fernandes, superintendente comercial da incorporadora. "Com isso, tiramos aquela imagem de que 'todo prédio é igual'. Com obras de arte, cada empreendimento tem a sua personalidade."
A mesma empresa também lançou o ArtWork, na Vila Mariana, na zona sul da cidade, que terá um painel do artista Roberto Camasmie - visível a partir da Rua Domingos de Morais.
Coleção. Outro premiado no Master Imobiliário deste ano, o Berrini One, na Vila Olímpia, tem praticamente um acervo artístico: são três as obras de arte que decoram o empreendimento.
O artista venezuelano Carlos Cruz Diez criou um painel de 60 metros de largura por 3 metros de altura que fica no lobby do edifício - trata-se da maior obra dele em um edifício corporativo. Além disso, na entrada há uma escultura de Arnaldo Diederichsen. E, no subsolo, existe um painel de André Crespo.
"Há uma conexão muito grande entre arquitetura, design e arte", defende a gerente de Marketing da Bueno Netto Empreendimentos Imobiliários, Renata Brasileiro Lima.
"E acreditamos que, ao incorporar obras de arte e conectá-las com a arquitetura e o paisagismo, estamos valorizando nossos prédios." Um discurso que parece estar se repetindo na construção civil. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.