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Por que a Burberry está prestes a deixar a Bolsa de Londres?

A desaceleração econômica global, especialmente na China, e desafios no reposicionamento da marca ameaçam permanência da Burberry no principal índice de ações do Reino Unido

Burberry pode ser excluída da Bolsa de Londres depois de 15 anos seguidos. (SOPA Images/Getty Images)

Burberry pode ser excluída da Bolsa de Londres depois de 15 anos seguidos. (SOPA Images/Getty Images)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 23 de agosto de 2024 às 11h16.

Última atualização em 23 de agosto de 2024 às 11h43.

A Burberry, símbolo do luxo britânico, pode estar prestes a sair do FTSE 100, o índice que reúne as principais ações da Bolsa de Valores de Londres. Essa possível exclusão, que encerraria uma permanência de 15 anos, reflete os problemas enfrentados pela empresa nos últimos tempos, em meio a uma desaceleração econômica global e dificuldades em suas estratégias de marca. As informações são da Bloomberg.

A Burberry tem sido fortemente impactada pela queda na demanda por produtos de luxo, uma tendência que se intensificou devido ao desaquecimento econômico na China, mercado fundamental para a empresa. Nos últimos três meses, as ações da Burberry caíram cerca de 33%, reduzindo sua capitalização de mercado para £2,5 bilhões (equivalente a R$ 18,7 bilhões), posição que a coloca em 140º lugar no índice FTSE 350, composto por grandes e médias empresas do Reino Unido.

O declínio no valor de mercado da Burberry ocorre em um momento de reavaliação das empresas que compõem o FTSE 100, realizado trimestralmente pelo FTSE Russell. Para permanecer no índice, uma empresa precisa manter uma posição superior à 111ª entre as ações elegíveis; entretanto, com a queda acentuada das ações da Burberry, a marca está agora à beira de ser removida.

Os desafios enfrentados pela Burberry vão além do contexto econômico global. A marca, que se tornou icônica com seus trench coats de forro xadrez, tem lutado para se reposicionar como uma grife de luxo de alta gama, tentando competir com marcas francesas consagradas como Louis Vuitton e Hermès. No entanto, esses esforços têm falhado em atrair os consumidores, especialmente em segmentos mais afetados pela inflação e pelo aumento do custo de vida.

Mudança de liderança

Além disso, a empresa tem passado por uma série de mudanças na liderança, com seu CEO sendo substituído no mês passado. Essa instabilidade no comando da Burberry só agravou os problemas enfrentados pela marca, que tem visto suas vendas e suas ações despencarem, superando as perdas de outras marcas de luxo em reestruturação, como Kering e Hugo Boss.

De acordo com as regras do FTSE Russell, uma empresa é removida do FTSE 100 se sua capitalização de mercado cair para a 111ª posição ou inferior entre as ações elegíveis durante o reequilíbrio do índice. Com a Burberry em uma posição cada vez mais vulnerável, a seguradora Hiscox é apontada como uma provável substituta no índice.

O anúncio oficial das mudanças na composição do FTSE 100 será feito no dia 4 de setembro, após o fechamento dos mercados europeus. Se confirmada a exclusão da Burberry, a marca enfrentará um novo desafio em sua já difícil jornada de recuperação e reposicionamento no mercado global de luxo, onde precisa urgentemente reafirmar seu prestígio e atratividade junto aos consumidores.

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