Sheldon Chalet: hóspedes chegam de helicóptero e são recepcionados com champanhe (Sheldon Chalet/Divulgação)
Marília Almeida
Publicado em 25 de fevereiro de 2018 às 07h00.
Última atualização em 25 de fevereiro de 2018 às 07h00.
Um dos hotéis mais luxuosos do Alasca, e um dos mais remotos de qualquer lugar, acabou de abrir em um afloramento de uma geleira rochosa, ou nunatak, no meio do Parque Nacional Denali. Das janelas do resort, os hóspedes - no máximo 10 de cada vez - podem ver a dança da aurora boreal no céu ou admirar um horizonte infinito de picos irregulares cobertos de neve intocada. A única coisa entre eles e o cume mais próximo é uma parede vertical de pedra que tem o dobro da altura do arranha-céu Burj Khalifa, de Dubai.
Conseguir as autorizações finais para construir o Sheldon Chalet levou mais de uma década. A construção demorou mais três anos. O tempo que leva para chegar lá, saindo de Los Angeles, equivale praticamente à duração de um voo a Tóquio: são seis horas de avião até Anchorage, duas horas de carro até a pequena (mas encantadora) cidade de Talkeetna e uma hora de helicóptero até o Anfiteatro Don Sheldon, um vale de 90 quilômetros quadrados esculpido pelo gelo glacial à sombra da montanha mais alta da América do Norte.
Tudo isso é apenas uma parte dos 50 anos de uma história familiar que fazem com que o Sheldon Chalet seja tão especial para o Alasca.
Robert Sheldon, que construiu o Sheldon Chalet com a ajuda da esposa, Marne, e da irmã, Kate, perdeu o pai, Don, um piloto pioneiro do Alasca, quando tinha apenas quatro anos de idade. "Eu tenho poucas recordações com meu pai, e a mais antiga é decolar da pista da aldeia de Talkeetna em um avião muito pequeno, zunindo pelas nuvens brancas."
A pista de pouso primária do Parque Nacional Denali - construída pelo pai de Sheldon para facilitar suas explorações com o fotógrafo e cartógrafo Brad Washburn - fica a 800 metros do Sheldon Chalet. "Essa é a origem do interesse por esta região", explica Marne, que administrou a logística enquanto o hotel tomava forma. Tudo, dos puxadores de gaveta até o sistema de aquecimento, precisou ser levado de helicóptero ou avião para aquela pista de pouso, e a família está entre os poucos sortudos que têm uma autorização especial para voar lá, graças à sua longa história na região.
O Sheldon Chalet é uma visão atualizada de um antigo sonho. Os hóspedes chegam de helicóptero - passeio em que atravessam fendas estreitas nos cânions circundantes - e são recepcionados com champanhe e aperitivos de mariscos do Alasca. "Tudo é extravagante desde o início", diz Marne. "Uma das coisas que mais gosto é ver o rosto das pessoas quando elas pousam – parece que o cérebro não consegue entender o que os olhos estão vendo. Elas precisam respirar um pouco para absorver tudo."
No interior, há uma sala chamada Commons, ancorada por uma lareira finlandesa especial que funciona como um sistema de aquecimento de alta eficiência e de combustão ecológica. A sala de jantar conta com uma bela mesa em bétula, feita à mão em Talkeetna. A decoração dos quartos é simples, com colchas de pelo sintético e vistas panorâmicas, para que os hóspedes se concentrem primordialmente na beleza do exterior. A família Sheldon quer que a propriedade seja neutra em termos de carbono e acredita que está perto de conseguir isso, graças a painéis solares enormes e ao sistema de abastecimento de água por escoamento.