Os Paralamas do Sucesso 1983 - 2015, chega agora às lojas com dois anos de atraso, por causa de uma turnê em comemoração aos 30 anos da banda, em 2013 (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 27 de abril de 2015 às 18h04.
São Paulo - É como se cada disco fosse uma fotografia. E, uma caixa deles, um álbum de fotografias. Memórias, lágrimas e risos, momentos registrados para a eternidade em 18 álbuns e 32 anos de carreira.
Os três integrantes do Paralamas do Sucesso repetem, como um mantra, que não são afeitos a nostalgia e preferem manter as cabeças viradas para frente, em vez de buscar um olhar para o passado.
Em 2013, eles se deram esse direito. Eram, afinal, 30 anos de trio. Rodaram - e ainda rodam - o Brasil com uma turnê e a caixa com a discografia completa que seria lançada para comemorar a data, atrasou.
Os Paralamas do Sucesso 1983 - 2015, chega agora às lojas, com dois anos de atraso, para encerrar o capítulo saudoso da carreira de Herbert Vianna, Bi Ribeiro e João Barone.
"Essa caixa é ótima para lembrar quantos álbuns a gente já lançou", brinca o baterista Barone, entre risos. "Tomamos um susto, na verdade, ao ver quanto tempo já passou, tanta coisa que já fizemos. Estivemos tão ocupados e não nos atentamos à passagem do tempo."
Ribeiro concorda: "Temos muito orgulho do que está ali. Foi tudo muito verdadeiro, feito com sangue quente da melhor forma. A gente ainda se surpreende por ver determinada faixa ou disco.Como nos álbuns de família, nem sempre gostamos de todas as nossas fotografias. A relação agridoce da banda, neste caso, é com disco de estreia, Cinema Mudo, de 1983. Uma foto daquele momento entre a adolescência e a vida adulta, quando a nossa identidade física e emocional ainda estava em formação.
"Sentíamos que estavam nos fazendo um favor por deixarem a gente gravar um disco", relembra Vianna. O Passo do Lui (de hits como Óculos, Meu Erro, Romance Ideal e por aí), do ano seguinte, por sua vez, é considerado o marco, o ponto no qual o Paralamas se encontrou.
Isso não quer dizer que eles tenham permanecido assim. "Acho que fomos muito ousados. Na nossa imersão no reggae, o dub, que era uma coisa que nunca fazia no Brasil, a poesia do Herbert, nosso deslumbre pelo afrobeat nos dois discos depois do Selvagem?", diz Barone. "Apostávamos tudo."
São dois discos extras na caixa, um com raridades e outro com os sucessos da banda em espanhol, além das inéditas versões de Que me Pisen (do grupo argentino Sumo) e Hablando a tu Corazón (de Charly Garcia e Pedro Aznar), Ainda parece estar colado na retina do grupo o primeiro encontro com Luca Prodan, vocalista do Sumo.
"Parecia um mendigo", brinca Barone, sobre o encontro com o músico em meados dos anos 80. "Ele entrou no nosso camarim na Argentina sem camisa, descaso, com a unha preta."
A influência pela musicalidade dele foi tamanha que o filho de Herbert recebeu o nome em homenagem ao italiano erradicado na Argentina. E o futuro parece apontar para o sangue latino do Paralamas.
Além de músicas inéditas (Herbert em um caderno cheio de canções, garante a banda), o grupo burila novas versões de músicas do repertório argentino. "Temos a necessidade de lançar novas músicas, de nosmantermos ativos", revela Ribeiro.