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"Pantera Negra" e "Lady Bird" chegam aos cinemas

"Pantera Negra" traz a história de um super-herói e "Lady Bird" tornou a diretora Greta Gerwig a quinta mulher indicada ao Oscar de direção

"Pantera Negra": Chadwick Boseman interpreta o personagem (Peter Nicholls/Reuters)

"Pantera Negra": Chadwick Boseman interpreta o personagem (Peter Nicholls/Reuters)

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Reuters

Publicado em 14 de fevereiro de 2018 às 18h25.

Veja um resumo dos principais filmes que estreiam no país na quinta-feira:

"PANTERA NEGRA"

Inspirada num personagem africano criado em 1966 pela dupla Stan Lee e Jack Kirby, a aventura de Ryan Coogler tem como cenário Wakanda, um reino africano isolado, um verdadeiro paraíso futurista, em que carros voadores coexistem com florestas e cachoeiras, mas cuja superioridade é mantida oculta aos olhos do mundo. De todo modo, ficou imune aos males da colonização e da escravidão.

O grande segredo deste progresso é o vibranium, elemento extraído de um meteoro alienígena, altamente poderoso e quase indestrutível. Mas, apesar de todo o sigilo, criminosos já descobriram o material, conseguindo roubar alguma quantidade dele, façanha do traficante de armas Ulysses Klane (Andy Serkis).

Este incidente, aliado à morte do rei de Wakanda, vão exigir a tomada de posição de T'Challa (Chadwick Boseman), seu filho, que se tornará o Pantera Negra. O príncipe tem que submeter-se a uma série de rituais desafiadores, num processo supervisionado pelo sábio Zuri (Forest Whitaker). Mas terá a seu lado várias mulheres, como a mãe Ramonda (Angela Bassett), a irmã cientista Shuri (Letitia Wright), a agente secreta Nakia (Lupita Nyongo'o) e uma guarda guerreira comandada pela general Okoye (Danai Gurira).

"LADY BIRD - A HORA DE VOAR"

Por "Lady Bird", a também atriz Greta Gerwig tornou-se a quinta mulher indicada ao Oscar de direção. No longa, que ela roteirizou, há uma história delicada e sagaz sobre o amadurecimento de uma adolescente que aspira a sair da cidade onde mora. Indicado a cinco Oscar (filme, direção, atriz, atriz coadjuvante e roteiro original), o filme ganhou o Globo de Ouro de melhor comédia.

Lady Bird (Saoirse Ronan), nome que ela mesma se deu (na verdade, chama-se Christine), está prestes a terminar o ensino médio e quer ir para uma faculdade bem longe de Sacramento, onde vive. Como qualquer adolescente, ela é repleta de dúvidas, inseguranças, frustrações e sonhos. Sua mãe, Marion (Laurie Metcalf), quer o melhor para a garota, mas geralmente suas ideias não coincidem com as intenções da filha e as duas vivem em permanente conflito.

As indicações ao Oscar das duas atrizes são bastante merecidas, pois suas interpretações trazem à tona o que há de mais humano em personagens que poderiam facilmente recair em caricaturas. No entanto, o cuidado com que foram elaboradas e a sutileza da diretora evitam que se tornem clichês ambulantes.

"MUDBOUND - LÁGRIMAS SOBRE O MISSISSIPPI"

Uma das ausências mais inexplicáveis na lista dos indicados ao Oscar neste ano é a do drama "Mudbound" nas categorias principais - embora o filme tenha entrado para história com a indicação de sua diretora de fotografia, Rachel Morrison, a primeira mulher a concorrer na categoria. Ainda assim, é muito pouco para uma obra que revisita vigorosa e criticamente o passado recente dos EUA.

Ao centro, estão duas famílias às margens do Mississipi, uma de brancos e outra de afrodescendentes. A diretora Dee Rees constrói um retrato quase simétrico entre os dois clãs, dos quais saem dois jovens (Garrett Hedlund e Jason Mitchell) para lutar na Segunda Guerra, desencadeando feridas que afetam a todos, por conta da persistência do racismo.

Rees, que constrói o filme através de uma série de monólogos, inspira-se na tradição literária de William Faulkner e Toni Morrison, mas não se limita a copiá-los. Toma-os para si e, a partir de seus temas e motivos, realiza um filme poderoso.

"EU, TONYA"

Por seu retrato da patinadora Tonya Harding, o drama conseguiu uma merecida indicação ao Oscar, assim como Allison Janney, interpretando a mãe da protagonista, concorrendo como coadjuvante pelo mesmo papel pelo qual já ganhou o Globo de Ouro. Além disso, também concorre a uma estatueta a montadora Tatiana S. Riegel.

Dirigido por Craig Gillespie, o longa acompanha a ascensão e queda de uma das patinadoras artísticas mais promissoras dos EUA, mas com o azar de se envolver sempre com as pessoas erradas - especialmente seu marido Jeff (Sebastian Stan), que, nos anos de 1990, armou um ataque à principal rival da esposa.

A história é controversa e, para dar conta de seus diversos aspectos, o filme é construído em cima de entrevistas fictícias com os principais envolvidos. A atmosfera é de uma comédia de erros e de humor negro, algo que provavelmente funcionaria melhor nas mãos de diretores experientes nesse tom, como os irmãos Joel e Ethan Coen. Mas Gillespie não tem o mesmo talento, assim, o resultado é irregular, especialmente ao transformar sua protagonista em um saco de pancadas cômicas.

"TRÊS ANÚNCIOS PARA UM CRIME"

Originalidade, ritmo e humor negro são ingredientes certos no trabalho do diretor inglês Martin McDonagh, que em "Três Anúncios para um Crime" mais uma vez trabalha com um roteiro original, em seu primeiro filme norte-americano (em coprodução com a Inglaterra). A obra recebeu sete indicações ao Oscar: melhor filme, roteiro original, montagem, trilha original, atriz (Frances McDormand)e duas para atores coadjuvantes (Sam Rockwell e Woody Harrelson).

A começar pela presença luminosa da atriz Frances McDormand à frente do elenco, a história tem um tempero à la irmãos Coen. O drama é forte: Mildred Hayes (Frances) é uma mãe inconformada com o estupro e assassinato da filha que, quase um ano depois, ainda não foram esclarecidos. Assim, ela decide pressionar a polícia local de Ebbing, pequena cidade do Missouri, onde vive. Na mesma estrada onde a moça foi morta - o caminho que leva à casa da família -, Mildred manda colocar três imensos outdoors vermelhos, cobrando o xerife Bill Willoughby (Woody Harrelson).

McDonagh oferece um tremendo palco para Frances brilhar como esta mãe revoltada, capaz de tudo para lutar pelo esclarecimento do crime. O filme é um primor na composição do ambiente da cidadezinha, temperada pelo racismo, a violência policial, a ignorância e o preconceito. Ainda assim, o lugar é habitado por personagens impagáveis, interpretados por Sam Rockwell, Caleb Landry Jones, Peter Dinklage e Lucas Hedges.

 

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