Oscar Niemeyer com a maquete para a construção de Brasília no fim da década de 1950 (AFP/AFP Photo)
Agência de notícias
Publicado em 18 de agosto de 2024 às 09h28.
O vaivém de operários e o barulho de máquinas são sinais de que as obras no Palácio Gustavo Capanema, no centro do Rio de Janeiro, ganharam ritmo. O Ministério da Cultura não crava uma data para a reinauguração do prédio, que está cercado por tapumes e foi visitado recentemente pela ministra Margareth Menezes. A pasta se limita a informar que a expectativa é que a restauração seja finalizada neste segundo semestre.
Em etapas, a reforma do prédio — considerado marco da arquitetura modernista brasileira — começou há dez anos, mas sofreu paralisações. E uma placa, voltada para a Avenida Graça Aranha, informa que a última fase, iniciada em fevereiro de 2019, deveria ter sido concluída em outubro de 2023. Em 2021, o edifício histórico chegou a ser incluído em lista de imóveis da União a serem leiloados, o que depois foi descartado.
Inaugurado em 1943 e tombado pelo Iphan cinco anos depois, o edifício tem 16 andares, sobre o térreo com pilotis. Possui painéis de Candido Portinari, jardins suspensos de Burle Marx e esculturas de artista modernos, e abrigou o antigo Ministério de Educação e Saúde. Foi concebido por expoentes como Lúcio Costa, Carlos Leão, Oscar Niemeyer, Affonso Eduardo Reidy, Ernâni Vasconcelos e Jorge Machado Moreira, com a consultoria do arquiteto franco-suíço Le Corbusier.
Em seu blog no GLOBO, o jornalista Lauro Jardim informou que 40% do palácio vão abrigar órgãos do Ministério da Cultura com sede no Rio, entre eles, a Funarte. Os outros 60% serão dedicados a exposições. Há ainda, de acordo com o blog, a intenção de, no ano que vem, o Brasil pedir à Unesco que o Capanema seja reconhecido como Patrimônio Mundial Cultural.
O arquiteto Jaime Zettel, que presidiu o Iphan na década de 1990 e hoje é conselheiro da Fundação Oscar Niemeyer, conta que está sendo negociada a cessão de um andar para abrigar o acervo e uma exposição sobre Niemeyer. Ele acompanha detalhes da restauração e conta que está sendo instalado ar-condicionado no prédio, com um sistema de ventilação que não interfere no tombamento.
— Trabalhei no projeto de restauro da sede da ONU, em Nova York. O Capanema não é só um marco da arquitetura moderna brasileira, mas mundial. Levei isso ao conhecimento de estudantes (de arquitetura) que achavam que o marco mundial era o prédio da ONU — diz Zettel, de 93 anos, que trabalhou com Niemeyer e Lúcio Costa no Plano Piloto de Brasília, detalhado no mezanino do Capanema, e depois no oitavo andar do edifício, onde funcionava o Iphan.