Em meio à pior crise econômica em três décadas, com escassez de alimentos, remédios e combustível, o governo cubano pretende atrair 3,5 milhões de visitantes estrangeiros (AFP/AFP)
AFP
Publicado em 2 de dezembro de 2021 às 08h34.
Lustres de cristal, tapetes, trabalhos em madeira nobre e, sobretudo, muita tecnologia: os criadores do Centro Fidel Castro Ruz de Havana não pouparam recursos na obra que preservará o legado do líder cubano.
O centro foi inaugurado na última quinta-feira (25) como parte das comemorações pelos cinco anos da morte de Fidel, com uma cerimônia à qual compareceram o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, seu homólogo cubano, Miguel Díaz-Canel, e o general Raúl Castro.
O centro está instalado em uma mansão no bairro de Vedado, que foi construída em 1894 e passou por uma reforma geral que lhe devolveu todo o seu esplendor e valor patrimonial, um palacete de luxo dotado com a mais moderna tecnologia digital.
Criticado por seus adversários, que o acusavam de culto à personalidade, Fidel pediu antes de morrer que não houvesse monumentos em sua homenagem em Cuba.
Seu desejo se tornou lei e não existem estátuas, nem ruas ou praças com seu nome, apenas este centro de dois andares, com entrada livre para cubanos e estrangeiros.
Alberto Albariño, chefe de Preservação do Patrimônio Documental do Palácio da Revolução, afirma que o centro não representou grande custo para os cofres do Estado, pois boa parte do investimento foi coberto com "doações de outros países". O funcionário, no entanto, não quis revelar o montante total gasto na obra.
O local dispõe de nove salas de exposição com enormes telas e mesas interativas, que permitem ao visitante realizar um percurso virtual pela vida e obra de Fidel.
Segundo o diretor do centro, o historiador René González, "dentro de pouco tempo" os visitantes poderão utilizar a realidade virtual para navegar junto com Fidel no Granma, o iate que o levou do México a Cuba em 1956.
O local também conta com uma galeria de arte, uma sala de jogos interativos, duas bibliotecas e uma pequena gráfica.
Nos grandes salões, em cujas paredes há frases famosas do líder revolucionário, também estão expostos alguns de seus objetos pessoais, entre eles seus uniformes militares, um rifle AKM que o acompanhou durante toda a vida e o telefone usado para dar ordens ao comando militar cubano durante a guerra de Angola (1975-1991).
Além disso, os visitantes podem ver algumas das mais de 400 condecorações que recebeu em vida, entre elas a de herói da URSS, e presentes de dignatários, como um busto seu entregue pelo presidente chinês, Xi Jinping, em sua visita a Cuba em 2014.