Erick Barmack, Carol Abras, Jose Padilha, Selton Mello e Elena Soarez (Alexandre Loureiro/Getty Images)
Mariana Desidério
Publicado em 1 de abril de 2018 às 13h23.
Última atualização em 3 de abril de 2018 às 10h54.
São Paulo – A polêmica envolvendo a série “O Mecanismo”, criada pelo cineasta José Padilha e transmitida pela Netflix, ganhou mais um capítulo neste domingo.
A série tem recebido críticas desde seu lançamento, em especial de vozes ligadas ao PT e outros partidos de esquerda, dentre elas a ex-presidente Dilma Rousseff.
Neste domingo, Padilha publicou um artigo no jornal Folha de S.Paulo falando sobre o tema. “O mecanismo não tem ideologia; ele opera nos governos de esquerda e de direita”, defende o cineasta. E completa: “Se a nova lei de delações premiadas tivesse sido sancionada com o PSDB no poder, os políticos denunciados teriam sido Aécio, Serra e FHC. Mas, como a lei foi sancionda com PT e PMDB no poder, os políticos denunciados foram Palocci, Lula, Cunha, Cabral e Temer”.
Sendo assim, na visão do diretor, os formadores de opinião de esquerda deveriam “(...) acordar do estupor ideológico e ajudar pessoas de bem na luta contra o mecanismo que opera no mundo real, em vez de se associar a ele para lutar contra o mecanismo exposto na Netflix”.
Um dos motivos de críticas é o fato de a produção ter atribuído uma fala (“estancar a sangria”) ao personagem que representa o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Fora da ficção, a frase foi dita pelo senador Romero Jucá (MDB-RR) em uma conversa com o ex-senador e ex-presidente da Transpetro (empresa de transporte e logística da Petrobras), Sérgio Machado. O trecho da conversa envolvendo Jucá e Machado foi divulgado em 23 de maio de 2016.
“O cineasta não usa a liberdade artística para recriar um episódio da história nacional. Ele mente, distorce e falseia. Isso é mais do que desonestidade intelectual”, escreveu a ex-presidente Dilma em seu site, acusando a série de fake news.