A 95ª cerimônia do Oscar 2023 acontece amanhã, 12. (ROBYN BECK/AFP/Getty Images)
Julia Storch
Publicado em 16 de março de 2021 às 09h49.
Última atualização em 19 de março de 2021 às 13h14.
Num ano difícil para o cinema e para o mundo, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas faz história com várias indicações inéditas e algumas surpresas. Pela primeira vez, duas mulheres concorrem ao Oscar de melhor direção no mesmo ano: Chloé Zhao por Nomadland e Emerald Fennell por Bela Vingança. Chinesa, Zhao também é a primeira mulher não branca a disputar a estatueta na categoria. As duas são apenas a sexta e a sétima mulheres a concorrer por direção, depois de Lina Wertmüller (Pasqualino Sete Belezas, em 1977), Jane Campion (O Piano, 1993) Sofia Coppola (Encontros e Desencontros, 2003), Kathryn Bigelow (Guerra ao Terror, 2009) e Greta Gerwig (Lady Bird, 2017). Bigelow é a única vencedora.
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Chloé Zhao também é a primeira mulher a concorrer em quatro categorias no mesmo ano: filme, direção, edição e roteiro adaptado.
Outra surpresa da categoria melhor direção foi a indicação do dinamarquês Thomas Vinterberg por Druk - Mais uma Rodada, que também disputa o Oscar de filme internacional. Ele parece ter tomado o lugar de um suposto favorito, Aaron Sorkin, por Os 7 de Chicago. Lee Isaac Chung é o primeiro diretor de origem asiática nascido nos Estados Unidos a concorrer, por Minari - Em Busca da Felicidade. Completa a categoria David Fincher, em sua terceira disputa, por Mank.
No anúncio da manhã de ontem, o casal Priyanka Chopra Jonas e Nick Jonas revelou ainda que 9 entre os 20 indicados nas categorias de atuação são pessoas não brancas, um avanço e tanto em relação ao ano passado, quando houve apenas uma concorrente negra - Cynthia Erivo por Harriet. Steve Yeun é o primeiro americano de origem asiática a disputar o Oscar de melhor ator, por Minari. O inglês Riz Ahmed é o primeiro de origem paquistanesa e o primeiro muçulmano na categoria, por O Som do Silêncio. O favorito é Chadwick Boseman, o primeiro ator negro a concorrer postumamente, por A Voz Suprema do Blues. Dois veteranos completam a lista: Gary Oldman, por Mank, e Anthony Hopkins, por Meu Pai.
Na categoria melhor ator coadjuvante, a surpresa foi LaKeith Stanfield, que fez campanha como ator principal por Judas e o Messias Negro. Ele concorre à estatueta com seu companheiro de elenco Daniel Kaluuya, que parecia o favorito até aqui. A indicação dos dois como coadjuvantes levanta a questão de quem é o protagonista do longa. Leslie Odom Jr., de Uma Noite em Miami, é o terceiro ator negro na disputa - ele também foi indicado para o Oscar de melhor canção, por Speak Now. Os outros dois atores coadjuvantes na corrida são Paul Raci, por O Som do Silêncio, e Sacha Baron Cohen, por Os 7 de Chicago.
Viola Davis (A Voz Suprema do Blues) e Andra Day (Estados Unidos vs. Billie Holiday) são concorrentes ao lado de três atrizes brancas: as inglesas Vanessa Kirby (Pieces of a Woman) e Carey Mulligan (Bela Vingança), e a americana Frances McDormand (Nomadland).
Entre as coadjuvantes, a sul-coreana Yuh-Jung Youn (Minari) também entra para a história como a primeira de seu país indicada para a categoria, um feito que nem as atrizes de Parasita conseguiram no ano passado. Maria Bakalova (Borat 2: Fita de Cinema Seguinte) é a primeira atriz búlgara a concorrer. Completam a lista Glenn Close (Era uma Vez um Sonho), Olivia Colman (Meu Pai) e Amanda Seyfried (Mank). É a oitava indicação de Close, que nunca levou um Oscar e concorre ao Framboesa de Ouro pelo mesmo papel. Jodie Foster, que surpreendeu ao vencer o Globo de Ouro por The Mauritanian, ficou de fora.
Outro destaque é o romeno Collective, que concorre em duas categorias: melhor documentário e melhor filme internacional.
Neste ano, os indicados para o Oscar de melhor filme são apenas oito: Bela Vingança, de Emerald Fennell; Judas e o Messias Negro de Shaka King; Mank, de David Fincher; Meu Pai, de Florian Zeller; Minari - Em Busca da Felicidade, de Lee Isaac Chung; Nomadland, de Chloé Zhao; O Som do Silêncio, de Darius Marder; e Os 7 de Chicago, de Aaron Sorkin. Como os cinemas ficaram fechados nos principais mercados americanos a maior parte do ano apenas três dos oito concorrentes não foram lançados no streaming ou concomitantemente nas salas abertas e no streaming: Meu Pai, Minari e Bela Vingança.
Mank lidera em número de indicações, com dez. Curiosamente, o filme, que fala sobre o roteirista de Cidadão Kane e foi escrito por Jack Fincher, pai do diretor David Fincher, não concorre ao prêmio de roteiro original. Em seguida, com seis indicações cada um, aparecem Meu Pai, Judas e o Messias Negro, Minari, Nomadland O Som do Silêncio e Os 7 de Chicago. Mas isso não significa que Mank seja o favorito.
Depois de dois anos (2015 e 2016) em que a hashtag #OscarsSoWhite dominou as conversas sobre a premiação, a Academia resolveu se mexer e diversificar seus membros, passando de 25% de mulheres em 2015 para 33% em 2020 e de 10% de não brancos em 2015 para 19% em 2020. É possível que as indicações deste ano sejam um reflexo disso - e também da produção mais diversificada. Mas também é capaz de ser apenas um ponto fora da curva de um ano para lá de atípico. Esperemos que não.
PRINCIPAIS INDICADOS
Filme
Meu Pai
Judas e o Messias Negro
Minari - Em Busca da Felicidade
Mank
Nomadland
Bela Vingança
O Som do Silêncio
Os 7 de Chicago
Atriz
Viola Davis, por A Voz Suprema do Blues
Andra Day, por Estados Unidos vs Billie Holiday
Vanessa Kirby, por Pieces of a Woman
Frances McDormand, por Nomadland
Carey Mulligan, por Bela Vingança
Ator
Riz Ahmed, por O Som do Silêncio
Chadwick Boseman, por A Voz Suprema do Blues
Anthony Hopkins, por Meu Pai
Gary Oldman, por Mank
Steven Yeun, por Minari - Em Busca da Felicidade
Direção
Chloé Zhao, por Nomadland
Lee Isaac Chung, por Minari - Em Busca da Felicidade
Emerald Fennell, por Bela Vingança
David Fincher, por Mank
Thomas Vinterberg, por Druk - Mais uma Rodada