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Os restaurantes das estrelas

Tom Cardoso  Quais as vantagens e as desvantagens de ter como sócio uma grande celebridade televisiva? Ela vai naturalmente trazer uma exposição maior à marca, mas, por outro lado, seu desconhecimento sobre o segmento poderá render problemas futuros? Esqueça essa teoria, pelo menos no caso do Capim Santo, badalado restaurante paulistano, que acaba de inaugurar […]

MORENA E MARIANA: juntas no Capim Santo – e na troca de ideias e receitas  / Reprodução/ Instagram

MORENA E MARIANA: juntas no Capim Santo – e na troca de ideias e receitas / Reprodução/ Instagram

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Da Redação

Publicado em 15 de julho de 2016 às 20h48.

Última atualização em 22 de junho de 2017 às 17h57.

Tom Cardoso 

Quais as vantagens e as desvantagens de ter como sócio uma grande celebridade televisiva? Ela vai naturalmente trazer uma exposição maior à marca, mas, por outro lado, seu desconhecimento sobre o segmento poderá render problemas futuros? Esqueça essa teoria, pelo menos no caso do Capim Santo, badalado restaurante paulistano, que acaba de inaugurar uma filial no Rio, e da rede de lanchonetes americana Burger Joint, que iniciou suas operações no Brasil no ano passado — já são duas hamburguerias funcionando em São Paulo e a terceira a caminho.

Quando Morena Leite, chef e proprietária do Capim Santo, começou a amadurecer a ideia de abrir uma filial no Rio, mais precisamente no Shopping Village Mall, na Barra da Tijuca, não hesitou em convocar para a sociedade uma antiga amiga, que, a despeito da bela silhueta, é tida como uma glutona inveterada e uma amante da gastronomia: a atriz Mariana Ximenes. “Tenho plena consciência de que o fato de ter a Mariana como parceira faz com que mais pessoas venham ao meu restaurante, mas jamais escolheria um sócio só por causa desse perfil”, afirma Morena. “Ela não é só louca por comida, e sim apaixonada por tudo que está de alguma forma ligado ao ritual gastronômico.”

Morena e Mariana conheceram-se há 15 anos num restaurante em Nova York. Tornaram-se mais do que comadres — a atriz é madrinha da filha da chef, que ganhou uma espécie de “consultora informal”. “Conheço a Morena há muitos anos e me identifico muito com a cozinha dela. Sempre que visito um restaurante novo em minhas viagens, divido com ela as descobertas”, diz a atriz. “Aí surgiu a oportunidade de me tornar sócia do Capim Santo no Rio e fiquei muito feliz com o convite.”

A consultora informal, agora oficializada, não brinca em serviço. “Tenho um monte de livros sobre gastronomia em casa, a maioria trazidos do exterior pela Mariana. Ela até já roubou pra mim um cardápio de um restaurante russo sensacional”, brinca Morena. Qual o limite da ingerência da atriz na filial carioca do Capim Santo? “Quanto mais ela palpitar, melhor. Ela adora receber os amigos para comer na casa dela, cuida de todos os detalhes, da decoração à iluminação. Não foi diferente quando começamos a pensar o conceito do Capim Santo Rio”, diz Morena.

Moda aqui e lá fora

Restaurantes, bares e lanchonetes com sócios famosos são cada dia mais comuns. A apresentadora Fernanda Lima é sócia do restaurante paulistano Maní, um dos mais premiados do Brasil. O ator Henri Castelli é sócio do bar Dezoito, em São Paulo. Nos Estados Unidos, a cantora Lady Gaga é sócia do Joanne Trattoria, em Nova York. O ator Robert De Niro, da aclamada rede de restaurantes japoneses Nobu. A lenda do basquete Michael Jordan tem o Michael Jordan’s Steak House, em Chicago. As histórias seguem um roteiro mais ou menos parecido. Como viajam muito e estão acostumados a comer do bom e do melhor, os famosos encontram um chef e mais um investir que tope criar um lugar com a cara deles. Ou entram como sócio em redes que adoram. É esse o caso do ator Bruno Gagliasso.

Gagliasso guarda semelhanças com o personagem Dudu, o devorador de hambúrgueres do desenho Popeye. Mais de uma vez, Gagliasso viajou de última hora para Nova York só para comer um lanche no Burger Joint, a descolada rede de lanchonetes americana. “Quando um amigo me disse que o Burger Joint estava procurando um sócio para abrir lanchonetes no Brasil, não tive dúvida, pois sabia que o negócio tinha tudo a ver comigo”, diz o ator, que já tem experiência como empresário no setor — é sócio dos restaurantes Le Manjue, em São Paulo, e da Família Gagliasso, no Rio.

Responsável pela operação do Burger Joint no Brasil, o +55 Group, comandado pelo empresário Guilherme Chueire (que também está à frente do Bagatelle e da Santa Pão), também viu com bons olhos a oportunidade de ter Gagliasso como sócio. “O Bruno participa ativamente do negócio e não é apenas um sócio famoso da marca, e sim um apaixonado pela rede, conhece cada detalhe do conceito do Burger Joint”, afirma Chueire.

Os sócios investiram 4 milhões de reais para abrir, inicialmente, três lanchonetes em São Paulo. Duas delas, uma na rua Bela Cintra, no bairro dos Jardins, e outra no Top Center Shopping, na avenida Paulista, já dão lucro, segundo Chueire. “Vendemos 2.500 hambúrgueres por semana”, diz. O empresário credita parte do sucesso à presença de Gagliasso, ao seu envolvimento de corpo e alma no empreendimento.

O ator também está satisfeito. “Toda sociedade é uma soma de expertises e, mesmo que não esteja na operação diária dos negócios, sempre sei o que está acontecendo. Meu envolvimento não é só financeiro, mas também nas decisões estratégicas”, diz Gagliasso. Os sócios discutem atualmente a abertura de mais duas unidades do Burger Joint em 2017.

Nem sempre, porém, esse tipo de parceria acaba bem. O ator americano Burt Reynolds, por exemplo, investiu milhões de dólares numa cadeia de restaurantes na Flórida — terminou falido, leiloando artigos pessoais para sobreviver. Já a cantora Britney Spears abriu, com sócios, o Nyla, dentro do Dylan Hotel, em Manhattan. O restaurante, que acumulou dívidas milionárias, durou apenas seis meses. Até o diretor Steven Spielberg se deu mal ao abrir com sócios um restaurante em formato de submarino. Não se livrou da metáfora: afundou em poucos anos. No Brasil, o ex-jogador Romário, hoje político, perdeu milhões de reais ao abrir o bar Café do Gol. Até hoje tenta se recuperar do prejuízo.

“Uma celebridade sempre vai ajudar a expor a marca, mas é muita ingenuidade pensar que a pessoa vai frequentar um restaurante apenas pela chance de encontrar alguém famoso”, afirma Enzo Donna, consultor e diretor da ECD Consultoria em Food Service. “É preciso encarar um restaurante como qualquer outra empresa”. Se não houver boa gestão, nem a mais badalada celebridade global vai conseguir fazer a conta fechar.

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