Relógio da Cyma, um dos modelos WWW, conhecidos como Dirty Dozen: relógios feitos na Segunda Guerra Mundial (Divulgação/Divulgação)
Guilherme Dearo
Publicado em 14 de agosto de 2020 às 08h30.
Última atualização em 14 de agosto de 2020 às 09h26.
Antes de serem considerados artigos de luxo, relógios de pulso eram ferramentas essenciais em muitas profissões. Pilotos os usavam para medir tempo de voo, médicos para medir a pressão de seus pacientes, e mergulhadores para controlar o tempo abaixo d’água.
Relógios também eram importantes ferramentas de guerra, possibilitando que encontros entre batalhões ou ataques fossem coordenados com extrema precisão. Até a Segunda Guerra Mundial soldados lutavam usando seus relógios pessoais. Durante a Segunda Guerra o exército britânico abriu uma licitação para fabricantes de relógios produzirem um modelo para os seus soldados. Os relógios tinham que ser precisos, confiáveis, duradouros e seguir alguns requerimentos técnicos, como ser a prova d’água, ter ponteiros luminosos, e precisão de cronômetro. Foi a primeira vez que relógios viriam a ser produzidos especificamente para guerra.
Doze empresas passaram a produzir os famosos WWW (Watch, Wrist, Waterproof, ou Relógio de Pulso à prova d’água): Cyma, Eterna, Buren, Jaeger-LeCoultre, Longiness, Lemania, IWC, Omega, Record, Vertex, Grana e Timor. Juntos, esses relógios passaram a ser conhecidos como os "Dirty Dozen".
Caçar os doze se tornou uma espécie de rito de passagem para muitos colecionadores, já que relógios militares são uma categoria importante no mercado de relógios vintage. Os fabricantes dos Dirty Dozen se empenharam em produzir o maior número possível de relógios de guerra. Dado as respectivas capacidades de produção de cada empresa, alguns modelos se tornaram mais raros que outros, (e consequentemente mais caros).
Mesmo assim, os Dirty Dozen são peças duradouras, bonitas, e com alto valor histórico por preços mais acessíveis, principalmente quando comparados a outros relógios militares disputados, como o Tudor Submariner M.N. (Marine Nationale) da marinha francesa, que pode alcançar valores de até 35.000 dólares. A coleção completa do Dirty Dozen, para os que conseguem completar os doze, sairia por 53.491 dólares a preços atuais.
Segundo especialistas, o modelo da IWC, que sai por 7.995 dólares, tem o maquinário mais bonito. Já o Grana, de 13.000 dólares, é o mais raro, com uma produção estimada entre 1.000 e 1.500 exemplares. O Cyma foi um dos mais produzidos, e por isso tem um preço mais acessível. Procurando bem (por exemplo em sites de leilão como a inglesa inglesa Watches of Knightsbridge), é possível achar exemplares de aproximadamente 1.500 dólares. O Cyma também tem um tamanho mais moderno, medindo 38mm.
Quando uso o meu Cyma, me pego imaginando por onde passou e de quais batalhas o relógio participou. Aos seus 75 anos, o relógio é um capítulo vivo da história, que continua batendo forte e preciso, pronto para a próxima batalha.
Confira algumas fotos do modelo Cyma: