Vinho: guia Descorchados é um dos maiores do mundo. (Boris_Kuznets/Getty Images)
Repórter de Lifestyle
Publicado em 8 de maio de 2024 às 07h44.
Última atualização em 24 de maio de 2024 às 09h06.
O Descorchados é um consolidado guia de vinhos que traz, anualmente, avaliações de rótulos da Argentina, Chile, Uruguai, Brasil, Peru e Bolívia. Na edição de 2024, foram mais de 4.000 vinhos degustados de mais de 230 vinícolas argentinas, 210 chilenas, 35 vinícolas uruguaias , 40 brasileiras, 20 vinícolas peruanas e 5 vinícolas bolivianas.
Dois rótulos da Argentina ganharam, pela primeira vez em 26 anos da publicação, 100 pontos. Além de serem os melhores do país vizinho, consagraram-se como os melhores de toda a América do Sul. "Não foi uma iluminação divina. Foi algo muito pensado e muito trabalhado", resume Patricio Tapia, jornalista que há décadas cobre o setor e criou o guia.
Os dois rótulos são de vinícolas extremamente conhecidas e que há anos se dedicam à elaboração vitivinícola: Zuccardi e Catena. A dupla tem em comum se dedicar na extração do que há de melhor da uva Malbec. Receberam a pontuação máxima do Descorchados o Finca Piedra Infinita Supercal 2021, da Zuccardi, e o Adrianna Vineyard Mundus Bacillus Terrae 2021, da Catena.
Segundo Patricio Tapia, o que fez com que os dois vinhos atingissem a nota mais alta no guia foi um conjunto de fatores, mas o principal deles é o trabalho por trás da uva Malbec. "Tivemos um ano espetacular para a elaboração de vinhos no ano de 2021. Além disso, eu creio que está em um momento de investigação do terroir, de tirar da uva e da região tudo o que ela tem de melhor", diz.
O guia Descorchados está à venda por R$ 295. Cada volume é separado por região, sendo um dedicado à Argentina e outro ao Chile. O terceiro é uma união entre Brasil, Uruguai, Bolívia e Peru.
O vinho da célebre vinícola Catena é feito na região de Mendoza a cerca de 1.400 metros acima do nível do mar, ao norte do Vale do Gualtallary. O que mais chama a atenção neste rótulo é que ele não é envelhecido em barris de madeira, mas em tanques de concreto, processo feito pela primeira vez desde 2011. Isso tirou dele o aroma de madeira, mas conferiu uma explosão de aromas mais minerais e salinos. No Brasil chega importado pela Mistral.
O rótulo é elaborado na região de Altamira a cerca de 1.100 metros de altitude. O experiente enólogo Sebastián Zuccardi teve a ideia de eliminar toda a doçura do Malbec, recorrendo a colheitas precoces e solos ricos em cal. Isso tudo resultou em aromas extremamente florais e frutados, nada pesado. No Brasil é importado pela Grand Cru.
No recorte feito apenas com espumantes brasileiros, elaborados pelo método charmat, o que recebeu a melhor pontuação foi o Ponto Nero Cult Nature, produzido na Serra Gaúcha. O rótulo é feito pelo processo 'charmat longo', ou seja, ficou longo período em contato com suas borras no tanque de segunda fermentação.
Na elaboração de vinhos de borbulha, o método charmat é quando a segunda fermentação do espumante ocorre em tanques de inox. Já pelo método tradicional, essa fermentação é feita na garrafa.
No recorte feito apenas com vinhos tintos brasileiros, 24 estão entre os melhores (veja mais abaixo). A primeira colocação foi dividida entre dois rótulos que receberam 93 pontos – em uma escala que vai até 100. Foram os melhores o Baron Assemblage 2020, da Adolfo Lona, e o Sacramentos Sabina 2023, da Sacramentos Vinifer.