Região da Times Square, em Nova York. (Bloomberg/Bloomberg)
Daniel Salles
Publicado em 24 de setembro de 2020 às 09h26.
Última atualização em 24 de setembro de 2020 às 09h42.
A operadora do hotel boutique Martinique, em Manhattan, entrou com pedido de recuperação judicial. A empresa diz que o impacto da pandemia foi tão grande que precisa de concessões do proprietário do imóvel e do sindicato de trabalhadores.
É outro sinal de que o setor de hospitalidade dos Estados Unidos está ficando sem tempo e sem dinheiro em meio à ausência de hóspedes, especialmente em hotéis muito dependentes de turistas e convenções. A Herald Hotel Associates, que pediu proteção contra credores em Nova York na terça-feira, disse que havia colocado quase todos funcionários do Martinique em licença em março, quando o surto de Covid-19 devastou a cidade.
Hotéis de luxo como o Martinique New York, afiliado do Hilton e localizado perto da Herald Square, têm enfrentado dificuldades para retomar as operações após terem sido fechados no início da pandemia, com taxas de ocupação que representam uma fração dos níveis em tempos normais. O New York Hilton, na Times Square, recentemente decidiu fechar permanentemente, e o Palmer House Hilton, de Chicago, supostamente corre risco de ser fechado.
A Herald Hotel tentou evitar o colapso demitindo funcionários e com quase US$ 3,9 milhões em ajuda federal, de acordo com documentos judiciais. Essas medidas não foram suficientes, disse a empresa; toda a quantia, exceto US$ 422 mil do empréstimo federal perdoável, foi gasta.
Baixa ocupação
Hotéis de Manhattan estavam apenas 35% ocupados em agosto em relação a 93% no mesmo mês do ano passado, de acordo com documentos judiciais.
Uma recente decisão de arbitragem ameaça obrigar a operadora do Martinique a pagar cerca de US$ 3,5 milhões em indenizações para funcionários que foram dispensados no início da pandemia. A empresa empregava 176 pessoas antes do surto.
Durante a recuperação judicial, a Herald Hotel tentará renegociar o contrato de aluguel, modificar a hipoteca de US$ 14,2 milhões, que está em poder do JPMorgan Chase, e aliviar as obrigações de rescisões do sindicato, de acordo com o processo judicial.
O hotel está em negociações com o proprietário e com o sindicato e dificilmente irá à falência, mesmo que não cheguem a um acordo, disse o advogado da empresa, Scott S. Markowitz, em entrevista.
“Há muitos hotéis no mesmo barco”, disse Markowitz. “Felizmente, nosso hotel tem uma dívida garantida modesta.”
Mensagens deixadas para a administração do Martinique não foram respondidas de imediato. Ninguém respondeu na recepção e o sistema de reservas online não mostra quartos disponíveis em nenhum dia.
Com a colaboração de Rick Green.