Óleo de coco: a maioria dos resultados dessa investigação ainda não tinha sido divulgada (Thinkstock/Thinkstock)
Da Redação
Publicado em 13 de abril de 2016 às 09h54.
Substituir gorduras animais por óleos vegetais reduz o nível do colesterol, mas não a mortalidade, em especial cardiovascular - aponta um estudo, cujas conclusões foram recebidas com ceticismo por alguns especialistas.
Há anos, nutricionistas recomendam que se privilegie os óleos vegetais. Pesquisas já haviam demonstrado que eles ajudam a reduzir o nível de colesterol e que são bons para o coração.
Essa hipótese foi posta em xeque pelo periódico médico British Medical Journal (BMJ), que publica trabalhos de uma equipe americana na edição desta quarta-feira.
Essa equipe retomou uma antiga pesquisa randomizada sobre o tema feita em Minnesota, nos Estados Unidos, entre 1968 e 1973.
A maioria dos resultados dessa investigação ainda não tinha sido divulgada.
Em um estudo randomizado, os participantes são distribuídos de forma aleatória no grupo controle e naquele que não é controlado.
O estudo comparou quase 10.000 pessoas: metade recebeu uma alimentação que incluía, sobretudo, gorduras saturadas (carne, manteiga, margarina); e a outra, óleos vegetais ricos em ácido linoleico (ômega 6), como o óleo de milho, ou de girassol.
Nessa investigação, os pesquisadores americanos observaram uma queda na taxa de colesterol da ordem de 13%, mais não na redução das doenças cardiovasculares, nem na mortalidade.
Pelo contrário, eles constataram que, quanto maior o consumo de óleos vegetais e quanto mais o colesterol baixava, maior era risco de mortalidade: sendo de 22% a cada vez que o colesterol caía de 30mg/dL.
Consultando dados não publicados de outros estudos randomizados, entre eles um feito em Sydney entre 1966 e 1973, os pesquisadores encontraram resultados similares.
"Os dados existentes procedentes de estudos randomizados mostram que a substituição das gorduras saturadas por óleos vegetais reduz o nível do colesterol, mas não as mortes cardiovasculares, ou outras", destacam.
Entre as hipóteses antecipadas, citam fenômenos de "oxidação", que poderiam aumentar o risco cardíaco, mesmo que o nível do colesterol "ruim", O LDL, caia.
Essa oxidação poderia ser mais significativa em algumas categorias da população, como os fumantes, pessoas que bebem muito, ou idosos.
Vários especialistas reagiram à publicação do estudo, insistindo na necessidade de continuar as pesquisas sobre o impacto de uma redução das gorduras saturadas no risco cardiovascular.
O professor de Medicina Frank M. Sachs, da Harvard Medical School, em Boston, considera que o estudo "não é confiável", já que a experiência teria durado pouco mais de um ano em média.
Segundo ele, são necessários "pelo menos dois anos para que um tratamento, visando a reduzir o colesterol, tenha efeito sobre as doenças cardiovasculares".
Na expectativa de resultados mais conclusivos, o especialista Jeremy Pearson, da British Heart Foundation, aconselha ter uma "alimentação equilibrada rica em frutas, legumes e cereais complexos para ter um coração saudável".