O tenista espanhol Carlos Alcaraz: nova geração (Julian Finney/Getty Images)
Editor de Casual e Especiais
Publicado em 16 de março de 2024 às 08h30.
Última atualização em 16 de março de 2024 às 12h01.
Quem teve o privilégio de estar no Master Series 1000 de tênis de Indian Wells, na Califórnia, que acontece por esses dias, pode ter cruzado com o russo Daniil Medvedev trabalhando como caixa da loja de suvenires, a tunisiana Ons Jabour distribuído mapas gratuitos do local ou o australiano Alex de Minaur ajudando os espectadores a estacionar o carro.
Quem não esteve lá, ou seja, quase todo mundo, pôde acompanhar a brincadeira envolvendo os maiores tenistas da atualidade pela conta do Instagram da Associação de Tenistas Profissionais, a ATP, e da Associação de Tênis Feminino, a WTA, entidades que regulamentam as categorias profissionais masculina e feminina.
As câmeras registraram os espectadores ora desconfiados, ora espantados ao reconhecer os astros que veriam em ação na quadra naqueles dias. O russo Andrey Rublev foi confundido com o italiano Jannik Sinner. O dinamarquês Holger Rune passou apenas por um vendedor pouco informado. A grega Maria Sakkari tirou fotos com fãs mais atentas.
A brincadeira ilustra como as entidades de tênis querem quebrar a sisudez da imagem de um esporte que exige muita força mental e se aproximar de novos públicos. No início do mês, na carona da premiação do Oscar, as entidades divulgaram vídeos em que os tenistas diziam na verdade serem atores contratados para fazer o papel de... tenistas.
O inglês Andy Murray aparece como o fictício Fraser Mcknight ganhando um Oscar da categoria Golden Racket Awards. O sérvio Novak Djokovic está em uma coletiva de imprensa na reclamando que o diretor da ATP havia decidido que seu personagem não havia ganhado o título do Australian Open.
Os filmes engraçados estão também nas contas do TikTok da ATP e da WTA. A rede de vídeos curtos exibe também entrevistas com os tenistas, jogadas fantásticas, bastidores de entrevistas e de fotos publicitárias, com dezenas de milhares de curtidas.
Um dos vídeos exibidos no Instagram e no TikTok mostra os oito melhores jogadores que disputavam o ATP World Tour Finals conversando animadamente, votando em categorias aleatórias. Uma delas era quem fez a melhor aparição antes de um jogo. Eles lembraram, entre risadas, de Jannik Sinner entrando em quadra em Wimbledon com uma bolsa Gucci.
Esse é outra evidência do apelo crescente do tênis: a aproximação de grifes de luxo que antes apoiavam outras modalidades, como futebol. A Rolex é uma apoiadora tradicional do circuito, com presença em torneios de grande porte e nos Grand Slam. Agora, marcas de moda estão fazendo o mesmo movimento. Um exemplo, além de Gucci com Sinner, é o contrato da Louis Vuitton com o espanhol Carlos Alcaraz.
Outra forma de tirar a poeira da raquete foi o investimento na série Break Point, que mostra os bastidores do circuito, com foco nos jogadores da nova geração. Fazia até mais sentido quando foi lançada a primeira temporada, em janeiro de 2023, com o espanhol Rafael Nadal e Djokovic em plena forma.
Ao longo do ano passado, principalmente no final, Nadal se machucou seguidamente ainda não conseguiu voltar. Especula-se que está guardando seu resto de energia para Roland Garros, em maio, onde é rei. Djokovic ainda não ganhou nenhum título este ano e desistiu de jogar o Master Series de Roma.
Os olhos já estão nos novatos, uma geração aguerrida e que, espera-se, traga o mesmo brilho que os embates entre o suíço Roger Federer, Nadal e Djokovic. Público esses jovens tenistas já têm.