Harvey Weinstein: depois de Tarantino, sua nova aposta é 'O artista' (Francois Durand/Getty Images)
Rafael Kato
Publicado em 25 de janeiro de 2012 às 13h02.
Se você quer ganhar algum prêmio em Hollywood, então tenha seu filme distribuído ou produzido pela The Weinstein Company. No Oscar, cujas indicações foram divulgadas hoje, a empresa concorre em diferentes categorias com quatro filmes: O Artista, A Dama de Ferro, W.E e A Minha Semana com Marilyn. Em seu catálogo estão outros títulos como “O Discurso do Rei”, vencedor do Oscar em 2011, Bastardos Inglórios e animação Persépolis. Qual é o segredo?
Harvey, ao lado do seu irmão Bob, sabe em quem apostar e com quem conversar. É bom de lobby nos bastidores de Hollywood, onde amizade com os votantes e membros da Academia pode contar mais do que a qualidade técnica de um filme. Foram eles que, em 1999, conseguiram um Oscar de melhor filme para Shakespeare Apaixonado. São da mesma época os duvidosos O Paciente Inglês e Chicago, também vencedores da estatueta. Esses três filmes foram distribuídos pela Miramax, fundada pelos irmãos nos anos 1970 e adquirida pela Disney em 1993. Harvey continuou como CEO da companhia até ser enxotado do cargo pelo presidente do grupo de Mickey Mouse, Michael Eisner, em 2005. Mas Bob e Harvey não desistiram. Fundaram a Weinstein Company e continuaram emplacando seus filmes.
“Sem Harvey e Bob não haveria Pulp Fiction. Quentin [Tarantino] estaria trabalhando em uma locadora de vídeos e Roberto Rodriguez estaria preso na produção de fitas mariachi na Columbia Pictures”, comentou certa vez o roteirista e produtor Kevin Smith.
Mas o sucesso não vem só do talento. Harvey é acusado de jogar sujo. Em 2009, quando concorria com O Leitor, foi acusado de tentar minar as chances de Quem Quer Ser Um Milionário? no Oscar. Seu nome apareceu como o responsável por espalhar o boato de que o filme havia usado o trabalho de crianças indianas no set. Na época, ele comentou: “O que eu posso dizer? Quando você é o Billy The Kid e as pessoas em sua volta morrem de causas naturais, todos pensam que você atirou nelas”.
Harvey é conhecido por grandes jogadas e pouca paciência com jornalistas e críticos. Em 2001, um editor do New York Observer , quando defendeu uma colega da ira de Harvey, foi arrastado porta a fora da pré-estreia. Os assessores gritavam: ‘Deixe ele ir, deixe ele ir, Harvey. Você está agindo como um louco!”.
No ano passado, Harvey e Bob fizeram um acordo extrajudicial de US$ 500 mil para evitar que o processo movido pelos cineastas Brian Inerfeld e Tony Leech sujassem a imagem da empresa durante a corrida do Oscar.
“Eu nunca faço um filme apenas para ganhar prêmios. Eu uso a esperança de ganhar um Oscar por dois motivos: a-) para homenagear as pessoas que trabalharam duro nele e b-) é o maior selo de “aprovado pelas donas de casa” do mundo. É a maior marca. É a Louis Vuitton e a Dior do mundo do cinema. É o Super Bowl”, disse Harvey em entrevista ao MSN.
Apesar de ser duro com os roteiristas, Harvey é amado pelos atores, os quais veem nele a chance de prêmios e de cachês maiores. Meryl Streep, por exemplo, ao receber o prêmio de melhor atriz no Globo de Ouro, não exagerou ao dizer: “Eu quero agradecer meu agente e meu deus – Harvey Weinstein”. Qual outra pessoa conseguiria colocar O Artista, um filme mudo e em preto e branco, como o favorito do Oscar?