Volcan: aposta do grupo LVMH. Rótulo custa 1.900 reais. (Moët Hennessy/Divulgação)
Repórter de Lifestyle
Publicado em 20 de outubro de 2024 às 07h26.
George Clooney, Dwayne Johnson (The Rock), Kendall Jenner, Mark Wahlberg e Blake Lively fazem parte de um seleto grupo de astros de Hollywood que, além de sucesso no cinema, na televisão e na moda, se destacam em outro setor: o mercado de tequilas de alto luxo. Donos de marcas próprias, eles aproveitam sua influência para conquistar uma fatia de um segmento que não para de crescer. Nos Estados Unidos, a tequila já ultrapassou o uísque e é o segundo destilado mais consumido, ficando atrás apenas da vodca.
O impacto das celebridades nesse mercado é inegável. Em 2022, as tequilas de personalidades famosas registraram crescimento de 40%, três vezes superior ao crescimento da categoria como um todo, que foi de nada desprezíveis 13%. No ano passado, a diferença permaneceu clara: enquanto as tequilas ligadas a celebridades avançaram 16%, o restante do setor cresceu apenas 3%, de acordo com dados da consultoria IWSR, que analisa o setor de bebidas. O alcance desses influenciadores colocou a tequila em destaque nas redes sociais, atingindo diretamente o público consumidor de alto padrão.
Essas personalidades focam o segmento superpremium, em que as garrafas de tequila ultrapassam 30 dólares (aproximadamente 180 reais). Para estar nesse patamar, a bebida deve ser feita exclusivamente com agave azul. Mesmo durante crises econômicas, como a de 2009, ou em tempos de pandemia, o mercado premium permaneceu resiliente, impulsionado por consumidores millennials com renda média e alta. Nos Estados Unidos, o consumo é equilibrado entre homens e mulheres, que preferem a tequila pura ou on the rocks.
No Brasil, essa tendência também se reflete no consumo local. A Moët Hennessy, divisão de vinhos e destilados do grupo LVMH, lançou recentemente no país sua tequila de luxo, a Volcan de Mi Tierra X.A. Com garrafas que custam até 1.900 reais, o foco é no consumidor premium, que aprecia a bebida em sua forma mais pura. “Nosso objetivo é consolidar um portfólio de destilados de excelência no Brasil”, afirma Catherine Petit, diretora-geral da Moët Hennessy Brasil. A estratégia da empresa é clara: não se trata de competir em volume, mas de se destacar no mercado de luxo, uma área em que o grupo é especialista. Além disso, a marca pretende popularizar o uso da tequila na alta coquetelaria, atraindo aqueles que ainda não estão familiarizados com a degustação pura da bebida.
A Jose Cuervo, que domina cerca de 80% do mercado de tequila no Brasil, também está atenta a essa mudança de comportamento. Apostando na tendência de “menos, mas com mais qualidade”, a marca lançou a tequila Maestro Dobel Diamante no Brasil. Trata-se da primeira tequila cristalina da história, com um processo de clarificação após o envelhecimento. A bebida combina tequilas extra-añejo, añejo e reposado, e chega ao mercado com um preço sugerido de 499 reais. Leonardo Brettas, diretor regional da Jose Cuervo para a América Latina e o Caribe, aposta na coquetelaria de alta qualidade para atrair novos consumidores, contando com a expertise do mixologista Michel Felicio para difundir o consumo da tequila premium no Brasil. “Para aqueles que ainda não estão habituados com o destilado puro, a jornada começa pelos drinques”, diz Brettas.
Com o brilho das celebridades e a sofisticação das tequilas de luxo, o mercado se transforma. Mais do que uma bebida, a tequila se eleva ao status de uma experiência sensorial, símbolo de um estilo de vida que une tradição e inovação. E, à medida que esse cenário evolui, ele nos lembra que o luxo, assim como a tequila, é algo para ser saboreado, momento a momento.