Mulher faz campanha pela independência da Escócia: referendo será quinta-feira (Leon Neal/AFP)
Da Redação
Publicado em 15 de setembro de 2014 às 14h19.
Londres - J. K. Rowling, Paul McCartney, Mick Jagger e David Bowie são alguns dos grandes nomes da cultura britânica contrários à independência da Escócia, mas a separação conta com o apoio do cineasta Ken Loach e do ator Sean Connery, entre outros.
O ex-Beatle McCartney foi um dos últimos a anunciar apoio ao "Não" no referendo de 18 de setembro, ao assinar uma carta aberta na qual pede à Escócia que permaneça no Reino Unido.
A carta, publicada pela primeira vez em 7 de agosto na imprensa, foi assinada por mais de 200 personalidades, entre elas Jagger, o astrofísico Stephen Hawking, as atrizes Judi Dench e Helena Bonham-Carter, assim como Michael Douglas.
Mas uma das poucas estrelas a explicar as razões do apoio ao "Não" foi a escritora britânica J.K. Rowling, da saga "Harry Potter", que doou um milhão de libras à campanha.
A autora britânica, que mora em Edimburgo há 21 anos e se casou com um escocês, explicou sua opinião no site http://www.jkrowling.com, o que rendeu uma avalanche de insultos no Twitter.
"Por residência, matrimônio e por gratidão a tudo o que este país (Escócia) me deu, minha lealdade à Escócia é total, e com este espírito escutei nos últimos meses os argumentos e contra-argumentos sobre a secessão".
"Minhas dúvidas em abraçar a independência não tem relação com a falta de fé no admirável povo da Escócia e suas conquistas. O que acontece é que quanto mais estudo os partidários do "Sim", mais fico preocupada com a minimização e inclusive a negação dos riscos que cercam a independência".
Com mais humor, o ator Mike Myers, que interpreta o agente britânico Austin Powers e dubla Shrek, o ogro escocês dos desenhos animados, afirmou desejar que a Escócia permaneça no Reino Unido.
Em uma entrevista à rádio BBC, o ator canadense, que tem pais ingleses, resistiu a dar uma resposta, mas no fim, usando a voz e o sotaque escocês do personagem, disse: "Shrek quer o que o povo escocês quer".
Ao retornar a sua voz normal, o ator afirmou: "Amo a Escócia, espero que continue fazendo parte do Reino Unido. Em caso contrário, continuarei amando".
A atriz Emma Thompson questionou, com algum ceticismo, sobre a necessidade de criar uma nova fronteira.
O lado do "Não" também inclui os cantores Sting, Cliff Richard, Bryan Ferry, David Gilmour, Rod Stewart e David Bowie, um dos primeiros a expressar o apoio à permanência da Escócia.
Na última edição do Brit Awards, Bowie enviou a modelo Kate Moss para receber um prêmio e ela fez o agradecimento com a mensagem: "Escócia fique com a gente".
James Bond a favor da independência
Os partidários da independência são menos conhecidos no exterior e têm como destaque o ator Sean Connery, o primeiro e para muitos eterno James Bond.
Connery afirmou que a independência é "uma oportunidade muito boa para deixar passar."
O ator, que tem tatuada no braço a frase "Escócia para sempre", é um dos muitos nativos que não poderão votar porque não moram na Escócia.
O cineasta inglês Ken Loach, conhecido pelo compromisso social e sua visão de esquerda, estimulou os escoceses a votar pela independência.
Outros atores escoceses também defendem o "Sim", como Gerard Butler (300, Lara Croft) e Alan Cumming (da série de TV The Good Wife).
Outras figuras importantes que apoiam a independência são o ator e diretor Peter Mullan, o escritor Irvine Welsh, autor de "Trainspotting", e a estilista Vivienne Westwood.
Cautela
A cantora escocesa Annie Lennox, da dupla Eurythmics, afirmou que o tema é muito complexo e colocou em dúvida que sua opinião tenha alguma importância.
O ator escocês James McAvoy (X-Men, Narnia, O Último Rei da Escócia, que também não revelou seu voto, ofereceu um pouco de descontração ao desafiar Alex Salmond e Alistair Darling, os líderes das campanhas do "Sim" e do "Não", a participar no desafio do balde de gelo, em benefício da associação de combate à ELA, a esclerose lateral amiotrófica, uma doença neurodegenerativa.
Os dois aceitaram e Salmond desafiou o primeiro-ministro britânico David Cameron, que ainda não foi submetido à tarefa de uma ducha de água fria, o que pode acontecer com a votação de 18 de setembro.