Marcas começaram a se movimentar e investir cada vez mais em inovação (Daniel Grizelj/Getty Images)
Julia Storch
Publicado em 4 de novembro de 2022 às 14h40.
Última atualização em 4 de novembro de 2022 às 15h17.
O segmento de esporte ainda hoje carrega um certo estereótipo de ser mais conservador e fechado às soluções tecnológicas e às inovações, porém, é inegável que nos últimos anos houve um avanço significativo na aceitação e adoção delas pelo setor.
E, com o interesse maior das empresas do ramo em testar como o mundo dos esportes se adaptaria às iniciativas inovadoras, houve um aumento das startups voltadas para essa área. Dados da Startup Scanner, ferramenta da Liga Ventures, rede de inovação aberta que conecta empresas e startups e conta com o apoio estratégico da PwC Brasil, apontam que existem no momento 157 sports techs na América Latina, espalhadas por 49 cidades e pertencentes a categorias como Gestão de Treinos e Exercícios; Gestão de Estabelecimentos Esportivos; Marketplace Esportivo; Gestão de Jogos, Torneios e Eventos e Conteúdo Digital e Streaming. Desse total, três foram criadas no último mês, o que mostra como o setor está em desenvolvimento e crescimento.
O principal motivo que causou essa virada de chave na mentalidade dos players do segmento foi a demanda do público por experiências e interfaces inovadoras, que acompanhassem as transformações ocorridas na sociedade. Além disso, havia também um gap de acessibilidade das ações, eventos e conteúdos esportivos para as pessoas com deficiências, o que dificultava demais a conexão e interação delas com esse universo.
Para mudar esse cenário, as marcas começaram a se movimentar e investir cada vez mais em inovação, seja nas transmissões de jogos, venda de produtos, eventos e criação de conteúdos, com o objetivo de aproximar o público dos esportes, fazendo com que eles atinjam mais pessoas e tornando todas as vivências relacionadas a eles mais inclusivas e acessíveis.
Um caso que exemplifica bem essa mudança de comportamento e adoção de tecnologia foi a parceria da Telstra, companhia australiana de telecomunicações, com a Australian Football League (AFL) e a startup Field Of Vision Technologies para transformar a experiência de acompanhar uma partida ao vivo para os fãs com deficiência visual. Eles desenvolveram um protótipo que, por meio de conexão 5G, envia dados praticamente em tempo real para um tablet, que conta com um ímã interno que se move dentro do dispositivo conforme a movimentação da bola e permite que os usuários, ao utilizarem um anel de aço, rastreiem e sintam a ação que está acontecendo em campo somente com as pontas dos dedos.
Já o time Atlético-MG, inspirado no que já ocorre na NBA, principal liga americana de basquete profissional, vai lançar no próximo ano para uma partida especial a Arena MRV, um aplicativo que permitirá não apenas que o torcedor garanta ingressos para os jogos virtualmente — ação que já acontece atualmente — mas também reserva a vaga no estacionamento e compra e receba na sua cadeira o que quiser comer e beber nos bares e restaurantes do estádio.
Essas são apenas algumas das inovações que estão sendo incorporadas ao mundo dos esportes, mas já prometem revolucionar a forma como o público se relaciona com ele e criar experiências ainda mais interativas, disruptivas e divertidas.
Sabemos do impressionante poder do esporte de transformar socialmente a vida das pessoas e trazer diversas oportunidades, seja para quem o pratica ou acompanha como torcedor, então é muito importante vermos que o segmento está verdadeiramente interessado em se tornar mais inovador e ter um papel significativo na sociedade.
*Gustavo Caetano é fundador da Sambatech e Samba Digital