O GP da Itália de 1990 foi vencido de forma brilhante pelo piloto brasileiro (Pascal Rondeau/Getty Images)
Rodrigo França
Publicado em 9 de setembro de 2020 às 17h50.
Última atualização em 14 de setembro de 2020 às 08h07.
Dia 9 de setembro é o Dia da Velocidade. Mas também é conhecido como a data de um feito inédito no automobilismo, em que um piloto de F1 conseguiu uma façanha impressionante: largar da pole, fazer melhor volta, liderar de ponta a ponta, vencer o GP e… ainda levar o próprio carro como troféu para casa. O nome dele, claro, é Ayrton Senna – o feito completa 30 anos hoje.
O GP da Itália de 1990 foi vencido de forma brilhante pelo piloto brasileiro, que se sagraria bicampeão do mundo ao final daquele ano após um intenso duelo com Alain Prost, da Ferrari. Apesar de já ter estreado logo em 1985 com pole position em Monza (pois não correu em 1984 pela Toleman), Senna nunca tinha vencido no circuito que é a cada da Ferrari.
O piloto brasileiro, então, apostou com Ron Dennis, chefe da equipe McLaren, que, se vencesse o GP da Itália de 1990, levaria o carro daquela corrida para casa. Prost e a Ferrari eram os favoritos, já que os italianos tradicionalmente corriam com uma versão poderosa de motor na pista de casa – com longas retas e trechos de altíssima velocidade (tanto que em 2020 Lewis Hamilton fez a volta mais rápida de todos os tempos da F1, com média de 264 km/h).
Ao final daquela temporada, Ron pagou a aposta de uma vitória histórica do brasileiro na casa da Ferrari, que tinha Alain Prost como piloto e grande rival de Senna na luta pelo título daquele ano.
E um capítulo interessante e pouco conhecido desta história foi revelada hoje em vídeo publicado nas redes oficiais de Ayrton Senna. Detalhe: o modelo que foi dado de presente a Senna não apenas venceu o GP da Itália como também garantiu outras três vitórias para o brasileiro em 1990: Canadá, Alemanha e Bélgica, tornando o chassi de valor inestimável.
“Eu não sabia onde o carro estava. Havia rumores, mas hoje vimos o número real: sim, é o chassi 6. Foi como escavar para encontrar uma antiguidade. E teve a aposta com o Ron (Dennis), de que o Ayrton levaria o carro. Após vencer em Monza, Ron prometeu o carro, mas eles continuaram fazendo mais provas pelo resto da temporada. E no final da temporada, pelo que eu soube, a Honda forneceu um motor totalmente novo antes que ele fosse enviado ao Ayrton”, disse Paul Lanzante, especialista em carros históricos.
Ele e outros três integrantes da McLaren vieram ao GP do Brasil de 2019 com o objetivo de colocar o carro de 1988 (McLaren MP4/4) para fazer uma exibição em Interlagos com Bruno Senna acelerando. Na segunda-feira após a corrida, eles receberam convite da família Senna para fazer uma análise do modelo McLaren MP4/5B, que fica na sede do Instituto Ayrton Senna, em São Paulo.
“O Ayrton gostava daquele chassi, que era o de número 6. Ele já havia vencido com ele na Alemanha, Canadá e Bélgica, então ele tinha o desejo de ficar com aquele carro. Vejo que ele conseguiu. Ele tinha uma visão clara do que queria e da onde queria chegar. Ele tinha uma tremenda personalidade, carisma, muita energia e tinha uma aura que o distinguia dos outros pilotos”, disse o mexicano Jo Ramirez, coordenador da McLaren na época.
Sobrinha de Ayrton Senna e CEO de Senna Brands, Bianca Senna agradeceu as informações que foram passadas pela equipe McLaren à família. “É sempre incrível ver a reação das pessoas ao ver este McLaren de perto. A gente conhecia a história do carro, da vitória em Monza, da aposta… mas as revelações foram ainda mais impressionantes. É como todos disseram: é realmente um peça de valor inestimável para todos nós, uma obra de arte”, diz Bianca.
Confira a íntegra do vídeo aqui: