Casual

“O Brasil precisa reconhecer as marcas de luxo nacionais”, diz Ricardo Almeida

O alfaiate mais reconhecido do país está abrindo uma nova loja, sem vitrines e sem araras, na Cidade Matarazzo

Ricardo Almeida: exclusividade e novos públicos (Leandro Fonseca/Exame)

Ricardo Almeida: exclusividade e novos públicos (Leandro Fonseca/Exame)

Ivan Padilla
Ivan Padilla

Editor de Casual e Especiais

Publicado em 30 de novembro de 2023 às 06h30.

Última atualização em 30 de novembro de 2023 às 10h00.

Ricardo Almeida é a grande referência da moda masculina nacional. No ano em que completa quatro décadas de carreira, ele inaugura o Studio Ricardo Almeida, um espaço de 700 metros quadrados na Cidade Matarazzo, em São Paulo, sem araras e sem vitrines, onde cada cliente é recebido com hora marcada e de forma personalizada.

“Este é um presente para os nossos clientes e para o mercado, um resgate do conceito de experiência imersiva na marca que oferecíamos no meu antigo ateliê na Vila Nova Conceição”, diz o alfaiate.

Na pandemia, Almeida reposicionou a marca, oferecendo peças com tecidos de maior qualidade e uma alfaiataria mais relaxada, dentro do que se convencionou chamar de quiet luxury, um conceito de moda discreta e sem logos, com grifes como Bottega Veneta e Zegna de inspiração. Acompanhe a entrevista, feita para a reportagem de capa sobre o novo momento do mercado de luxo no Brasil, a seguir.

 Como você vê o atual momento mercado de luxo no Brasil?

O mercado de luxo brasileiro ainda está muito pautado na venda das marcas internacionais, que são consideradas mais luxuosas que as nacionais. Trabalhamos para mudar este cenário, mostrar para o mercado que a marca Ricardo Almeida tem história, tradição, know-how incomparável no segmento de vestuário masculino, valores do criador, exclusividade. Temos produtos sob medida e edições limitadas, identidade forte de marca e agora, com a inauguração do nosso Studio Ricardo Almeida, na Cidade Matarazzo, ofereceremos uma experiência totalmente diferenciada para os nossos clientes, requisitos básicos para uma marca de luxo. O Brasil tem marcas de luxo, só ainda não as reconhece e valoriza. Mas estamos buscando este reconhecimento.

Qual é a principal mudança que você enxerga no mercado de luxo?

Acredito que cada vez mais as pessoas buscam conexão com o que consomem, marcas que ofereçam propósito e lifestyle além de produtos. Isso é uma necessidade geral para o mercado de bens de consumo, mas quando falamos das marca de luxo os clientes querem também exclusividade e personalização, do produto ao atendimento, embalado por uma experiência diferenciada. Querem uma conexão verdadeira com os valores da marca e buscam estes espaços para conexão sem a obrigatoriedade da compra. Óbvio que as lojas de shopping, onde o espaço é mais voltado ao consumo, continuam importantes e relevantes, mas um espaço disruptivo, inovador com foco na conexão e descontração se torna cada vez mais importante, e é isso que iremos oferecer aos nossos clientes em nosso Studio Ricardo Almeida na Cidade Matarazzo. Um espaço de conexão da marca com os clientes, a liberdade de não ver e ser visto, um oásis em meio a overdose de exposição que temos atualmente.

Que luxo é esse que está sendo valorizado hoje?

O luxo da exclusividade, ultrassofisticado, atemporal, bem construído, com matérias primas realmente diferenciadas. A tendencia do quiet luxury é a melhor resposta, é um olhar de exclusividade, um luxo que é vivido e sentido por quem está usando, sem a obrigatoriedade de mostrar aos outros um logo, um visual extravagante, cheio de excessos que traga o reconhecimento de uma marca. Essa sempre foi nossa filosofia, fazemos isso há muitos anos, agora vamos apenas dar holofote a este formato.

Como a marca Ricardo Almeida se relaciona as tendências do mercado?

O nosso cliente sempre esteve no centro da marca e do nosso negócio. Acompanhamos muito de perto as necessidades deles. Com isso trouxemos novas linhas como a Homemeeting e Tailor Air, criadas de acordo com a mudança de comportamento dos nossos clientes, mas sem perder nosso olhar para as melhores matérias primas e acabamentos primorosos que faz parte do nosso DNA. A abertura do Studio Ricardo Almeida na Cidade Matarazzo vem para suprir a busca do cliente por exclusividade e personalização, também com a comemoração dos 40 anos da marca este é um presente para os nossos clientes e para o mercado, resgatando o conceito de experiência imersiva na marca que oferecíamos na Vila Nova Conceição agora em um espaço de 700 metros quadrados em um empreendimento ícone da cidade de São Paulo.

Foco nas mulheres e nas novas gerações

Como falar com as novas gerações?

O que temos feito reforça nosso DNA de tradição com ousadia e inovação. Mas não podemos deixar de olhar para as novas gerações. O interesse do público jovem por marcas de luxo criou uma demanda para produtos conceituais com tecidos de alta tecnologia e qualidade, mas os nossos clientes até agora não conseguiram encontrar nada parecido com o que oferecemos a 40 anos. Então decidimos criar a RA2 para atender esse novo cliente com as melhores matérias primas, modelagem perfeita e acabamento ultrassofisticados em modelos totalmente inovadores.

A abertura da nova loja na Cidade Matarazzo é o início de uma nova fase?

Não é uma nova fase. Nosso maior diferencial foi manter nosso DNA nesses 40 anos. Independentemente do que estava acontecendo no mercado, interpretamos os movimentos de acordo com nossos valores e assim atendemos nossos clientes durante essas quatro décadas. A abertura do Studio Ricardo Almeida na Cidade Matarazzo vem de um sonho pessoal antigo de repetir o que tínhamos na Vila Nova Conceição. Achei que este ano seria icônico para abertura deste espaço e felizmente isso acontece no momento que os clientes buscam exatamente por isso.

O que devemos esperar deste novo momento?

Trata-se da evolução da marca e a criação de uma holding que contempla Ricardo Almeida Masculino, Feminino e RA2 como um laboratório de novos talentos focado no público jovem, que traz alta qualidade, sofisticação e inovação para as novas gerações.

Em quais clientes a marca está mirando nesta nova fase?

A marca se consolidou atraindo clientes exigentes, com savoir-faire, que querem exclusividade, sofisticação, qualidade e bom gosto com uma roupagem atual. Continuaremos investindo nesse cliente, mas daremos uma atenção maior às mulheres e aos jovens mostrando que não somos apenas uma marca que faz alfaiataria. Criamos peças baseadas na construção da alfaiataria, que oferece melhor modelagem e extrema qualidade nos acabamentos.

Acompanhe tudo sobre:Modasao-paulo

Mais de Casual

8 restaurantes brasileiros estão na lista estendida dos melhores da América Latina; veja ranking

Novos cardápios, cartas de drinques e restaurantes para aproveitar o feriado em São Paulo

A Burberry tem um plano para reverter queda de vendas de 20%. Entenda

Bernard Arnault transfere o filho Alexandre para a divisão de vinhos e destilados do grupo LVMH