Vinhos: consumi da bebida no Brasil cresceu nos últimos anos. (Photo by Rafa Elias/Getty Images)
Repórter de Lifestyle
Publicado em 4 de junho de 2024 às 13h06.
Última atualização em 4 de junho de 2024 às 13h14.
Falamos a mesma língua, fomos conectados por séculos e adoramos estar em uma boa mesa. Brasil e Portugal compartilham muito mais do que história. A relação entre os dois países tem muitos laços afetivos que se refletem também nos números de consumo de vinho.
Em 2023, a importação de rótulos lusitanos atingiu números recordes, refletindo uma tendência clara de preferência pelos vinhos portugueses. Agora, o Brasil ultrapassou os Estados Unidos, tornando-se o principal mercado das garrafas dos irmãos europeus – nesta conta não entram os vinhos do Porto.
De janeiro a dezembro do ano passado, o Brasil importou de Portugal 77 milhões de euros em vinhos, um crescimento de 8,7% em relação ao ano anterior. Em volume, o crescimento foi de 4%. Os números são da base de comércio global Comtrade e foram compilados, com exclusividade para a Casual EXAME, pela Vinhos Portugal, a agência de promoção dos rótulos lusitanos. Com esses valores, nos tornamos o principal destino do vinho de Portugal, superando até os Estados Unidos.
Frederico Falcão, presidente da Vinhos Portugal, avalia que diversos fatores justificam esse crescimento. "O consumo de vinho no Brasil cresceu muito durante a pandemia e permaneceu mais alto. Por outro lado, o mercado mundial retraiu, em especial na Europa e nos Estados Unidos por mudanças de hábito de consumo", explica.
De fato, o brasileiro nunca tomou tanto vinho, não só o português. A expectativa global é que o consumo de vinho caia 1% todos os anos até 2026, de acordo com a consultoria IWSR, especializada no mercado de bebidas. Aqui no Brasil, a situação é outra. O consumo médio per capita saiu de 1,8 litro em 2019 para 2,7 em 2022, e permanece nesse patamar.
O bom momento também vale para os vinhos de uma faixa mais premium. As bebidas de valor mais alto (aqui incluído não só vinho), devem ter um crescimento de 50% nas vendas nas Américas até 2026, segundo a consultoria IWSR. Apenas o segmento vinífero premium deverá crescer cerca de 16% na região.
Tentando traduzir esses números em produto, mais da metade dos vinhos portugueses consumidos pelos brasileiros é tinto. "Eu acredito muito no potencial do branco porque o Brasil tem um clima que casa muito bem, além da gastronomia", diz Frederico Falcão.
Para este ano, os portugueses querem voltar a ocupar o segundo lugar entre os vinhos estrangeiros mais consumidos no Brasil. Atualmente, estão na terceira posição, com 15% de mercado. A Argentina está logo acima, com 18%. Os chilenos reinam absolutos, com 35% de participação.