O bolovo do bar Rabo di Galo: caviar e frango no lugar de carne moída (Daniel Salles/Exame)
Ivan Padilla
Publicado em 23 de fevereiro de 2022 às 06h00.
Última atualização em 25 de fevereiro de 2022 às 12h02.
“Bolovo, não. Bolove”, me corrige Felipe Rodrigues, chef executivo dos quatro restaurantes do novíssimo e incensado hotel Rosewood, em São Paulo. Com acento agudo. “É um bolovo com amor.” No caso, trata-se de uma releitura do famoso quitute de boteco do bar Rabo di Galo, no complexo hoteleiro. E que chamou a atenção logo na abertura pelo preço: 135 reais.
O salgado leva uma fina camada de frango empanado em volta do ovo, em vez da tradicional cobertura grossa de carne moída, e ovas de caviar uruguaio Polanco por cima. A gema vem na consistência certa, molhada mas firme. O salgado desmancha na mão e realmente é delicioso.
Provei o “bolove” em um jantar nesta semana para convidados em que foram apresentados pratos dos quatro restaurantes em funcionamento no Rosewood - o Le Jardin, o Blaise, o Taráz e o Rabo di Galo. Entre os destaques no cardapio estavam a pizzeta de trufas, queijo de cabra e cebola caramelizada e o tartare de wagyu com emulsão de tutano.
O prato final foi um frango rôtissoire que parece feito por avó – isso se a avó em questão souber cozinhar como o Felipe Rodrigues. As entradas, como taco de pato com tucupi, foram preparadas pelo chef Felipe Bronze, acompanhadas do champagne Belle Époque da Perrier Jouet. Tudo preparado com excelência, o que justifica a longa fila de espera nos restaurantes do Rosewood, em torno de uma semana.
Mas a estrela do cardápio, o que todos queriam provar, era o bolovo com amor. E o comentário invariável é se o salgado vale realmente os 135 reais. Por curiosidade e a título de comparação, selecionamos alguns pratos dos restaurantes mais concorridos de São Paulo pelo mesmo preço.
Fígado saltado com cebola, sálvia e polenta cremosa, do Fasano. Fígado? Muita gente torce o nariz para os miúdos, mas este prato é um clássico da culinária veneziana e boa opção para quem não gosta de peixes e frutos do mar. Geralmente o fígado é de vitela. Na receita original, as cebolas, que trazem equilíbrio entre doce e salgado, são da cidade de Choggia. Preço: 125 reais
Magret de pato ao molho de tamarindo e mini legumes em manteiga de especiarias, do La Casserole. Há quem aponte o coq au vin como a especialidade deste mais do que clássico restaurante instalado há mais de 60 anos no Largo do Arouche, no aristocrático e decadente centro de São Paulo. Mas o delicioso magret de pato não fica atrás. Preço: 109 reais
Penne ao molho rosé com iscas de filet, da Famiglia Mancini. E por falar no centro de São Paulo... a Famiglia Mancini é destino certo para turistas e também para paulistanos. Na mesma rua estão outras casas com a marca de Walter Mancini, como a pizzaria de mesmo nome. A massa seca ao molho de tomate, creme de leite e parmesão com iscas de filé mignon é um prato sem erro. Preço: 125 reais
Bobó de Camarão com arroz jasmine de coco, do Carlota. A versão do famoso e abastado prato popularizado na Bahia ganha ar de sofisticação nas panelas da chef Carla Pernambuco, no amplo restaurante inaugurado por ela em 1995. Preço: 115 reais
Baccalá ala siciliana, do Piselli Jardins. Lombo de bacalhau com batatas, seleção de tomates sweet grape, azeitornas pretas, alcaparras, tudo salteado com azeite italiano. O filho de agricultores e ex-garçom do Fasano Juscelino Pereira firmou seu nome nos quatro restaurantes que levam o nome de ervilha em italiano. O bacalhau já virou um clássico da rede. Preço: 119 reais