Dianteira concentra principais mudanças no design do EcoSport (Ford/Divulgação)
Fernando Pivetti
Publicado em 26 de junho de 2017 às 11h57.
Última atualização em 26 de junho de 2017 às 11h59.
Nas ruas desde 2012, a segunda geração do Ford EcoSport conseguiu resistir razoavelmente à chegada de vários novos concorrentes. Apesar de Honda HR-V e Jeep Renegade terem assumido o primeiro e segundo lugar dos SUVs compactos, o Eco ainda vende bem – no acumulado de 2017, ele está em quarto lugar, atrás também do Hyundai Creta, mas à frente de Nissan Kicks e Renault Duster.
Para quem já foi líder absoluto, porém, a pretensão precisa ser maior. É aí que entra a renovação do modelo, que agora é global – vendido tanto na Europa como nos Estados Unidos, com mudanças pontuais em cada mercado.
Por fora, as principais mudanças estão concentradas na dianteira. Inspirado por Edge e Escape, tem grade em posição mais alta, nivelada com os faróis maiores e mais elaborados (agora com luzes diurnas de led, mais fortes que a antiga assinatura luminosa). Os faróis de neblina estão em nichos maiores juntos das luzes de seta.
A traseira não tem nada muito diferente: o estepe continua pendurado na tampa (diferente do que ocorre nos mercados europeu e americano), mas o para-choque está mais saliente. Além de absorver melhor os impactos, deixou o EcoSport mais proporcional visualmente.
A prioridade da Ford era mudar o interior. Na falta de um projeto novo, capaz de aumentar o entre-eixos de 2,52 m (o menor do segmento, diga-se), o EcoSport ganhou habitáculo mais refinado e bem construído, resolvendo em parte as principais críticas ao modelo.
O painel com elementos saltados e repletos de botões do antigo sistema de som deu lugar a um design com linhas mais coesas e toque emborrachado na parte superior. A parte inferior é bege para ampliar a sensação de espaço. O volante (que tem revestimento de couro macio em todas as versões) e o quadro de instrumentos com tela colorida de 4,2″ vieram do Focus.
Mas quem se sobressai é a central multimídia tela de 8″, que fica em destaque no painel, bem ao alcance do motorista. A interface é a Sync 3, mesma de Fusion e Focus, com bons comandos de voz e compatível com Android Auto e Apple CarPlay. Ela se comunica com as duas portas USB no console, ambas com 2 amperes – corrente suficiente para recarregar smartphones mais parrudos.
As saídas de ar centrais passaram a ser horizontais e ficam logo acima dos comandos do ar-condicionado – novos, com botões entre os dois seletores giratórios. O console central recebeu aplique que imita aço escovado e um porta objetos que, segundo a Ford, é ideal para smartphones.
Os bancos também mudaram. Se os antigos eram curtos, incapazes de sustentar as coxas dos ocupantes, os novos são maiores e com melhor sustentação da coluna. De quebra, o motorista ainda tem ajuste lombar a disposição e trilho mais longo para correr o banco. Mas isso não resolve a falta o espaço para as pernas de quem senta no banco traseiro: pelo contrário, o assento de trás mais longo só deixou isso mais evidente.
O porta-malas ficou um pouco menor: passou dos 362 l para 356 l. Foi em prol da versatilidade: agora seu assoalho funciona como um alçapão que pode ser posicionado em três niveis, criando um compartimento de até 52 l quando na posição mais alta. Assim, o porta-malas ficará plano quando os bancos traseiros estiverem rebatidos.
Nosso primeiro contato com o Ford EcoSport 2018 foi com a versão Titanium. Ela se mantém como versão topo de linha e única com motor 2.0. Mas motor e transmissão são diferentes dos utilizads no antigo Eco.
Do Focus veio o motor 2.0 Duratec DirectFlex. A vantagem está na injeção direta, que eleva a potência de 147 para 176 cv a 6.500 rpm e o torque de 19,7 para 22,5 mkgf a 4.500 rpm.
O Fusion contribuiu com o câmbio 6F25, um automático de seis marchas que também permitiu que as trocas sequenciais agora sejam feitas em borboletas atrás do volante e não mais em botões na alavanca. Este câmbio substitui o Powershift, de dupla embreagem e também com seis marchas, que ganhou má fama devido a defeitos em seus primeiros anos.
O casamento do novo conjunto mecânico é bom. O Eco embala como se estivesse mais leve (embora a realidade seja uma engorda de 59 kg, para 1.359 kg) e as marchas seguintes são convocadas sem trancos ou desacelerações. Mas por vezes o kickdown é feito para marchas muito baixas, o que passa a impressão de aspereza do motor.
Versões mais acessíveis, como as SE e Freestyle receberão o novo motor 1.5 de três cilindros criado especificamente para mercados emergentes, que entrega 137 cv e 16,2 mkgf. Ele estará disponível tanto com câmbio manual de cinco marchas, como com o novo automático de seis. De acordo com a Ford, o novo três cilindros estará em 80% dos EcoSport vendidos.
Por enquanto, a Ford divulgou apenas os itens de série do EcoSport Titanium, que recebeu bons reforços. A lista inclui sete airbags, faróis de xenônio, central Sync 3, câmera de ré, sensor de estacionamento, espelho fotocrômico, faróis com acendimento automático, sensor de chuva, partida sem chave, sensores de pontos cegos, alerta de tráfego cruzado, monitor de pressão dos pneus e até o teto solar, inédito por aqui (mas que já estava disponível lá fora).
A Ford diz que só divulgará os preços na segunda metade de julho. A promessa é posicionamento agressivo frente aos SUVs compactos. O Titanium mira em concorrentes com preços entre os R$ 93 mil e R$ 99 mil. No mínimo, precisará manter os preços entre os atuais R$ 94.700.
Este conteúdo foi originalmente publicado no site da Quatro Rodas.