A atriz Nicole Kidman: "minha atuação foi com amor" (Eric Gaillard/Reuters)
Da Redação
Publicado em 14 de maio de 2014 às 19h55.
Cannes - Luminosa e bela, a australiana Nicole Kidman se converteu nesta quarta-feira na estrela da abertura do Festival de Cannes com "Grace de Mônaco", que provocou a ira da família e também dos críticos reunidos no balneário do sul da França.
Kidman, que carrega nos ombros o filme do francês Olivier Dahan, exibido em Cannes fora de competição, tentou apaziguar a tempestade causada na família Grimaldi pelo filme, ao afirmar que a produção está cheia "de afeto e amor" e convidando-os a assistir o longa-metragem.
A família de Mônaco, que havia concordado com o roteiro, viu o trailer do longa-metragem - focado em seis meses da vida da ex-estrela de Hollywood Grace Kelly, que abandonou o cinema para se tornar esposa do príncipe Rainier III - e o classificou de farsa.
Em uma coletiva de imprensa no Palácio dos Festivais, após a primeira exibição do filme, Kidman expressou sua tristeza pela polêmica, reiterando que ele havia sido feito "com muito afeto".
"Sinto-me triste porque o filme não tem nenhuma maldade com a família ou com Grace", ressaltou a atriz.
"Mas se assistissem ao filme, veriam que há muito afeto em relação aos seus pais, e à história de amor entre os dois", declarou.
"E minha atuação foi com amor", acrescentou Kidman, horas antes de subir as escadas com a equipe do filme, entre eles a espanhola Paz Vega, que interpreta María Callas, que visitava Mônaco com o magnata grego Aristóteles Onassis, e o britânico Tim Roth, que dá vida a Rainier.
"Tive cinco meses para me preparar, e entrar lentamente em sua pele. Mas era muito importante não me sentir presa, e sim encontrar sua essência. Foi muito bonito", confessou a estrela.
Filme "não é histórico"
Tanto Kidman quanto Dahan ressaltaram na coletiva de imprensa que o filme "não é histórico", "não é uma biografia", mas que toma licenças poéticas sobre a história de Grace e Rainier III.
A família Grimaldi, que divulgou que não estará presente nesta quarta-feira na cerimônia de abertura do 67º Festival de Cannes, afirma que o conflito que o filme mostra entre o pequeno Estado e o presidente Charles de Gaulle em 1962 - em cujo contexto Grace rejeita um convite do grande Alfred Hitchcock para retornar às telas - não tem nada a ver com a realidade e que Dahan "desvirtuou a história para seus próprios fins comerciais".
Mas Dahan, que se tornou conhecido com o premiado "La vie en rose" sobre a cantora francesa Edith Piaf, respondeu às acusações ao afirmar que o que lhe interessava não eram os fatos históricos, mas "tocar o coração".
"Não quis contar fatos, mas tocar o coração, servindo-me da intuição para retratar o que Grace poderia fazer em tal ou tal situação", afirmou Dahan, antes de ressaltar que seu filme "não é um encadeamento de fatos históricos", embora o contexto seja verídico.
A expectativa criada pelo filme abriu passagem, no entanto, a uma certa desilusão por parte dos críticos de Cannes.
"É uma telenovela", resumiu uma jornalista italiana.
"Cannes começa com um filme biográfico real pior que "Diana"", afirma o jornal britânico The Guardian, ao mesmo tempo em que o Daily Telegraph o classifica de "melodrama idiota".
Já a publicação francesa Telerama considera o filme "à beira da tolice" e o Hollywood Reporter se pergunta "como é possível fazer um filme chato a partir de uma história tão cheia de fofocas?"
No entanto, apesar de seus defeitos, "Grace de Mônaco" atrai a Cannes algo que sempre seduz: dramas, estrelas cheias de glamour, luxo, escândalos e suntuosas festas.