O ator Kevin Spacey em foto de divulgação de "House of Cards", do Netflix: série foi indicada ao Emmy de melhor drama (Divulgação/Netflix)
Da Redação
Publicado em 10 de agosto de 2013 às 11h16.
Los Angeles - O sucesso do videoclube virtual e recente produtor de conteúdos originais Netflix ao receber 14 indicações do Emmy 2013 provocou diversas comparações entre a qualidade de seu material e a do canal HBO e questionamentos sobre o verdadeiro futuro da TV.
Tim Bajarin, presidente da Creative Strategies, empresa de análise de indústrias tecnológicas, afirmou no último número da revista "Time" que, independente de vitória ou derrota do Netflix na premiação do Emmy, que acontecerá no dia 22 de setembro, a empresa "já é vencedora".
"Isso porque sua aposta em criar programação com conteúdo original e seus acordos - o mais recente, com a DreamWorks - funcionaram", disse Bajarin sobre séries como "House of Cards" e "Hemlock Grave", criações do Netflix indicadas aos principais prêmios da televisão americana.
"House of Cards" foi a primeira produção realizada e distribuída exclusivamente de forma digital através da internet a receber indicação de melhor drama do ano no prestigiado Emmy, reduto tradicional das grandes cadeias generalistas e dos canais pagos.
"A aprovação de Hollywood permite ao Netflix competir com grandes potências do mundo da televisão a cabo, e, além disso, consolidar sua posição como líder em uma indústria de serviços que, eventualmente, mudarão a forma como a maioria de nós recebe conteúdos de televisão e vídeo no futuro", afirmou Bajarin.
O presidente da Creative Strategies insistiu que o Netflix pode dominar o mercado da televisão através dos computadores, iPads e telefones celulares, especialmente entre o público jovem, cada vez menos escravo da TV e dos horários de transmissão dos programas.
A empresa tem muito caminho pela frente para se transformar no novo HBO, canal criador de séries como "Game of Thrones", "Boardwalk Empire" e "The Newsroom", mas os primeiros passos já foram dados.
"O futuro da televisão, um lugar onde a TV a cabo não é a única resposta para os espectadores, está um pouco mais próximo", disse o analista do jornal "The New York Times" David Carr após saber das nove indicações de "House of Cards" ao Emmy.
Entre as indicações da série na 65º edição do prêmio, segundo anunciou a Academia da Televisão de EUA nesta sexta-feira, estão a de melhor ator (Kevin Spacey), melhor atriz (Robin Wright) e melhor diretor (David Fincher).
"O Netflix conquistou seu lugar no futuro. Ganhou pontos no quesito "programação" ao financiar seus criadores e separar-se da tomada de decisões, uma estratégia inventada e aperfeiçoada pelo HBO. Mas, levando em consideração que o HBO obteve 108 indicações, o Netflix tem muito que percorrer", comentou.
O que parece claro é que o triunfo histórico do Netflix nas indicações do Emmy criou uma discussão sobre a aceitação da indústria em relação aos novos padrões televisivos.
"Pode sinalizar também um primeiro passo em direção ao tipo de consolidação que foi lugar comum no passado", o que separa as empresas que querem ser peças-chave das "que saem de cena assim que recebem um golpe", escreveu Brian Lowry, especialista da revista "Variety".
Entre abril e junho, o Netflix registrou um aumento de 630 mil assinantes nos Estados Unidos. A empresa, cujas ações valorizaram 220% no último ano, tem 90 milhões de usuários no mundo todo, um terço deles apenas nos EUA.
A comédia "Arrested Development" e o thriller "Hemlock Grove", produções do Netflix, também foram indicados ao Emmy. As próximas edições do prêmio podem indicar também a aclamada "Orange Is The New Black", a recente aquisição de "Marco Polo", produzida por The Weinstein Company, e os títulos "Derek" e "Sense 8", de Ricky Gervais e dos irmãos Wachowski, respectivamente.