(Rafael Henrique/SOPA Images/LightRocket/Getty Images)
Guilherme Dearo
Publicado em 9 de março de 2020 às 16h50.
A Netflix vê a estreia da série de drama policial “Queen Sono” como a primeira de muitas originais na TV africana que darão acesso a uma maior fatia de um mercado ainda dominado pela transmissão via satélite.
A história de um agente secreto sul-africano que investiga a morte da mãe ativista será seguida por uma série de animação da Zâmbia, um thriller de mistério ambientado na Cidade do Cabo e de uma produção nigeriana ainda sem título. Todos foram encomendados por Dorothy Ghettuba, uma produtora queniana contratada pela Netflix no ano passado para buscar conteúdo no continente de mais de 1 bilhão de pessoas.
“Estamos mergulhando de cabeça quando se trata de África, não apenas mergulhando os pés”, disse Ghettuba em entrevista em Johanesburgo, antes da glamorosa estreia para marcar o lançamento de “Queen Sono” há uma semana. “Os africanos gostam de se ver na tela, e a África tem uma grande população que quer ver suas histórias representadas.”
Embora a Netflix já financie conteúdo produzido localmente em outras partes do mundo, o progresso na África tem sido mais lento. Só agora o continente começa a obter a velocidade de Internet e preços de dados acessíveis necessários para convencer espectadores a migrar da televisão tradicional a uma tarifa que viabiliza o investimento. A receita gerada na África por serviços de vídeo sob demanda de assinatura foi de US$ 183 milhões no ano passado, mas esse valor deve multiplicar por sete, para mais de US$ 1 bilhão até 2025, de acordo com relatório da Digital TV Research.
O principal rival da Netflix é o Showmax, controlado pela gigante sul-africana de TV paga MultiChoice, enquanto a Amazon.com tem pequena presença na região, segundo o relatório. O Disney+ deve ser lançado na África em 2022.
O Showmax já produz até 5 mil horas de conteúdo africano todos os anos com o objetivo de atrair clientes e está disponível como produto independente ou como extra pela assinatura de pacotes de TV premium da MultiChoice.
“O volume de conteúdo local assistido nos últimos oito meses aumentou cerca de 40%, então vimos um impacto real”, disse Niclas Ekdahl, diretor-presidente da divisão Connected Video da MultiChoice, que supervisiona o Showmax.