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Néstor Kirchner chega às telas dois anos após sua morte

Após a experiência de "Juan e Eva" (2011), a diretora do longa assegura que neste documentário tentou retratar Kirchner de "uma perspectiva histórica"


	Néstor Kirchner: na apresentação do filme, a produtora Paula de Luque qualificou o ex-presidente argentino como "polêmico e contundente"
 (Gety Images)

Néstor Kirchner: na apresentação do filme, a produtora Paula de Luque qualificou o ex-presidente argentino como "polêmico e contundente" (Gety Images)

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Da Redação

Publicado em 13 de novembro de 2012 às 06h19.

Buenos Aires - Dois anos depois da morte do ex-presidente argentino Néstor Kirchner (1950-2010), um documentário da produtora Paula de Luque leva sua vida à grande tela em uma produção que promete não passar desapercebida no país vizinho.

"Entendo que o filme possa ser polêmico, porque se trata de um personagem muito recente", disse Paula sobre "Néstor Kirchner, el documental", o documentário que relata a vida do ex-presidente e ex-marido da atual governante, Cristina Kirchner.

Após a experiência de "Juan e Eva" (2011), um filme de ficção sobre o três vezes presidente da Argentina, Juan Domingo Perón, e sua segunda mulher, Eva Duarte, "Evita", a diretora assegura que neste documentário tentou retratar Kirchner de "uma perspectiva histórica".

"Eu venho de fazer "Juan e Eva" e sou consente que, apesar de ser um movimento político muito vigente, foi uma história que aconteceu há muito tempo. A de "Néstor" é uma história que transcorreu há muito pouco tempo e está transcorrendo ainda", comentou.

Na apresentação do filme, a produtora qualificou o ex-presidente como "polêmico e contundente" com "um ponto dramático" e uma vida "muito polêmica e mística", e afirmou que é um documentário não direcionado exclusivamente aos admiradores de Kirchner.

Para o filme foram editadas mais de 600 horas de material audiovisual, cedido pela família Kirchner assim como por amigos ou pessoas que conheceram o ex-presidente.


O documentário é completado com entrevistas, como a realizada com Máximo Kirchner, que quebrou seu silêncio para uma breve aparição no documentário.

Em um fragmento deste depoimento, que foi "pirateado" segundo os produtores do documentário e já vazou na internet, o filho mais velho do casal presidencial relata como seu pai "se divertia" escondendo seus soldadinhos de brinquedo quando era pequeno.

No entanto, nem Cristina Kirchner nem a filha mais nova do casal, Florencia, oferecem seu testemunho no documentário, segundo a diretora, que revelou, no entanto, que contou com a colaboração da menina para fazer o filme.

"Tive reuniões informais com Florencia para saber coisas íntimas de seu pai", revelou Paula, acrescentando que a filha do ex-mandatário também participou da seleção do material audiovisual por ter estudado cinema na New York Film Academy.

"É um filme não somente para kirchneristas", insistiu a diretora, que não hesita em admitir sua admiração pelo ex-presidente.

O documentário foi produzido com um investimento de mais de 5 milhões de pesos (pouco mais de R$ 2 milhões) e estreará no próximo dia 22 em 120 salas da Argentina, o que supera qualquer previsão para um documentário e o põe à frente de todas as produções argentinas de 2012.

A concepção do projeto, que segundo os produtores Jorge Devoto e Fernando Navarro começou três meses depois da morte do ex-presidente, lhes levou primeiro a entrar em contato com o diretor uruguaio Adrián Caetano, mas sua proposta não convenceu e os dois acabaram encomendando o trabalho a Paula de Luque.

Embora o filme ainda não tenha fechado sua estreia fora da Argentina, a diretora explicou que realizou o filme pensando também em espectadores estrangeiros que não conhecem a figura de Néstor Kirchner.

"Pensei e realizei o filme colocando-me no olhar de alguém que não conheceu Néstor, não só como um estrangeiro, mas também como as novas gerações. Quem a vir encontrará a um militante, um pai de família, um homem que amou a sua mulher, que governou como ele era, muitas coisas", concluiu Paula.

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