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“Não precisamos de um relógio. Compramos por prazer”

Julien Tornare, o novo CEO da TAG Heuer, conta quais são as maiores qualidades de um relógio e a importância do mercado latino-americano para a marca

Julien Tornare, CEO da TAG Heuer: continuidade (TAG Heuer/Divulgação)

Julien Tornare, CEO da TAG Heuer: continuidade (TAG Heuer/Divulgação)

Ivan Padilla
Ivan Padilla

Editor de Casual e Especiais

Publicado em 6 de fevereiro de 2024 às 11h00.

Última atualização em 6 de fevereiro de 2024 às 14h51.

MIAMI. O executivo francês Julien Tornare participou de todas as edições da LVMH Watch Week desde seu início, em 2020. Mas até o ano passado como CEO da Zenith. No começo do ano ele assumiu o comando da TAG Heuer, depois que o executivo no comando, Frédéric Arnault, passou a chefiar toda a divisão de relógios do grupo.

Frédéric é filho de Bernard Arnault, principal acionista da LVMH e hoje o homem mais rico do mundo. Durante seu comando, de 2020 até agora, ele inovou a marca conhecida pela associação com o mundo automotivo com peças mais luxuosas e maiores complicações.

Tornare acha que o mais difícil já foi feito, isto é, o reposicionamento da marca, mas se mostra animado com as possibilidades daqui em diante. Entre os lançamentos da TAG Heuer na LVMH Watch Week, realizada em Miami entre os dias 28 de janeiro e 1 de fevereiro, estão novas versões do Solargraph, movido à luz solar, e o smartwatch Connected.

Acompanhe a entrevista feita durante a LVMH Watch Week.

A TAG Heuer tem passado por muitas mudanças nos últimos anos, com relógios com complicações mais sofisticadas, novos materiais, preços mais altos. Como é chegar na marca neste momento?

Acho ótimo porque o principal já foi feito, o reposicionamento já começou. Então, basicamente, meu trabalho será continuar. Como eu sempre digo, nunca devemos esquecer que a TAG Heuer tem uma longa história, desde 1860. Estamos aqui há um certo tempo, mas a marca continuará no futuro. Então precisamos trabalhar a longo prazo. Às vezes, você se junta a uma marca onde precisa refazer tudo. Às vezes, você se junta a uma dinâmica que já foi estabelecida. E é isso que estou fazendo agora. Acho que Frédéric e a equipe esclareceram muito a direção da marca. Temos outras coisas que serão apresentadas, é claro, nos próximos anos. Mas quero dizer que a direção é a certa.

Qual é o aspecto da Tag Heuer que mais impressiona a você, mais interessante, que você quer explorar e fazer crescer ainda mais?

A TAG Heuer no passado seguiu direções bastante diferentes às vezes. Como acabei de dizer, agora a direção certa está estabelecida. Mas é uma marca que tem um certo volume. Muitas marcas de relógios têm uma produção muito limitada. E o que eu amo na TAG Heuer é o tamanho dela. Não é porque você produz mais que não pode investir em qualidade, que não pode investir no nível de acabamento. E estou muito, muito feliz em ver o nível de acabamento, detalhes cuidadosos, e isso é algo muito importante para mim. O Frédéric, em nossas primeiras conversas, mencionou que eu adoraria a marca porque ela é toda voltada para o esporte, e eu sou um grande fã de esportes. É uma marca muito dinâmica, muito jovem em espírito. Então, ela mantém você jovem e enérgico. Um dos meus primeiros relógios foi um TAG Heuer. Não é uma história que estou contando para parecer legal. Quando comecei minha carreira, provavelmente em 1998, tive a oportunidade de comprar um Monaco, que infelizmente foi roubado.

"Falamos cada vez menos em gênero"

Quais são cinco principais qualidades de um relógio?

Eu mencionaria obviamente a qualidade, a confiabilidade. Quando eu digo confiabilidade, é sobre um relógio que você pode manter por um longo tempo e que permanecerá em bom estado. Em seguida, um ponto muito importante para mim, que às vezes foi esquecido no passado, é o conforto ergonômico. Gosto de colocar o relógio no pulso. Tem o obviamente o design. E aqui é mais sobre o que eu gosto e o que eu não gosto. Eu gosto de contar histórias. Eu estava falando com um dos seus colegas mais cedo, dizendo que, dos meus provavelmente 25, 30 relógios que tenho, de cada um deles posso contar uma história. E por último, mas não menos importante, é sobre emoção. Dos relógios que tenho, alguns me dão mais emoção do que outros. Você sabe, não precisamos de relógios. Compramos um relógio porque ele dá um prazer particular, uma emoção particular, e isso é todo o significado da nossa indústria.

Como a marca aborda as mulheres, como alcança o público feminino?

Pessoalmente, falo cada vez menos sobre gênero, porque acho que nossa missão é criar belos relógios de alta qualidade, alto acabamento, todas as coisas que já falamos. Que podem ser usados tanto por homens quanto por mulheres. E vemos nos últimos anos cada vez mais mulheres usando relógios grandes, e em alguns mercados é legal para um homem ter relógios pequenos e delicados. Há 20 anos, costumávamos dizer que relógios mecânicos ou de alta complicação eram para homens. E para as mulheres, você faz quartzo.

Qual o maior risco para a TAG Heuer?

Não podemos apenas repetir o passado. Esse seria o erro que às vezes acontece na indústria de relógios. Você tem tanto medo de mudar de onde vem que você replica o que já existe. Isso é um erro. É um trabalho difícil, mas se você fizer bem, consegue equilibrar o passado e reinventa o futuro.

Quem tem sido o cliente de modelos como o Connected e o Solargraph? É um cliente recorrente da TAG Heuer ou um novo cliente?

Acho que ambos. Conseguimos atrair novos clientes para a marca graças ao Connected. E também vendemos o Connected para clientes da TAG Heuer, sabe? Somos tradicionais, temos um passado, mas continuamos a avançar. É tudo sobre ser criativo e inovador. E isso é novamente parte da essência da marca. O Solagrap tem uma tecnologia fantástica. Honestamente, eu não sabia muito sobre isso até lançarmos o modelo, dois anos atrás. Aprendi muito sobre isso.

Qual a importância do mercado latino-americano para a TAG Heuer?

Quando fui aos seus mercados ainda estava trabalhando para outra marca. Mas estou muito animado para voltar agora pela TAG Heuer porque ouvi dizer que a marca é muito forte por lá. Os negócios estão bons, estão crescendo. E o que eu amo na sua região, e entendo que é por isso que a TAG Heuer está se saindo bem, é uma região em que as pessoas têm um bom conhecimento sobre relógios. As pessoas lá amam esporte, às vezes é quase uma religião em alguns países. A marca tem tudo para ser bem-sucedida na região.

  • O jornalista viajou a convite da LVMH Watch Week
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